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terça-feira, 23 de março de 2021

Por que cientistas querem criar peixes na Lua?

 



Uma equipe de cientistas franceses teve uma ideia que pode parecer absurda, mas faz sentido. Afinal, quando a ESA (Agência Espacial Europeia) construir sua Moon Village, uma base na Lua, o que os astronautas vão comer? Uma das opções do cardápio é: peixe fresco. O plano é bem básico. Levar ovos da Terra e usar água minerada da superfície lunar para que os animais possam se desenvolver. A estratégia ganhou mais chances de dar certo após pesquisadores descobrirem que embriões de peixes conseguem sobreviver durante o trajeto até o espaço. Por isso, não parece algo absurdo criar os animais por lá.

Para testar a ideia, cientistas da Universidade de Montpellier e do Ifremer (Instituto Francês de Pesquisa de Exploração do Mar) colocaram 200 ovos de badejo e de corvina em recipientes com água do mar. Depois, eles foram colocados dentro de instrumentos que recriaram a experiência de lançamento de um foguete (no caso, o russo Soyuz). A pesquisa foi publicada na revista Aquaculture International. Em uma viagem espacial, são dois minutos mais extremos, da explosão dos motores, e mais oito de forças intensas, durante a subida da nave. Por isso, os ovos passaram por dois testes: primeiro, foram balançados em um "shaker" orbital (para simular a subida); na sequência, sofreram vibrações.


De acordo com a equipe, os ovos foram expostos a muito mais forças do que em qualquer viagem espacial. E o resultado foi melhor que o esperado: 76% dos badejos e 95% das corvinas eclodiram após os testes de resistência. Esses números são comparáveis ao aproveitamento de ovos em situações normais aqui na Terra. No grupo de controle, 82% dos badejos e 92% das corvinas tiveram sucesso. "Isso foi insano", disse o autor principal, Cyrille Przybyla. "O ambiente foi muito duro com esses ovos."

De acordo com o estudo, foram escolhidos embriões e não peixes adultos devido à maior resistência deles — peixes precisariam de muito mais cuidados para sobreviver em um foguete. Considerando o processo evolutivo, os ovos precisaram "aprender" a vencer as adversidades dos ambientes aquáticos, como fortes correntezas, ondas e impactos com superfícies duras. Logo, podemos dizer que eles já são naturalmente prontos para o espaço. E há espécies com ovos mais ou menos fortes.

Por isso, a primeira etapa da pesquisa foi selecionar o peixe. Foram priorizados aqueles com menor necessidade de oxigênio, pouca liberação de dióxido de carbono, breve período de incubação, tolerância a níveis variáveis de salinidade e resistência a partículas carregadas — a radiação no espaço é maior que na Terra. Entre cem candidatos, chegaram ao badejo e à corvina no fim.

Objeto luminoso que cruzou céu brasileiro é pedaço de foguete de 1992

 


Na noite de terça-feira (16), um estranho objeto luminoso foi visto cruzando os céus de algumas cidades brasileiras, surpreendendo moradores de Belém e de pelo menos outros quatro municípios do Pará. Astrônomos dizem que foi a reentrada de um lixo espacial, mais especificamente parte de um foguete lançado em 1992.

Ao notar o fenômeno, diversas pessoas começaram a compartilhar imagens impressionantes nas redes sociais. Ao que tudo indica, boa parte do objeto se desintegrou sobre a região metropolitana de Belém.

Meteorito tão antigo quanto sistema solar pode dar pistas sobre formação da Terra

Um grupo de cientistas identificou um meteorito como o mais antigo de origem vulcânica, procedente de um protoplaneta que apareceu no primeiro milhão de anos do nosso sistema solar. O meteorito Erg Chech 002 fez uma longa viagem desde sua cristalização há 4,565 bilhões de anos, antes de pousar, "graças ao acaso das órbitas", no sul da Argélia há "menos de 100 anos", afirmou o geoquímico Jean-Alix Barrat, da Universidade de Brest.

Barrat publicou um estudo recentemente, na revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, dedicado ao objeto encontrado em maio de 2020 por caçadores de meteoritos em Adrar, uma área do Saara. Oficialmente, são 43 fragmentos, os maiores deles do tamanho de "um punho", relata à AFP. A rocha, de aspecto esverdeado quando cortado e com uma superfície marrom, é uma testemunha "excepcional" da formação de protoplanetas, os embriões de planetas que precederam o surgimento dos que integram o nosso sistema solar.

rocha, de aspecto esverdeado quando cortado e com uma superfície marrom, é uma testemunha "excepcional" da formação de protoplanetas, os embriões de planetas que precederam o surgimento dos que integram o nosso sistema solar.



Com NFT, casa que só existe no formato digital é vendida por R$ 2,75 mi

 



Imagine comprar uma casa virtual, onde você não pode morar, e pagar bem caro por ela. A ideia pode parecer maluca, mas foi isso que ocorreu recentemente com a aquisição da Mars House (Casa de Marte, na tradução literal), que foi vendida por 288 Ether, uma espécie de criptomoeda semelhante ao Bitcoin, que na conversão daria US$ 500 mil (R$ 2,75 milhões, na cotação atual). A operação foi feita via NFT, uma espécie de "contrato inteligente" que vem chamando a atenção pelas somas milionárias para comprar esse tipo de ativo.

A casa digital pode ser experimentada em realidade virtual, segundo Krista Kim. Em entrevista à revista "Deezen", a arquiteta afirmou que o projeto poderá ser sobreposto ao mundo real para criar um ambiente de realidade aumentada por meio de aplicativos como o SuperWorld no futuro. "Em breve, todos viveremos em RA (realidade aumentada) em nossos ambientes reais usando o SuperWorld, um novo aplicativo que mapeou o mundo inteiro para a interface de RA. Imóveis virtuais baseados no mundo real podem ser adquiridos no SuperWorld e, em um futuro muito próximo, este aplicativo nos permitirá desenvolver NFTs 3D e criar um mercado de ativos realidade aumentada digital", afirmou à revista.

Por que planetas da Via Láctea podem ter mais água do que pensávamos

 


O nosso planeta é chamado Terra, mas bem que poderia se chamar água, porque o líquido cobre cerca de 70% da superfície dele. Mas não somos os diferentões do Universo nesse quesito. Um estudo publicado na revista Science Advances sugere que o elemento também existe em outros planetas da Via Láctea, e em maior quantidade do que se supunha. "É certamente possível que planetas que circundam outras estrelas possuam oceano", afirma a Tilt o professor Anders Johansen, do Centro de Formação de Planetas e Estrelas do Globe Institute, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, que liderou o estudo.

De acordo com a pesquisa, a água já estava presente na formação da Terra desde o seu início, e o mesmo teria ocorrido com Vênus e Marte. Isso pode ter se repetido com diversos exoplanetas —mundos que circundam outras estrelas que não o Sol— desde que estejam na chamada zona habitável, na qual a distância da estrela permite temperaturas nas quais a água pode se manter em estado líquido ou sólido

A nova teoria sugere ainda que os seixos forneceriam uma quantidade fixa de água aos planetas, diferente do que diz a teoria clássica da formação dos planetas, segundo a qual a água teria surgido na Terra em razão de impactos de asteroides e cometas. "Esses impactos (de asteroides e cometas) seriam muito aleatórios e a quantidade de água poderia então variar de basicamente nada a 10-100 vezes mais do que na Terra. Os seixos, por outro lado, sempre entregam uma quantidade semelhante à da Terra", afirma Johansen.

Elon Musk diz que SpaceX vai pousar foguetes em Marte bem antes de 2030



A SpaceX vai pousar seus foguetes Starship em Marte bem antes de 2030, disse nesta terça-feira o bilionário controlador da companhia e da montadora de carros elétricos Tesla, Elon Musk. A SpaceX levantou cerca de 850 milhões de dólares em financiamento em fevereiro, apesar do foguete protótipo da empresa ter explodido durante aterrissagem após um teste de lançamento de alta altitude.

