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segunda-feira, 25 de maio de 2020

9 anos de Blog

Hoje o Blog Almas Corsárias completa 9 anos de existência ...

Hoje completamos 9 anos de Blog e justamente nessa mesma data, num sábado longínquo em 2011 comecei fazendo postagens sobre o Universo, Estrelas e Planetas.
Tenho um fascínio pelo Universo desde criança, e quero muito agradecer a cada um de vocês que acompanham nosso blog e nossas atividades.

Meus mais sinceros sentimentos de gratidão.

Atenciosamente

César Lima

Quando ocorreu a instabilidade?

Astrônomos reconstroem história da formação do Sistema Solar


"Nosso trabalho partiu da ideia de que a datação da instabilidade deve ser buscada de maneira dinâmica. A única maneira de que essa instabilidade pudesse ter ocorrido tardiamente seria se, no momento em que o gás acabou, houvesse uma distância relativamente grande entre a borda interna do disco de planetesimais, isto é, do disco de acreção planetária, e a órbita de Netuno. E essa distância relativamente grande não se sustentou no âmbito de nossa simulação", sublinha Rafael.

O argumento é fácil de compreender. Quanto menor a distância, maior a influência gravitacional entre Netuno e o disco de planetesimais. Portanto, mais precoce o período de instabilidade. Inversamente, uma instabilidade tardia requer que a distância seja grande.

"O que fizemos foi esculpir, pela primeira vez, o disco de planetesimais primordial. Para isso, tivemos que voltar à formação dos próprios planetas gigantes de gelo, Urano e Netuno. A partir de um modelo construído pelo professor Izidoro em 2015, realizamos simulações computacionais que mostraram que a formação de Urano e Netuno pode ter sido oriunda de embriões planetários com as massas de algumas Terras. As colisões gigantescas dessas superterras explicariam, por exemplo, o fato de Urano ter seu eixo de rotação tombado," diz o pesquisador.

Trabalhos anteriores já haviam evidenciado a importância da distância entre a órbita de Netuno e a borda interior do disco de planetesimais. Mas esses trabalhos partiam de um modelo em que os quatro planetas gigantes já estavam formados.

Izidoro detalha as novidades do trabalho da equipe:

"A novidade trazida pelo trabalho atual é que o modelo não se inicia com os planetas completamente formados, mas considerou Urano e Netuno ainda em fase de crescimento. E esse crescimento teria ocorrido a partir de duas ou três colisões de objetos com até cinco vezes a massa da Terra.

Astrônomos reconstroem história da formação do Sistema Solar
O grande mistério continua sendo a existência de planetas desconhecidos no Sistema Solar, chamados por enquanto de Planeta X, Planeta Nove, Planeta Dez etc.

"Imaginemos uma situação em que Júpiter e Saturno já estejam formados, mas que, em vez de Urano e Netuno, tenhamos de cinco a 10 superterras. Essas superterras seriam forçadas pelo gás a entrar na mesma sincronia de Júpiter e Saturno. Porém, como são numerosas, eles entrariam e sairiam, eventualmente colidindo. Devido às colisões, seu número seria reduzido, possibilitando a sincronização. No final, sobraram Urano e Netuno.

"Durante a fase em que os dois gigantes de gelo estavam evoluindo no gás, o disco de planetesimais também foi sendo consumido. Parte do material foi agregada a Urano e Netuno, parte enviada para longe, para os confins do Sistema Solar. Assim, o crescimento de Urano e Netuno definiu a posição da borda interna do disco de planetesimais. O que sobrou desse disco compõe atualmente o Cinturão de Kuiper. Este é basicamente uma relíquia que sobrou do disco de planetesimais primordial, que era muito mais massivo," finalizou.

Bombardeamento tardio da Lua


Astrônomos reconstroem história da formação do Sistema Solar

De volta à quebra de sincronia e ao desencadeamento da fase caótica, a questão é saber quando isso ocorreu: Se em uma etapa muito inicial, quanto o Sistema Solar tinha 100 milhões de anos ou até menos, ou em uma fase posterior, quando os planetas já tinham uma certa idade, provavelmente em torno de 700 milhões de anos.

