Um novo estudo apontou que a elevação das temperaturas e o aumento dos níveis de poluição podem agir em conjunto para piorar a saúde cardíaca dos seres humanos.
Os resultados mostram que as altas temperaturas nos meses de verão em uma cidade dos Estados Unidos estão associadas à diminuição da variabilidade da frequência cardíaca – ou seja, quão regular é o tempo entre os batimentos cardíacos. Essa taxa é uma amostra de quão bem o coração está trabalhando. Estudos prévios têm vinculado a baixa variabilidade da frequência cardíaca a um maior risco de morte após um ataque cardíaco.
A temperatura tem mais chance de afetar a função cardiovascular quando os níveis de ozônio estão elevados, dizem os pesquisadores.
As conclusões são especialmente preocupantes pois se trata de um novo problema que o aquecimento global pode trazer à população.
Apesar de o ozônio na alta atmosfera proteger a Terra da radiação solar ultravioleta, na baixa atmosfera é um dos principais componentes do ”smog”, nuvem de poluição característica das grandes cidades, e age como um irritante pulmonar.
“Tendo em vista que o aquecimento global tende a aumentar tanto as ondas de calor quanto a formação de ozônio, tal interação pode ser importante para a saúde pública”, afirma Cizao Ren, cientista da Escola de Saúde Pública de Harvard.
O estudo envolveu 694 homens idosos (com idade média de 73 anos) que viviam em Boston. Os participantes tiveram sua variabilidade da frequência cardíaca medida pelo menos uma vez entre novembro de 2000 e dezembro de 2008. Os investigadores também analisaram dados de temperatura e poluição do ar das áreas vizinhas até 20 dias antes do exame dos participantes.
Os investigadores encontraram uma associação entre a temperatura e a variabilidade da frequência cardíaca na estação quente, mas não nos meses mais frios. Uma razão para isso pode ser que as pessoas tendem a ficar em casa nos meses de inverno, onde a temperatura é controlada frequentemente com aquecimento.
Estudos anteriores descobriram que as temperaturas mais elevadas podem aumentar o risco de morte por doença cardiovascular, e esse efeito é agravado pela poluição do ar. O novo estudo sugere, porém, que o problema pode estar acontecendo em um nível biológico.
A temperatura do ar e a quantidade de ozônio pode influenciar a maneira como o sistema nervoso automático (ou “autônomo”) funciona. Esse sistema é uma parte do sistema nervoso central, que ajuda o corpo a se adaptar ao seu ambiente, de acordo com a Associação Americana do Coração. O sistema regula as funções corporais, incluindo a atividade eléctrica do coração e o fluxo de ar para os pulmões. “A variabilidade da frequência cardíaca é um indicador da função do sistema nervoso autônomo”, explica Ren.
A poluição atmosférica pode causar problemas com reflexos nas vias aéreas para os pulmões. Além disso, as temperaturas mais elevadas podem tornar o corpo mais sensível a toxinas, como o ozônio.
Os pesquisadores, no entanto, ressaltam que o estudo envolveu homens idosos em apenas uma parte dos Estados Unidos. Os resultados obtidos podem não ser representativos para a população como um todo
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