O protótipo SN9 era um modelo de teste do foguete que está sendo desenvolvido pela SpaceX. O veículo está sendo projetado para transportar humanos e 100 toneladas de carga para missões à Lua e a Marte. Musk afirmou nesta terça-feira que o marco "realmente difícil será tornar a base em Marte autosuficiente". Um primeiro voo orbital do foguete está previsto para o fim deste ano. Musk tem afirmado que pretende levar o bilionário japonês Yusaku Maezawa ao redor da Lua no Starship em 2023.

Elon Musk mostra primeira imagem do Super Heavy, seu mais novo megafoguete

 


Elon Musk mostra primeira imagem do Super Heavy, seu mais novo megafoguete Foguete Super Heavy, da SpaceX Imagem: Twitter @elonmusk/Divulgação Marcella Duarte Colaboração para Tilt 20/03/2021 12h38 O bilionário Elon Musk postou, no Twitter, a primeira imagem real do foguete Super Heavy, da sua empresa espacial SpaceX. A foto foi tirada na quinta-feira (18), na base de testes da empresa em Boca Chica, no Texas (EUA). Este primeiro protótipo, batizado de BN1 (Booster Number 1), tem 70 metros de altura —repare na pessoa trabalhando em cima da grua, para ter uma noção de perspectiva. Mais de 30 anéis de aço compõem sua estrutura.







Faxina no espaço: Missão japonesa vai limpar órbita da Terra usando ímãs

 Foguete com "caminhão do lixo" espacial foi lançado pela Astroscale - Reprodução/YouTube

O espaço também sofre com problemas de falta de limpeza. Estima-se que 9.000 toneladas de lixo espacial, em milhões de pedaços, orbitam a Terra. Para ajudar a colocar ordem por lá, uma missão espacial japonesa vai tentar recolher os detritos com a ajuda de ímãs. A tecnologia, chamada ELSA-d, foi desenvolvida pela Astroscale, empresa com sede no Japão. A estrutura é a primeira apresentada para a função e envolve dois satélites: um chamado de servidor e outro, de cliente. Eles foram lançados juntos em um foguete diretamente do Cazaquistão no domingo (21), mas vão trabalhar separados.

No espaço, o cliente terá a função de buscar os detritos. Quando achar, o servidor vai encontrá-lo por meio de seus sensores e se acoplar pelo encaixe magnético. Depois, o cliente será liberado para voltar a recolher mais lixo espacial. A expectativa é que o ELSA-d opere por seis meses. No final, os dois satélites serão rebaixados juntos novamente para a atmosfera da Terra e queimados com o lixo. 

O monitoramento será realizado por um centro de controle localizado em Harwell, no Reino Unido. O lançamento da missão foi transmitido em tempo real no YouTube.

Descobriram o tamanho do núcleo de Marte, e é maior do que o previsto

 

Sonda InSight - Reprodução/NASA

A missão Insight, que foi enviada pela Nasa para Marte em 2018, conseguiu medir o raio do núcleo do planeta. É a primeira vez que o raio de um planeta é medido além da Terra.

 Segundo a "Nature", o tamanho do núcleo de Marte foi obtido ouvindo a energia sísmica que vem do interior do planeta. A novidade é que o interior de Marte é maior do que se pensava. Segundo os dados da Insight, a medição sugere que o raio do núcleo marciano é de 1.810 a 1.860 quilômetros, o que daria aproximadamente metade do da Terra, que tem cerca de 4.620 quilômetros no total (incluindo núcleo interno e externo). A nova informação foi apresentada na Conferência de Ciência Lunar e Planetária (LPSC, na sigla.em inglês), em Houston (EUA), na quarta-feira (18) 

A nova medida é maior do que apontavam estimativas anteriores, e de acordo com a publicação, pode significar que o núcleo de Marte também seria menos denso que o esperado. Daí o núcleo, por conta disso, deve conter elementos mais leves, como oxigênio, ferro e enxofre.

Pontinho de luz: Asteroide passa "perto" da Terra... e cientistas comemoram

 Gianluca Masi/Twitter

Ele foi observado apenas como um ponto na lente de um telescópio, mas o maior asteroide a se aproximar da Terra em 2021 passou no domingo (21) a quase dois milhões de quilômetros de distância do nosso planeta, em uma trajetória que não implicava risco de colisão. "Oh, sim, amigos! Veem este ponto de luz? Este ponto de luz é o asteroide", afirmou nesta segunda-feira o astrofísico Gianluca Masi do "Virtual Telescope Project", com sede na Itália, que acompanhou a rocha com suas lentes após sua aproximação.



Bactérias descobertas na ISS podem ajudar no cultivo de plantas em Marte

 Três novas cepas de bactérias encontradas na Estação Espacial Internacional (ISS) podem ajudar no cultivo de plantas e alimentos em Marte. O estudo foi realizado pela Nasa em parceria com pesquisadores indianos e norte-americanos, e publicado no último dia 15 na revista Frontiers in Microbiology. Segundo o documento, os cientistas acreditam que as bactérias podem ajudar as plantas a se desenvolver em ambientes extremos. Isso porque, teriam "determinantes genéticos biotecnologicamente úteis" para o cultivo.

Imagem da superfície de Marte feita pela sonda Perseverance - Reprodução/Nasa

Descoberto buraco negro em movimento

 

 O buraco negro supermassivo no centro da galáxia J0437+2456 está se movendo dentro da galáxia.[Imagem: SDSS]

Movimento relativo 

Nada no espaço fica parado, então pode parecer estranho que os astrônomos estejam comemorando a identificação de um buraco negro se movendo. De fato, os cientistas há muito teorizam que buracos negros supermassivos podem vagar pelo espaço - mas achar um deles era uma tarefa ainda por ser feita. 

"Não esperamos que a maioria dos buracos negros supermassivos se movam; eles geralmente se contentam em ficar parados," disse Dominic Pesce, astrônomo do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian. "Eles são tão pesados que é difícil colocá-los em movimento. Considere como é muito mais difícil chutar uma bola de boliche do que chutar uma bola de futebol - percebendo que, neste caso, a 'bola de boliche' tem vários milhões de vezes a massa do nosso Sol. Isso vai exigir um chute bem poderoso." 

É claro que, ao falarmos de movimento, precisamos ser bem claros sobre a "relatividade" do conceito neste caso em particular: Os astrônomos estão se referindo a um movimento em relação ao centro da galáxia onde os buracos negros supermassivos normalmente residem, observando placidamente toda a galáxia girar em torno dele próprio. 

"Nós nos perguntamos: As velocidades dos buracos negros são iguais às velocidades das galáxias em que residem? Esperamos que tenham a mesma velocidade. Do contrário, isso significa que o buraco negro foi perturbado," detalhou Pesce. 

Radiação maser 

Surpreendentemente, a equipe não precisou procurar muito, encontrando um buraco negro "deslocado" depois de rastrear apenas 10 galáxias. 

Eles estudaram especificamente buracos negros que contêm água em seus discos de acreção, as estruturas espirais que giram para dentro em direção ao buraco negro. Conforme a água orbita ao redor do buraco negro, ela produz um feixe de ondas de rádio semelhante a um laser, conhecido como maser, uma radiação semelhante ao laser, mas na forma de micro-ondas. 

Quando estudado com uma rede combinada de antenas de rádio, usando uma técnica conhecida como interferometria de linha de base muito longa (VLBI), os masers podem ajudar a medir a velocidade de um buraco negro com muita precisão. 

Buraco negro em movimento 

Nove dos dez buracos negros supermassivos estudados estavam em repouso - mas o morador do centro da galáxia J0437+2456 parecia estar em movimento. Observações adicionais, com os radiotelescópios Arecibo e Gemini, confirmaram que o buraco negro, com uma massa três milhões de vezes a do Sol, está se movendo a uma velocidade de 176.000 km/h no interior da galáxia. 

O que está empurrando esse monstro ninguém sabe, mas a equipe tem uma hipótese. 

"Apesar de todas as expectativas de que eles [buracos negros em movimento] realmente deveriam estar aí fora em número razoável, os cientistas tiveram dificuldade em identificar exemplos claros de buracos negros supermassivos binários," disse Pesce. "O que poderíamos estar vendo na galáxia J0437+2456 é um dos buracos negros em um par assim, com o outro permanecendo oculto para nossas observações de rádio por causa de sua falta de emissão de radiação."