"Até recentemente, a hipótese da instabilidade tardia predominava. A datação de rochas da Lua, coletadas por astronautas do Projeto Apolo, sugere que elas teriam sido criadas por impactos severos e simultâneos de vários asteroides e cometas na superfície lunar. Este cataclismo é conhecido como 'Bombardeamento Tardio da Lua'. E, se aconteceu na Lua, teria acontecido também na Terra e nos demais planetas terrestres do Sistema Solar. Como no período de instabilidade planetária muito material, na forma de asteroides e cometas, foi lançado em todas as direções do Sistema Solar, deduziu-se, a partir da idade das rochas trazidas da Lua, que esse período caótico teria ocorrido tarde. Porém, nos últimos anos, a história do 'Bombardeamento Tardio da Lua' vem perdendo crédito," afirma Rafael.

Conforme o pesquisador, se houvesse ocorrido, a catástrofe caótica tardia poderia ter destruído a Terra e os demais planetas terrestres do Sistema Solar. Ou provocado perturbações que os teriam colocado em órbitas totalmente diferentes das atuais. Além disso, descobriu-se que as rochas trazidas pelo Projeto Apolo foram produzidas por um único impacto - o que não seria de esperar se elas tivessem sido originadas por uma grande instabilidade planetária tardia. Esta teria gerado vários impactos diferentes, em função do espalhamento dos planetesimais pelos planetas gigantes.

Cinturão de Kuiper

Cintura de Kuiper – Wikipédia, a enciclopédia livre


Ao longo de toda a região de formação do Sistema Solar externo, que inclui a zona situada além das órbitas atuais de Urano e Netuno, o Sistema Solar possuía, porém, uma grande população de planetesimais - pequenos corpos de rocha e gelo que são considerados os blocos de construção dos planetas e os precursores dos asteroides, cometas e satélites. E o disco exterior de planetesimais passou a perturbar o equilíbrio gravitacional do conjunto.

Assim, após a fase do gás, as ressonâncias foram quebradas. O sistema entrou em uma etapa caótica, com interações violentas entre os planetas gigantes e até mesmo com ejeções de planetas para o espaço exterior. "Plutão e seus vizinhos de gelo foram lançados para a região onde se encontram atualmente, no Cinturão de Kuiper. E o conjunto dos planetas migrou para órbitas mais distantes do Sol," descreve Rafael.

A existência do Cinturão de Kuiper foi proposta em 1951 pelo astrônomo holandês Gerard Kuiper (1905-1973) e confirmada por observações astronômicas posteriores. Trata-se de uma estrutura toroidal, semelhante a um pneu, formada por milhares de pequenos corpos que orbitam o Sol, com uma diversidade de órbitas nunca vista em outras regiões do Sistema Solar. Sua borda interior localiza-se onde fica atualmente a órbita de Netuno, a 30 unidades astronômicas de distância do Sol - sendo a unidade astronômica (ua) aproximadamente igual à distância média da Terra ao Sol.

Acredita-se que a borda exterior do Cinturão de Kuiper esteja a cerca de 50 ua do Sol, embora o corpo celeste mais distante no Sistema Solar conhecido hoje esteja a 120 ua.

Ressonância orbital


Astrônomos reconstroem história da formação do Sistema Solar

"A grande quantidade de detalhes hoje conhecidos pelas observações do Sistema Solar permite definir com precisão as trajetórias dos muitos corpos que orbitam o Sol. E essa estrutura orbital nos possibilita escrever a história da formação do sistema. A partir da nuvem de gás e poeira que circundava nossa estrela há cerca de 4,6 bilhões de anos, os planetas gigantes foram formados em órbitas mais próximas umas das outras e também mais próximas do Sol.

"Essas órbitas eram também mais coplanares e mais circulares do que as atuais. E estavam vinculadas entre si em sistemas dinâmicos ressonantes. Esses sistemas estáveis são os resultados mais prováveis da dinâmica gravitacional de planetas em formação com disco de gás protoplanetário," explicou Rafael.