Fonte: Inovação Tecnológica

Novo tipo de explosão no espaço revela o nascimento de um buraco negro

  Uma explosão semelhante a uma supernova apelidada de Camel parece ser o resultado de um buraco negro recém-nascido comendo uma estrela de dentro para fora.

Astrônomos, em 2018, ficaram chocados ao encontrar uma explosão bizarra em uma galáxia a 200 milhões de anos-luz de distância. Não era como qualquer supernova normal vista até então, era mais breve e mais brilhante. O evento recebeu uma designação oficial, AT2018cow, mas logo ganhou um apelido: a Vaca. 

O evento de curta duração — conhecido como transiente — desafiava explicações. Alguns pensaram que poderia ser uma estrela sendo dilacerada por um buraco negro próximo, mas outros preferiam um cenário de “supernova falida”, onde um buraco negro literalmente come uma estrela de dentro para fora. Para saber com certeza, eles precisavam encontrar mais eventos parecidos com Vacas. 

Mais de dois anos depois, eles encontraram um. 

A partir de 12 de outubro de 2020, os telescópios observaram algo assim em uma galáxia a 3 bilhões de anos-luz de distância que tornou-se incrivelmente brilhante e depois desapareceu. O comportamento foi quase idêntico ao da Vaca, relataram astrônomos em um artigo publicado no site de pré-impressão online arXiv.org na semana passada, levando a conclusão que deve ser o mesmo tipo de evento. Seguindo a tradição, ele recebeu seu próprio nome inspirado em animais: o Camelo. 

“É realmente emocionante”, disse Deanne Coppejans, astrofísica da Northwestern University. “A descoberta de um novo transiente como o AT2018cow mostra que ele não é totalmente incomum. É um novo tipo de transiente que estamos analisando.” 

A vaca foi uma total surpresa, e os astrônomos não tinham certeza do que estavam vendo quando surgiu. O Camelo, em contraste, era como um ladrão acionando um novo sistema de alarme. “Fomos capazes de perceber o que ele era poucos dias depois de explodir”, disse Daniel Perley, astrofísico da Liverpool John Moores University que liderou o novo estudo. “E temos muitos dados de acompanhamento.” 

Quatro dias depois, a equipe usou telescópios nas Ilhas Canárias e no Havaí para obter dados vitais sobre suas propriedades. Posteriormente, eles enviaram um alerta para outros astrônomos em um serviço chamado Astronomer’s Telegram. 

O evento recebeu duas designações. Um, AT2020xnd, veio de um catálogo global de todos os transientes, e o outro, ZTF20acigmel, veio do Zwicky Transient Facility, o telescópio onde foi descoberto. A equipe transformou o último em seu apelido “Camelo”. 

Como seu antecessor, o Camelo mostrou brilho extremo em pouco tempo, atingindo seu pico em dois ou três dias. Ele ficou cerca de 100 vezes mais brilhante do que qualquer tipo normal de supernova. Em seguida, escureceu rapidamente em um processo que durou apenas alguns dias, em vez de semanas. “Ele desaparece muito rápido e, ao mesmo tempo, permanece quente”, disse Perley. 

Antes dessa descoberta, os astrônomos vasculharam os dados históricos para encontrar dois eventos semelhantes à Vaca, o “Coala” e o CSS161010 , mas o Camelo é o primeiro a ser observado em tempo real e, portanto, estudado em detalhes desde a vaca. 

Os quatro eventos têm propriedades semelhantes. Eles ficam brilhantes rapidamente, depois apagam rapidamente. Eles também são quentes, o que os faz parecerem azuis. Mas esses “transientes óticos azuis rápidos” não são idênticos. 

“A própria explosão e o tipo de comportamento após a morte do zumbi são bastante semelhantes”, disse Anna Ho, uma astrofísica da Universidade da Califórnia em Berkeley, que descobriu o Coala e fez parte da equipe de descoberta do Camelo. Todos os eventos parecem ser algum tipo de explosão de uma estrela que colide com gás e poeira próximos. “Mas o estágio de colisão em que você vê a explosão colidir com o material no ambiente, mostrou alguma variação na quantidade de material espalhado e na velocidade em que a onda de choque da explosão está atingindo o material.” 

A ideia principal no momento é a hipótese da supernova falida. O processo começa quando uma estrela massiva com cerca de 20 vezes a massa do nosso Sol chega ao fim de sua vida e esgota seu combustível. Seu núcleo então entra em colapso , começando o que normalmente seria uma supernova comum, onde o material em queda para o interno da estrela é expulso para fora, deixando para trás um objeto denso chamado estrela de nêutrons. 

Mas em casos como o Camelo e a Vaca, “algo incomum acontece no processo de colapso do núcleo”, disse Perley. “O que afirmamos é que, em vez de se transformar em uma estrela de nêutrons, ela entrou em colapso [se transformando] direto em um buraco negro, e a maior parte da estrela caiu no buraco negro.” 

Conforme o buraco negro devora as camadas externas da estrela, ele começa a girar rapidamente, produzindo jatos poderosos emotidos dos pólos. Nós vimos a explosão de luz causada pelos jatos conforme eles rompem as camadas externas. 

Outras ideias também foram propostas, como um evento onde um buraco negro de massa intermediária estraçalha o material de uma estrela em órbita, mas essa ideia não é amplamente aceita. “Foi uma ideia exótica”, disse Brian Metzger, astrofísico teórico da Universidade de Columbia. “Estou menos inclinado a acreditar em coisas mais exóticas.” 

O que é empolgante sobre o Camelo é que os astrônomos foram capazes de coletar rapidamente mais dados, incluindo dados de rádio e raios-x. Isso pode ser muito útil para descobrir as causas desses eventos, disse Stephen Smartt, astrônomo da Queen’s University Belfast que foi o primeiro a avistar a Vaca em 2018. 

“Os dados que temos [do Camelo] quase imitam o objeto de 2018”, disse ele. “Isso nos dá alguma confiança de que poderíamos encontrar [mais desses] objetos e descobrir o que eles podem ser.” 

Ho disse que agora isso deve ser possível, graças às melhorias nas técnicas de observação que tornam esses eventos mais fáceis de detectar. “Inicialmente, estávamos apenas procurando eventos que se iluminaram muito rapidamente”, disse ela. “Desde então, aprendemos que objetos parecidos com Vacas não só brilham muito rapidamente, mas também apagam muito rapidamente.” 

A esperança agora é que mais desses objetos surjam, para que possam ser estudados com mais detalhes. “É um exemplo de como, quando observamos o céu, encontramos coisas totalmente inesperadas”, disse Ho.

Fonte: Wired

Magnetar SGR J1935 + 2154 investigado em detalhes

 

 Usando várias instalações em Terra, no mundo todo, uma equipe internacional de astrônomos realizou observações de longo prazo em múltiplas frequências de ondas de rádio de uma magnetar galáctica conhecida como SGR J1935+2154. Os resultados da campanha observacional, trazem ideias sobre as propriedades da emissão de rádio dessa fonte.

As magnetars são estrelas de nêutrons com campos magnéticos extremamente fortes, quatrilhões de vezes mais intenso do que o campo magnético do nosso planeta. O decaimento do campo magnético em magnetars gera emissões de radiação eletromagnéticas de alta energia, como por exemplo, na forma de raios-X e ondas de rádio. 

O Soft Gamma-ray Repeater (SGR) J1935+2154 foi inicialmente detectado  pelo Burst Alert Telescope a bordo da sonda Swift da NASA, como uma rajada de raios-X em julho de 2014. Observações subsequentes dessa fonte permitiram os astrônomos classificar esse objeto como uma magnetar e eles descobriram que a fonte se tornou ativa novamente em abril de 2020, quando ela exibiu múltiplas rajadas. 

Em 28 de abril de 2020, uma explosão de rádio muito brilhante do SGR J1935 + 2154 foi identificada e acabou sendo mais brilhante do que qualquer explosão de rádio vista de qualquer fonte galáctica até o momento. Além disso, a energia correspondente dessa explosão foi estimada entre uma e duas ordens de magnitude menor do que a energia equivalente para as chamadas FRBs mais fracas, ou rajadas rápidas em ondas de rádio. 

As FRBs são rajadas intensas de emissão de rádio que duram milissegundos e exibem a varredura de dispersão característica dos pulsares de rádio. A natureza física dessas rajadas é desconhecida e os astrônomos consideraram uma variedade de explicações, incluindo a emissão do maser síncrotron de jovens magnetares em remanescentes de supernova entre outras. 

Para verificar se SGR J1935 + 2154 e outros magnetares poderiam ser a origem dos FRBs, um grupo de pesquisadores liderado por Benjamin Stappers, da Universidade de Manchester, conduziu observações em múltiplas frequências de rádio desta magnetar. Para tanto, utilizaram instalações como o Observatório de Arecibo, o telescópio Low Frequency Array (LOFAR). “As magnetares são candidatas promissoras para a origem das FRBs. 

A detecção de uma explosão de rádio extremamente luminosa da magnetar galáctica SGR J1935 + 2154 em 28 de abril de 2020 acrescentou credibilidade a esta hipótese. Reportamos sobre campanhas de observação simultâneas e não simultâneas usando o Arecibo, LOFAR, MeerKAT, MK2 e radiotelescópios Northern Cross e o telescópio óptico MeerLICHT nos dias e meses após o evento de 28 de abril “, escreveu a equipe no jornal.

De acordo com a pesquisa, a faixa de energias de pulso em que a emissão de pulso único foi detectada do SGR J1935 + 2154 e as escalas de tempo aparentemente breves indicam que a fonte é excepcionalmente variável. Os astrônomos acrescentaram que essa variabilidade é relativamente alta quando comparada a outras magnetars da Via Láctea. 

As observações falharam em detectar qualquer pulso de rádio único significativo até os limites entre 25 mJy ms e 18 Jy ms. Além disso, nenhuma emissão persistente ou transitória semelhante a um ponto foi identificada na localização da magnetar, e também nenhuma emissão óptica foi detectada durante a campanha de observação. 

O objeto SGR J1935 + 2154 tem uma medida de dispersão (DM) de cerca de 333 pc / cm3 e é estimado estar localizado provavelmente a cerca de 21.000 anos-luz de distância. Levando em consideração esses parâmetros, juntamente com as descobertas sobre a emissão do SGR J1935 + 2154, os astrônomos tiram conclusões sobre a possível ligação desta magnetar com FRBs. 

“As observações ópticas do campo combinadas com o DM da magnetar nos permitiram obter uma estimativa de distância para a magnetar, que suporta uma distância mais próxima. Isso sugere que a explosão semelhante a FRB pode ser um fator de dois ou mais menos luminoso do que se pensava anteriormente e, portanto, cerca de duas ordens de magnitude mais fraca do que o menos luminoso dos pulsos de uma FRB extragaláctica conhecida”, concluíram os pesquisadores. 

Fonte: phys.org

Lente Cósmica Revela Rádio Galáxia Extremamente Apagada

 

Crédito: Heywood et al .; Sophia Dagnello, NRAO / AUI / NSF; STScI.

Os radiotelescópios são os receptores de ondas de rádio mais sensíveis do mundo, capazes de encontrar emissões extremamente apagadas de rádio vindas de objetos nos locais mais distantes do universo. Recentemente, uma equipe de astrônomos, usou o Karl G. Jansky Very Large Array, da National Science Foundation para dar uma mão para a natureza e assim detectar uma galáxia distante que provavelmente é o objeto mais apagado em emissões de ondas de rádio, já encontrado. 

A descoberta faz parte do projeto conhecido como VLA Frontier Fields Legacy Survey, liderado pelo astrônomo no NRSO Eric Murphy, que usou distintos aglomerados de galáxias como lentes naturais para estudar objetos cada vez mais distantes no universo. Os aglomerados servem como lentes gravitacionais, usando a força gravitacional das galáxias nos aglomerados para distorcer e amplificar a luz e as ondas de rádio vindas de objetos mais distantes.  

A imagem apresentada aqui é uma composição, onde a imagem obtida com ondas de rádio pelo VLA foi sobreposta a uma imagem na luz visível obtida pelo Telescópio Espacial Hubble. Os proeminentes objetos que aparecem em vermelho e laranja na imagem são as chamadas relíquias de rádio, grandes estruturas possivelmente causadas por ondas de choque, dentro do aglomerado de galáxias, chamado de MACSJ0717.5+3745, que está a mais de 5 bilhões de anos-luz de distância da Terra. 

Observações detalhadas feitas com o VLA mostraram que muitas das galáxias nessa imagem estão emitindo ondas de rádio além da luz visível. Os dados do VLA revelam que uma dessas galáxias, está a mais de 8 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Sua luz e as ondas de rádio, foram distorcidas pelo efeito de lente gravitacional do aglomerado. 

A imagem em ondas de rádio dessa galáxia distante, chamada de VLAHFF-J071736.66+374506.4, foi ampliada mais de 6 vezes pela lente gravitacional, disseram os astrônomos. Essa ampliação é o que permite que o VLA a detecte. 

“Esse provavelmente é o objeto mais apagado em emissão de ondas de rádio já detectado”, disse Ian Heywood, da Universidade de Oxford no Reino Unido.  “Isso é exatamente porque nós queremos usar esses aglomerados de galáxias como poderosas lentes cósmicas para aprender mais sobre os objetos atrás deles”. 

“A ampliação fornecida pela lente gravitacional, combinada com a extrema sensibilidade do VLA, nos dá uma visão sem precedente da estrutura da galáxias 300 vezes menos massiva do que a Via Láctea, no momento em que o universo tinha menos da metade da sua idade atual. Isso nos dá também uma valiosa ideia sobre a formação de estrelas nessas galáxias de pouca massa naquele momento e como elas eventualmente se formaram em galáxias mais massivas”, disse Eric Jimenez-Andrade do NRAO.

Fonte: Space Today

Hubble vê uma nova atmosfera se formando em um exoplaneta rochoso

 

 Esta imagem é uma impressão artística do exoplaneta GJ 1132 b.

Pela primeira vez, cientistas usando o telescópio espacial Hubble da NASA / ESA encontraram evidências de atividade vulcânica reformando a atmosfera em um planeta rochoso ao redor de uma estrela distante. O planeta, GJ 1132 b, tem densidade, tamanho e idade semelhantes aos da Terra. 

O planeta GJ 1132 b parece ter começado a vida como um mundo gasoso com uma espessa manta de atmosfera. Começando em várias vezes o raio da Terra, este chamado “ sub-Netuno ” rapidamente perdeu sua atmosfera primordial de hidrogênio e hélio, que foi arrancada pela intensa radiação de sua jovem estrela quente. Em um curto período de tempo, foi reduzido a um núcleo vazio do tamanho da Terra. 

Para a surpresa dos astrônomos, novas observações do Hubble descobriram uma atmosfera secundária que substituiu a primeira atmosfera do planeta. É rico em hidrogênio, cianeto de hidrogênio, metano e amônia, e também possui uma névoa de hidrocarbonetos. Os astrônomos teorizam que o hidrogênio da atmosfera original foi absorvido pelo manto de magma derretido do planeta e agora está sendo lentamente liberado pelo vulcanismo para formar uma nova atmosfera. Esta segunda atmosfera, que continua a vazar para o espaço, está continuamente sendo reabastecida do reservatório de hidrogênio no magma do manto. 