"Os quatro planetas gigantes - Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - cresceram no disco de gás e poeira em órbitas mais compactas. Seus movimentos exibiam uma forte sincronia devido a cadeias de ressonância. Assim, enquanto Júpiter completava três voltas ao redor do Sol, Saturno completava duas. E todos os planetas estavam envolvidos nessa sincronia, produzida pela dinâmica do disco gasoso primordial e pela dinâmica gravitacional dos próprios planetas," detalhou André.

As cadeias de ressonância a que o pesquisador se refere ocorrem quando os objetos em um sistema exercem forças gravitacionais periódicas uns sobre os outros, fazendo com que o conjunto dos objetos se alinhe em um padrão.

Astrônomos reconstroem história da formação do Sistema Solar

Astrônomos reconstroem história da formação do Sistema Solar

Hyperion, maior estrutura astronômica já conhecida do universo antigo (imagem referencial)A hipótese de que o Sistema Solar se originou a partir de uma gigantesca nuvem de gás e poeira remonta à segunda metade do século 18 e hoje é consensual entre os astrônomos.

Proposta pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) e desenvolvida pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace (1749-1827), a hipótese tem recebido sucessivos desenvolvimentos graças à formidável massa de dados observacionais, aportes teóricos e recursos computacionais disponíveis atualmente.

Mas esse processo não é linear, nem livre de controvérsias. Até pouco tempo atrás, os cientistas acreditavam que o Sistema Solar havia adquirido as feições atuais a partir de um período turbulento ocorrido cerca de 700 milhões de anos depois de sua formação.

Mas estudos recentes indicam uma estruturação bem mais precoce, que teria acontecido na faixa dos primeiros 100 milhões de anos, e, com maior probabilidade ainda, entre 10 e 60 milhões de anos.

Indícios robustos a favor dessa estruturação precoce do Sistema Solar acabam de ser apresentados por uma equipe com a participação de três pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Guaratinguetá: Rafael de Sousa Ribeiro, André Izidoro da Costa e Ernesto Vieira Neto.

Até que ponto descoberta da NASA sobre universo paralelo seria plausível?

O principal investigador de um projeto financiado pela NASA de detecção de neutrinos nega as informações veiculadas em algumas mídias, mas confirma alguns dados surpreendentes da pesquisa.

Várias mídias e redes sociais relataram recentemente que a NASA supostamente teria descoberto um universo paralelo na Antártica, no qual o tempo se move para atrás.

A verdade, porém, é que esta interpretação dos fatos suscitou diversas dúvidas nos meios científicos, segundo informa o portal Science Alert.

Tudo começou quando a respeitada revista New Scientist publicou um artigo em 8 de abril apontando para alguns resultados anômalos de experimentos de detecção de neutrinos na Antártica e que isso reforçaria as teorias cosmológicas segundo as quais existe um universo de antimatéria que se estenderia para trás a partir do Big Bang.

"Parece que, para esta versão tabloide da ciência, uma especulativa teoria física remotamente plausível, foi amplificada por razões sensacionalistas", observou ao portal Science Alert o físico Peter Gorham, especialista em partículas experimentais da Universidade do Havaí e principal investigador do projeto ANITA.

O que foi realmente descoberto?
Parcialmente financiado pela NASA, o projeto ANITA utiliza um balão gigante que voa sobre o continente antártico apontando suas antenas de rádio para o solo.

Desta forma, detectou alguns fenômenos do que pareciam ser partículas subatômicas de alta energia, conhecidas como neutrinos, atravessando a Terra.

Neutrinos são partículas subatômicas sem carga elétrica que interagem com outras partículas apenas por meio da gravidade e da força nuclear, sendo capazes de penetrar quase tudo sem interagir com a matéria, o que as torna extremamente difíceis de detectar.

Mas, se produzidos por poderosos objetos espaciais, os neutrinos podem obter uma energia tão alta que intensifica sua capacidade de interagir com a matéria.

A antena Antarctic Impulsive Transient Antenna (ANITA, na sigla em inglês) detecta sinais de chuvas de partículas secundárias, produzidas por neutrinos de alta energia que colidem com a camada de gelo do continente gelado, e que supostamente vêm do espaço profundo.

Universo (imagem referencial)

Um Universo estranho

O Universo tem um Norte e um Sul?


As implicações dessas observações sobre nossa compreensão do Universo são enormes.