“ Esta segunda atmosfera vem da superfície e do interior do planeta e, portanto, é uma janela para a geologia de outro mundo ” , explicou o membro da equipe Paul Rimmer, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. “ É preciso muito mais trabalho para olhar bem através dela, mas a descoberta desta janela é de grande importância. ” 

“A princípio pensamos que esses planetas altamente irradiados seriam muito enfadonhos porque acreditamos que eles perderiam suas atmosferas ” , disse Raissa Estrela, do Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, Califórnia, EUA. Mas olhamos para as observações existentes neste planeta com o Hubble e percebemos que há uma atmosfera lá. ” 

“ Quantos planetas terrestres não começam como terrestres? Alguns podem começar como sub-Neptunes e se tornarem terrestres por meio de um mecanismo pelo qual a luz evapora a atmosfera primordial. Este processo funciona no início da vida de um planeta, quando a estrela está mais quente ” , disse o líder da equipe Mark Swain, do Laboratório de Propulsão a Jato. “

Então a estrela esfria e o planeta fica parado ali. Então você tem esse mecanismo que pode queimar a atmosfera nos primeiros 100 milhões de anos, e então as coisas se acalmam. E se você pode regenerar a atmosfera, talvez consiga mantê-la. ” 

Em alguns aspectos, GJ 1132 b tem vários paralelos com a Terra, mas em alguns aspectos também é muito diferente. Ambos têm densidades semelhantes, tamanhos e idades semelhantes, com cerca de 4,5 bilhões de anos. Ambos começaram com uma atmosfera dominada por hidrogênio e ambos estavam quentes antes de esfriarem. O trabalho da equipe sugere até que o GJ 1132 be a Terra têm pressão atmosférica semelhante na superfície. 

No entanto, as histórias de formação dos planetas são profundamente diferentes. Não se acredita que a Terra seja o núcleo sobrevivente de um sub-Netuno. E a Terra orbita a uma distância confortável de nosso Sol anão amarelo. GJ 1132 b está tão perto de sua estrela anã vermelha hospedeira que completa uma órbita em torno da estrela uma vez a cada dia e meio. Esta proximidade extremamente estreita mantém o GJ 1132 b travado de forma maré, mostrando a mesma face para sua estrela o tempo todo - assim como nossa lua mantém um hemisfério permanentemente voltado para a Terra. 

“ A questão é: o que mantém o manto quente o suficiente para permanecer líquido e alimentar o vulcanismo?” perguntou Swain. “Este sistema é especial porque tem a oportunidade de muito aquecimento das marés. ” 

O fenômeno do aquecimento das marés ocorre por atrito, quando a energia da órbita e da rotação de um planeta é dispersa como calor dentro do planeta. GJ 1132 b está em uma órbita elíptica, e as forças de maré agindo sobre ele são mais fortes quando está mais próximo ou mais distante de sua estrela hospedeira. Pelo menos um outro planeta no sistema da estrela hospedeira também exerce uma atração gravitacional no planeta.

As consequências são que o planeta é comprimido ou esticado por esse “bombeamento” gravitacional. Esse aquecimento das marés mantém o manto líquido por muito tempo. Um exemplo próximo em nosso próprio Sistema Solar é a lua de Júpiter, Io, que tem vulcanismo contínuo como resultado de um cabo de guerra entre Júpiter e as luas de Júpiter vizinhas. 

A equipe acredita que a crosta do GJ 1132 b é extremamente fina, talvez com apenas centenas de metros de espessura. É muito fraco para suportar qualquer coisa que se pareça com montanhas vulcânicas. Seu terreno plano também pode ser rachado como uma casca de ovo pela flexão da maré. O hidrogênio e outros gases podem ser liberados por meio dessas rachaduras. 

“ Esta atmosfera, se for fina - ou seja, se tiver uma pressão de superfície semelhante à da Terra - provavelmente significa que você pode ver até o solo em comprimentos de onda infravermelhos. Isso significa que se os astrônomos usarem o Telescópio Espacial James Webb para observar este planeta, existe a possibilidade de eles verem não o espectro da atmosfera, mas sim o espectro da superfície ” , explicou Swain. 

 “ E se houver poças de magma ou vulcanismo acontecendo, essas áreas serão mais quentes. Isso gerará mais emissão e, portanto, eles estarão potencialmente olhando para a atividade geológica real - o que é empolgante! ” 

Este resultado é significativo porque dá aos cientistas de exoplanetas uma maneira de descobrir algo sobre a geologia de um planeta a partir de sua atmosfera ” , acrescentou Rimmer. “ Também é importante para entender onde os planetas rochosos em nosso próprio Sistema Solar - Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, se encaixam no quadro mais amplo da planetologia comparativa, em termos da disponibilidade de hidrogênio versus oxigênio na atmosfera. ”

Fonte: esahubble.org

Cientistas esboçam sistema estelar envelhecido usando mais de um século de observações

  A estrela primária, uma supergigante amarela idosa, tem cerca de duas vezes a massa do Sol, mas cresceu 100 vezes o tamanho do Sol.


A estrela primária de U Mon, uma supergigante amarela idosa, tem cerca de duas vezes a massa do Sol, mas cresceu até 100 vezes o tamanho do Sol. Os cientistas sabem menos sobre a companheira, a estrela azul no fundo desta ilustração, mas acham que tem massa semelhante e muito mais jovem que a primária. Crédito: Crédito: Goddard Space Flight Center da NASA / Chris Smith (USRA / GESTAR)

Os astrônomos pintaram sua melhor imagem de uma variável RV Tauri, um tipo raro de binário estelar onde duas estrelas - uma se aproximando do fim de sua vida - orbitam dentro de um extenso disco de poeira. Seu conjunto de dados de 130 anos abrange a mais ampla gama de luz já coletada para um desses sistemas, de rádio a raios-X. 

"Existem apenas cerca de 300 variáveis ​​RV Tauri conhecidas na galáxia da Via Láctea", disse Laura Vega, uma recente recebedora de doutorado na Vanderbilt University em Nashville, Tennessee. "Concentramos nosso estudo no segundo mais brilhante, denominado U Monocerotis, que agora é o primeiro desses sistemas a partir do qual os raios X foram detectados." 

Um artigo descrevendo as descobertas, liderado por Vega, foi publicado no The Astrophysical Journal.

O sistema, abreviado de U Mon, fica a cerca de 3.600 anos-luz de distância, na constelação de Monoceros. Suas duas estrelas giram em torno uma da outra a cada seis anos e meio em uma órbita com inclinação de cerca de 75 graus de nossa perspectiva. 

A estrela primária, uma supergigante amarela idosa, tem cerca de duas vezes a massa do Sol, mas cresceu 100 vezes o tamanho do Sol. Um cabo de guerra entre pressão e temperatura em sua atmosfera faz com que ele se expanda e contraia regularmente, e essas pulsações criam mudanças de brilho previsíveis com alternância de profundas e superficiais quedas de luz - uma marca registrada dos sistemas RV Tauri. Os cientistas sabem menos sobre a estrela companheira, mas acham que tem massa semelhante e muito mais jovem que a principal. 

O disco de resfriamento em torno de ambas as estrelas é composto de gás e poeira ejetados pela estrela primária à medida que ela evolui. Usando observações de rádio do Submillimeter Array em Maunakea, Havaí, a equipe de Vega estimou que o disco tem cerca de 51 bilhões de milhas (82 bilhões de quilômetros) de diâmetro. O binário orbita dentro de uma lacuna central que os cientistas pensam ser comparável à distância entre as duas estrelas em sua separação máxima, quando estão a cerca de 540 milhões de milhas (870 milhões de quilômetros) uma da outra. 

Quando as estrelas estão mais distantes umas das outras, elas estão aproximadamente alinhadas com nossa linha de visão. O disco obscurece parcialmente o primário e cria outra flutuação previsível na luz do sistema. Vega e seus colegas acham que é quando uma ou ambas as estrelas interagem com a borda interna do disco, sugando fluxos de gás e poeira. 

Eles sugerem que a estrela companheira canaliza o gás em seu próprio disco, que aquece e gera um fluxo de gás que emite raios-X. Este modelo poderia explicar os raios X detectados em 2016 pelo satélite XMM-Newton da Agência Espacial Europeia.

"As observações XMM tornam U Mon a primeira variável RV Tauri detectada em raios-X", disse Kim Weaver, cientista do projeto XMM US e astrofísica do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland. "É empolgante ver medições de comprimentos de onda baseadas no solo e no espaço se reunirem para nos dar novos insights sobre um sistema há muito estudado." 

Em sua análise de U Mon, a equipe de Vega também incorporou 130 anos de observações de luz visível. 

A primeira medição disponível do sistema, coletada em 25 de dezembro de 1888, veio dos arquivos da Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis​​(AAVSO), uma rede internacional de astrônomos amadores e profissionais com sede em Cambridge, Massachusetts. AAVSO forneceu medições históricas adicionais que vão desde meados da década de 1940 até o presente. 

Os pesquisadores também usaram imagens arquivadas catalogadas pelo Digital Access to a Sky Century @ Harvard (DASCH), um programa do Harvard College Observatory em Cambridge dedicado à digitalização de imagens astronômicas de placas fotográficas de vidro feitas por telescópios terrestres entre as décadas de 1880 e 1990 . 

A luz de U Mon varia porque a estrela primária pulsa e porque o disco a obscurece parcialmente a cada 6,5 ​​anos ou mais. Os dados combinados de AAVSO e DASCH permitiram que Vega e seus colegas detectassem um ciclo ainda mais longo, em que o brilho do sistema aumenta e diminui a cada 60 anos. Eles acham que uma dobra ou aglomerado no disco, localizado tão longe do binário quanto Netuno está do Sol, causa essa variação extra durante sua órbita. 

Vega completou sua análise do sistema U Mon como NASA Harriett G. Jenkins Predoctoral Fellow, um programa financiado pelo Projeto de Pesquisa e Educação da Universidade Minoritária da NASA Office of STEM Engagement. 

"Para sua tese de doutorado, Laura usou esse conjunto de dados históricos para detectar uma característica que, de outra forma, apareceria apenas uma vez na carreira de um astrônomo", disse o coautor Rodolfo Montez Jr., astrofísico do Center for Astrophysics | Harvard & Smithsonian, também em Cambridge. "É uma prova de como nosso conhecimento do universo se desenvolve ao longo do tempo." 

O coautor Keivan Stassun, especialista em formação de estrelas e consultor de doutorado de Vega na Vanderbilt, observa que esse sistema evoluído tem muitos recursos e comportamentos em comum com binários recém-formados. Ambos estão embutidos em discos de gás e poeira, puxam o material desses discos e produzem fluxos de gás. E em ambos os casos, os discos podem formar warps ou grumos. Em binários jovens, eles podem sinalizar o início da formação de planetas. 

"Ainda temos dúvidas sobre o recurso no disco do U Mon , que podem ser respondidas por futuras observações de rádio", disse Stassun. "Mas, fora isso, muitas das mesmas características estão lá. É fascinante como esses dois estágios binários de vida se espelham."

Fonte: MaisConhecer.com

E se o Planeta Nove for um buraco negro bebê?

 


 Alguns astrônomos acreditam que existe um planeta enorme, muito além da órbita de Netuno, orbitando o Sol - mas depois de anos de pesquisa, os cientistas não encontraram este mundo teórico, que apelidaram de "Planeta Nove". 

Isso estimulou os teóricos a considerarem uma hipótese radical: talvez o Planeta Nove não seja um planeta, mas um pequeno buraco negro que pode ser detectado pela radiação teórica emitida de sua borda, a chamada radiação Hawking. 

Durante séculos, os astrônomos usaram variações nas órbitas planetárias para prever a existência de novos planetas. Quando a órbita de um planeta não se alinha com as previsões baseadas em tudo o mais que sabemos sobre o sistema solar , precisamos atualizar nossa física (por exemplo, obtendo uma teoria da gravidade melhor ) ou adicionar mais planetas à mistura. Por exemplo, a incapacidade dos cientistas de descrever com precisão a órbita de Mercúrio acabou levando à teoria da relatividade de Einstein. E, na extremidade oposta do sistema solar, comportamentos estranhos na órbita de Urano levaram à descoberta de Netuno. 

Em 2016, os astrônomos estudaram uma coleção de objetos extremamente distantes no sistema solar. Chamados de objetos transnetunianos (TNOs), esses minúsculos corpos gelados são remanescentes da formação do sistema solar e ficam em uma órbita escura e solitária além da de Netuno (daí o nome). 

Alguns desses TNOs têm órbitas estranhamente agrupadas que se alinham umas com as outras. A probabilidade desse agrupamento acontecer por puro acaso aleatório é inferior a 1%, o que levou alguns astrônomos a suspeitar que poderia haver um planeta massivo lá fora - algo maior do que Netuno que orbita mais de 10 vezes mais longe do sol do que Netuno. Eles apelidaram este hipotético mundo de Planeta Nove. A gravidade de tal objeto poderia atrair esses TNOs para órbitas agrupadas, diz a ideia. 

A evidência para o Planeta Nove não é conclusiva, no entanto. As observações dos TNOs podem ser tendenciosas, então os astrônomos podem não ter monitorado uma amostra razoável, o que significa que o agrupamento ímpar pode ser um artefato de nossa estratégia de observação ao invés de um efeito real. Por exemplo, pesquisadores relataram em fevereiro que a evidência do Planeta Nove - particularmente o agrupamento de TNOs - poderia ser o resultado de onde os astrônomos apontam seus telescópios, relatou a Live Science . Em outras palavras, esses TNOs só parecem estar se agrupando por causa de nossas observações "tendenciosas". 

Além disso, existe a realidade gritante de que, depois de quase cinco anos de busca, ninguém encontrou o Planeta Nove. 

Uma motivação sombria

Se o Planeta Nove está realmente lá fora, pode estar em uma parte de sua órbita que o leva tão longe do Sol que não podemos observá-lo com a tecnologia atual. Mas mesmo nossas varreduras mais profundas e sensíveis não revelaram nada. 

Portanto, agora, os astrônomos propuseram uma hipótese alternativa: talvez o planeta nove não seja um planeta, mas um pequeno buraco negro. 

Buracos negros pequenos (e "pequeno", aqui significa do tamanho de um planeta) são muito interessantes para os astrônomos. Todos os buracos negros que conhecemos no universo vêm da morte de estrelas massivas. E porque apenas as estrelas mais massivas (não menores do que, digamos, 10 massas solares) são grandes o suficiente para formar um buraco negro, elas só podem deixar para trás buracos negros com uma massa mínima de cerca de 5 vezes a do sol. 

Mas buracos negros menores do que isso poderiam ter se formado nas condições extremas do universo primitivo. Esses buracos negros primordiais podem inundar o cosmos. Mas as observações cosmológicas descartaram a maioria dos modelos de formação de buracos negros primordiais, com poucas exceções - como buracos negros do tamanho de planetas. 

Portanto, se os cientistas puderem confirmar que um pequeno buraco negro está orbitando o sol, ele poderá fornecer uma visão intrigante de um dos maiores mistérios da cosmologia moderna. 

Uma jornada perigosa

Na década de 1970, o famoso físico Stephen Hawking teorizou que os buracos negros não são exatamente 100% negros. Devido a uma complexa interação entre a gravidade e as forças quânticas no horizonte de eventos, ou na fronteira de um buraco negro, ele propôs, os buracos negros podem de fato emitir radiação fracamente, diminuindo lentamente no processo. 

E quando digo "debilmente", estou realmente falando sério: um buraco negro a massa do sol emitiria um único fóton - sim, uma partícula eletromagnética - a cada ano. Isso é irremediavelmente indetectável. 

Mas um pequeno buraco negro próximo (como, digamos, o Planeta Nove) pode ser mais acessível. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que sua radiação Hawking seria muito fraca para ser vista da Terra, mas uma nova pesquisa, publicada em janeiro no banco de dados de pré - impressão arXiv , investigou se uma missão de voo teria uma chance melhor de detectar a radiação Hawking de tal buraco negro.. 

Infelizmente, mesmo usando uma frota de espaçonaves leves e rápidas para vasculhar o sistema externo, é muito improvável que localizemos o Planeta Nove por meio de sua radiação Hawking. A radiação é muito fraca e, como não sabemos a localização do buraco negro, não podemos garantir que podemos chegar perto o suficiente em caso de sobrevôo. 

Mas nem toda esperança está perdida. Se os cientistas puderem determinar de forma mais conclusiva a localização do hipotético Planeta Nove usando outras observações e descobrir que é um buraco negro, então uma missão direcionada pode voar perto de seu horizonte de eventos e possivelmente orbitar. 

Lá, teríamos acesso direto por observação a um dos ambientes gravitacionais mais extremos do universo. Não é de admirar que os astrônomos estejam entusiasmados com a perspectiva de um buraco negro em nosso quintal solar. Uma missão ali seria incrivelmente cara e demorada. Mas temos experiência com esses tipos de missões de longa distância na forma de New Horizons, a sonda da NASA que está navegando atualmente pelo cinturão de Kuiper. Está ao nosso alcance tecnológico projetar e voar uma versão de longo prazo da New Horizons para visitar um buraco negro próximo. 

E valeria totalmente a pena. 

Os buracos negros são talvez os objetos mais misteriosos do cosmos, e não os compreendemos totalmente. Em particular, a própria radiação Hawking nos ensinaria sobre a relação entre a gravidade e a mecânica quântica em pequenas escalas. Se o Planeta 9 for um buraco negro (e esse é um grande "se", de fato), dentro de alguns anos poderíamos lançar uma missão para observá-lo em detalhes e, esperançosamente, responder a algumas perguntas de longa data da física. 

Teríamos uma janela para a física totalmente nova, e ela simplesmente estaria lá, esperando que olhássemos através dela.

Fonte: Space.com

Novo estudo pode explicar origem natural do misterioso ‘Omuamua

 Estranho objeto vindo do espaço interestelar seria feito de gelo de nitrogênio, material encontrado também na superfície de Plutão. Explicação dá conta de observações e exclui hipótese de artefato alienígena.

Em 2017, astrônomos do observatório Pan-STARRS, no Havaí, detectaram o primeiro objeto interestelar‚ isto é, procedente de fora do Sistema Solar. A princípio, foi designado como cometa, porém certas características estranhas pareciam  desafiar a classificação. O corpo celeste foi chamado de ‘Oumuamua, que significa “batedor” ou “mensageiro” em havaiano. 

Agora, dois astrônomos dos EUA propõem uma nova explicação: ‘Oumuamua provavelmente seria um fragmento de um planeta extrassolar com características semelhantes às do nosso Plutão. A pesquisa foi publicada em dois artigos no Journal of Geophysical Research: Planets. 

“Sob muitos pontos de vista, ‘Oumuamua se assemelhava a um cometa. Porém, é bastante peculiar em vários aspectos, e há muita especulação sobre o que ele seria”, diz Steven Desch, que junto com Alan Jackson é autor do artigo. Ambos pertencem à Escola de Exploração da Terra e do Espaço, da Universidade Estadual do Arizona. 

Desch e Jackson se basearam em várias observações que contradiziam a classificação do objeto como cometa. Por exemplo, ele chegou ao Sistema Solar a uma velocidade um pouco menor do que seria esperado. Isso sugere que sua jornada pelo espaço não se originou muito antes de um bilhão de anos. E seu formato, que lembra uma panqueca, também era mais achatado do que qualquer outro objeto conhecido no Sistema Solar. 

Outro fator estranho é o “empurrão” que o objeto recebeu para se afastar do Sol. Este efeito é comum em cometas, e  acontece quando a luz solar transforma o gelo que eles possuem em vapor. Porém, neste caso, o impulso foi mais forte do que os astrônomos podem explicar. Por fim, o objeto não apresentava qualquer sinal de que houvesse gás escapando de sua superfície, o que, no caso dos cometas, é visível na forma de uma cauda. De maneira geral, ‘Oumuamua apresentava algumas características de cometa, mas ao mesmo tempo, era diferente de qualquer um já observado no Sistema Solar. 

Desch e Jackson levantaram a hipótese de que o objeto fosse composto de diferentes tipos de gelo. Eles calcularam a rapidez com que ocorreria a sublimação — isto é, a passagem do sólido ao gasoso — para cada tipo de gelo, conforme “Oumuamua fosse exposto ao Sol. A partir deste cálculo, eles estimaram o efeito de empurrão”, a massa e a forma do objeto e a refletividade dos gelos que ele poderia abrigar. 

O estudo sugeriu que um corpo feito com esse gelo seria seria muito mais reflexivo do que se presumiu anteriormente. Isso significaria que suas dimensões poderiam ser menores. O resultado final seria que ‘Oumuamua  receberia um empurrão maior do que os cometas normalmente experimentam. 

Porém, uma forma de gelo em particular, o nitrogênio sólido congelado, pareceu corresponder bem na hora de simular todas as características observadas no objeto. Como existe gelo de nitrogênio sólido na superfície de Plutão, é possível que o objeto interestelar seja feito do mesmo material. 

“Sabíamos que tínhamos acertado quando concluímos o cálculo de qual albedo (nome dado a capacidade de um corpo para refletir a luz) corresponderia ao  movimento de ‘Oumuamua  que foi observado”, diz Jackson. “Esse valor acabou sendo o mesmo que pode ser observado na superfície de Plutão ou Tritão, corpos cobertos por gelo de nitrogênio.” 

Os pesquisadores estimaram a taxa de ocorrência de eventos capazes de arrancar pedaços de gelo de nitrogênio sólido das superfícies de Plutão, e de outros corpos de constituição semelhante, ao longo da história do Sistema Solar. E calcularam as probabilidades de que pedaços de gelo de nitrogênio sólido, oriundos de outros sistemas, alcancem o nosso. 

Os autores estimam que ‘Oumuamua deve ser um fragmento de planeta arrancado de sua superfície e expulso de seu sistema original há cerca de meio bilhão de anos. O nitrogênio congelado também poderia explicar o formato incomum. Conforme as camadas externas de gelo de nitrogênio evaporaram, o objeto teria se tornado progressivamente mais achatado, assim como acontece em uma barra de sabão desgastada pelo uso. 

Embora as semelhanças de ‘Oumuamua com os cometas tenham sido rapidamente reconhecidas, a incapacidade de explicá-la imediatamente em detalhes levou à especulação de que poderia se tratar de um artefato de tecnologia alienígena. Isso foi sugerido inclusive num livro recentemente publicado, “Extraterrestrial”, escrito pelo astrônomo, Avi Loeb da Universidade Harvard. A sugestão gerou um debate público sobre o método científico e a responsabilidade dos cientistas de não tirar conclusões precipitadas. 

“Todo mundo está interessado em alienígenas, e era inevitável que esse primeiro objeto vindo fora do sistema solar fizesse as pessoas pensarem em alienígenas. Mas na ciência é importante não tirar conclusões precipitadas. Demorou dois ou três anos para descobrir uma explicação natural — um pedaço de gelo de nitrogênio — que corresponda a tudo o que sabemos sobre ‘Oumuamua. Isso não é muito tempo para a ciência, e muito cedo para dizer que esgotamos todas as explicações naturais”, diz Desch. 

Os autores ponderam que, além de oferecer uma explicação para o que seria ‘Oumuamua, a pesquisa também assinala que planetas semelhantes a Plutão devem existir em outros sistemas. Espera-se que, ao longo da próxima década, futuras pesquisas identifiquem mais visitantes extrassolares nos visitando. Isso permitirá avaliar se corpos feitos de gelo de nitrogênio são tão comuns como sugerem os autores.

Fonte: Sciam.com.br

Perscrutando o núcleo empoeirado de uma galáxia para estudar um buraco negro supermassivo ativo

 

 Centaurus A ostenta um disco central deformado de gás e poeira, que é evidência de uma colisão e fusão com outra galáxia. Também tem um núcleo galáctico ativo que emite fatos periodicamente. É a quinta galáxia mais brilhante do céu e fica a apenas 13 milhões de anos-luz da Terra, tornando-se um alvo ideal para estudar um núcleo galáctico ativo - um buraco negro supermassivo que emite jatos e ventos - com o Telescópio Espacial James Webb da NASA. Crédito: raios-X - NASA/CXC/SAO; ótico - Rolf Olsen; infravermelho - NASA/JPL-Caltech; rádio - NRAO/AUI/NSF/Univ.de Hertfordshire/M. Hardcastle

Investigadores vão em breve mapear e modelar o núcleo da galáxia vizinha Centaurus A com o Telescópio Espacial James Webb da NASA. Centaurus A é uma galáxia gigante, mas as suas aparições em observações telescópicas podem enganar. Faixas de poeira escura e jovens enxames de estrelas azuis, que cruzam a sua região central, são aparentes no ultravioleta, no visível e no infravermelho próximo, pintando uma paisagem bastante moderada. Mas se mudarmos para comprimentos de onda em raios-X e rádio desvenda-se uma cena muito mais "barulhenta": do núcleo da galáxia elíptica disforme, jatos espetaculares de material irromperam do seu buraco negro supermassivo - conhecido como núcleo galáctico ativo - enviando material para o espaço muito além dos limites da galáxia. 

O que, precisamente, está a acontecer no seu núcleo para provocar toda esta atividade? As próximas observações lideradas por Nora Lützgendorf e Macarena García Marín da ESA usando o Telescópio Espacial James Webb da NASA permitirão aos cientistas examinar através do seu núcleo empoeirado em alta resolução para, pela primeira vez, começar a responder a estas perguntas. 

"Há tanta coisa a acontecer em Centaurus A," explica Lützgendorf. "O gás, o disco e as estrelas da galáxia movem-se sob a influência do seu buraco negro supermassivo central. Dado que a galáxia está tão perto de nós, seremos capazes de usar o Webb para criar mapas bidimensionais para ver como o gás e as estrelas se movem na sua região central, como são influenciados pelos jatos do seu núcleo galáctico ativo e, em última análise, caracterizar melhor a massa do seu buraco negro." 

Uma rápida retrospetiva 

Cliquemos no botão "retroceder" para rever um pouco do que já se sabe sobre Centaurus A. É bem estudada porque está relativamente próxima - a cerca de 13 milhões de anos-luz - o que significa que podemos resolver claramente a galáxia inteira. O primeiro registo foi feito em meados do século XIX, mas os astrónomos perderam o interesse até à década de 1950 porque a galáxia parecia ser uma galáxia elíptica quieta, embora deformada. Assim que os investigadores começaram a observá-la com radiotelescópios nas décadas de 1940 e 50, Centaurus A tornou-se radicalmente mais interessante - os seus jatos tornaram-se visíveis. Em 1954, os cientistas descobriram que Centaurus A é o resultado de duas galáxias que se fundiram, o que mais tarde foi estimado ter ocorrido há 100 milhões de anos. 

O núcleo empoeirado de Centaurus A é aparente na luz visível, mas os seus jatos são melhor visualizados em raios-X e no rádio. Com as futuras observações pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA no infravermelho, os investigadores esperam localizar melhor a massa do buraco negro supermassivo central da galáxia, bem como evidências que mostram onde os jatos foram expelidos. Crédito: raios-X - NASA/CXC/SAO; ótico - Rolf Olsen; infravermelho - NASA/JPL-Caltech; rádio - NRAO/AUI/NSF/Univ.de Hertfordshire/M. Hardcastle

Com mais observações no início dos anos 2000, os investigadores estimaram que há cerca de 10 milhões de anos, o seu núcleo galáctico ativo disparou jatos gémeos em direções opostas. Quando examinada em todo o espectro eletromagnético, desde raios-X ao rádio, fica claro que há muito mais nesta história que ainda precisamos de aprender. 

"Os estudos em vários comprimentos de onda de qualquer galáxia são como camadas de uma cebola. Cada comprimento de onda mostra algo diferente," disse Marin. "Com os instrumentos de infravermelho próximo e médio do Webb, veremos gás e poeira muito mais frios do que em observações anteriores e aprenderemos muito mais sobre o ambiente no centro da galáxia." 

Visualizando os dados do Webb 

A equipa liderada por Lützgendorf e Marín vai observar Centaurus A não apenas obtendo imagens com o Webb, mas reunindo dados conhecidos como espectros, que espalham a luz nos seus comprimentos de onda componentes, como um arco-íris. Os espectros do Webb vão revelar informações de alta resolução sobre as temperaturas, velocidades e composições do material no centro da galáxia. 

Em particular, o NIRSpec (Near Infrared Spectrograph) e o MIRI (Mid-Infrared Instrument) do Webb vão fornecer à equipa de investigação uma combinação de dados: uma imagem mais um espectro de cada pixel dessa imagem. Isto permitirá que os investigadores construam intricados mapas 2D dos espectros que os ajudarão a identificar o que está a acontecer por trás do véu de poeira no centro - e analisá-lo em profundidade de muitos ângulos. 

Compare este estilo de modelagem com a análise de um jardim. Da mesma forma que os botânicos classificam as plantas com base em conjuntos específicos de características, estes cientistas vão classificar os espectros do MIRI do Webb para construir "jardins" ou modelos. "Se tirarmos uma foto de um jardim a uma grande distância," explicou Marín, "veremos algo verde, mas com o Webb, vamos poder ver folhas e flores individuais, os seus caules e talvez o solo por baixo." 

Os buracos negros supermassivos, que ficam no centro das galáxias, são vorazes. Periodicamente, "sorvem" ou "engolem" os discos giratórios de gás e poeira que os orbitam, o que pode resultar em fluxos massivos que afetam a formação de estrelas localmente e mais longe. Quando o Telescópio Espacial James Webb da NASA começar a observar os núcleos das galáxias, os seus instrumentos infravermelhos vão perfurar através da poeira para fornecer imagens e dados incríveis de alta resolução que permitem aos investigadores aprender precisamente como um processo desencadeia outro e como criam um enorme ciclo de feedback. Crédito: NASA, ESA e L. Hustak (STScI)

À medida que a equipe de pesquisa analisa os espectros, vão construir mapas de partes individuais do jardim, comparando um espectro com outro espectro próximo. Isto é análogo a determinar que partes contêm que espécies de plantas com base nas comparações de "caules," "folhas," e "flores" à medida que avançam. 

"Quando se trata da análise espectral, fazemos muitas comparações," continuou Marín. "Se eu comparar dois espectros nesta região, talvez descubra que o que foi observado contém uma população proeminente de estrelas jovens. Ou talvez confirme quais as áreas que são poeirentas e aquecidas. Ou talvez identifiquemos emissão oriunda do núcleo galáctico ativo." 

Por outras palavras, o "ecossistema" de espectros tem vários níveis, que permitirão à equipa definir com melhor precisão o que está presente e onde está presente - o que é possível graças aos instrumentos infravermelhos especializados do Webb. E, dado que estes estudos terão como base os muitos que os antecederam, os astrónomos serão capazes de confirmar, refinar ou abrir novos caminhos identificando novas características. 

"Pesando" o buraco negro de Centaurus A 

A combinação de imagens e espectros fornecidos pelo NIRSpec e pelo MIRI permitirá que a equipa crie mapas de altíssima resolução das velocidades do gás e das estrelas no centro de Centaurus A. "Nós planeamos usar estes mapas para modelar como todo o disco no centro da galáxia se move para determinar com mais precisão a massa do buraco negro," explica Lützgendorf. 

Dado que os investigadores entendem como a gravidade de um buraco negro governa a rotação do gás próximo, podem usar os dados do Webb para "pesar" o buraco negro em Centaurus A. Com um conjunto mais completo de dados infravermelhos, também determinarão se partes diferentes do gás estão a comportar-se conforme o previsto. "Estou ansiosa por preencher totalmente os nossos dados," disse Lützgendorf. "Espero ver como o gás ionizado se comporta e gira, e onde podemos ver os jatos." 

Os investigadores também esperam abrir novos caminhos. "É possível que encontremos coisas que ainda não considerámos," explica Lützgendorf. "Em alguns aspetos, estaremos a cobrir um território completamente novo com o Webb." Marín concorda totalmente e acrescenta que é de valor incalculável aproveitar a grande quantidade de dados. "Os aspetos mais interessantes destas observações é o potencial para novas descobertas," disse. "Acho que podemos encontrar algo que nos faça olhar para trás para outros dados e reinterpretar o que foi visto antes." 

Estes estudos de Centaurus A serão realizados como parte dos programas conjuntos de Tempo de Observação Garantido de Gillian Wright e Pierre Ferruit. Todos os dados do Webb serão armazenados no MAST (Barbara A. Mikulski Archive for Space Telescopes) no STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, EUA.

Fonte: Astronomia OnLine