O que se pensava ser um mar aleatório de galáxias, quasares, buracos negros, estrelas, nuvens de gás e planetas - com a vida florescendo em pelo menos um pequeno nicho dele -, o Universo de repente parece ter o equivalente a um norte e um sul.

O Universo tem um Norte e um Sul?
Nesta linha de incertezas cosmológicas, há também desconfianças sobre se a constante de Hubble seria mesmo constante.

"O Universo pode não ser isotrópico em suas leis da física - leis que seriam as mesmas, estatisticamente, em todas as direções. Mas, de fato, pode haver alguma direção ou direção preferencial no Universo onde as leis da física mudam, mas não na direção perpendicular. Em outras palavras, o Universo, em certo sentido, possui uma estrutura dipolar.

"Em uma direção específica, podemos olhar para trás 12 bilhões de anos-luz e medir o eletromagnetismo quando o Universo era muito jovem. Juntando todos os dados, o eletromagnetismo parece aumentar gradualmente quanto mais longe olhamos, enquanto na direção oposta ele diminui gradualmente. Em outras direções no cosmos, a constante de estrutura fina permanece exatamente isso - uma constante. Essas novas medições muito distantes empurraram nossas observações muito além do que jamais foi alcançado antes.

"Isso é algo que é levado muito a sério e é encarado, muito corretamente com ceticismo, mesmo por mim, mesmo que eu tenha feito o primeiro trabalho com meus alunos. Mas é algo que você precisa testar porque é possível que vivamos em um universo estranho," comentou Webb.

A equipe do professor Webb acredita que estes são apenas os primeiros passos de um estudo que deverá avançar muito, com observações de muitas direções do Universo, usando dados provenientes de novos instrumentos nos maiores telescópios do mundo.

Além disso, novas tecnologias estão surgindo para fornecer dados de maior qualidade e novos métodos de análise de inteligência artificial ajudarão a automatizar as medições e executá-las mais rapidamente e com maior precisão, o que ajudará a esclarecer se as leis da Física realmente variam ao longo do Universo e mesmo se existe um "fluxo escuro" pelo qual o Universo estaria "vazando" para uma outra dimensão.


Evidências adicionais da direcionalidade do Universo

E, como acontece frequentemente na ciência, calhou de um trabalho de uma outra equipe, em um campo não relacionado, e publicado quase ao mesmo tempo, vir se somar ao argumento de que o Universo tem uma direcionalidade.

Konstantinos Migkas e seus colegas da Universidade de Bonn, na Alemanha, estavam estudando emissões de raios X de aglomerados de galáxias quando verificaram em seus dados o mesmo indício de que o Universo tem algum tipo de direcionalidade, ou, como eles dizem, que o Universo não é isotrópico.

"Eu não sabia nada sobre esse artigo até que ele apareceu na literatura," comentou Webb. "E eles não estão testando as leis da física, eles estão testando as propriedades, as propriedades dos raios X das galáxias e dos aglomerados de galáxias e as distâncias cosmológicas da Terra. Eles também descobriram que as propriedades do Universo nesse aspecto não são isotrópicas e que há uma direção preferencial. E eis que a direção deles coincide com a nossa."


O Universo tem um Norte e um Sul?

Constante da estrutura fina

O Universo tem um Norte e um Sul?

A constante da estrutura fina é uma medida do eletromagnetismo - uma das quatro forças fundamentais da natureza (as outras são gravidade, força nuclear fraca e força nuclear forte).

"A constante da estrutura fina é uma quantidade que os físicos usam como uma medida da intensidade da força eletromagnética. É um número sem dimensão e envolve a velocidade da luz, algo chamado constante de Planck e a carga dos elétrons, sendo uma proporção dessas coisas. É este número que os físicos usam para medir a intensidade da força eletromagnética," explicou o professor Webb.

A força eletromagnética mantém os elétrons zunindo em torno de um núcleo em todos os átomos do Universo - sem ela, toda a matéria se esfacelaria. Até recentemente, acreditava-se que ela seria uma força imutável ao longo do tempo e do espaço. Mas, nas últimas duas décadas, dados observacionais começaram a mostrar anomalias na constante da estrutura fina, mais especificamente, a força eletromagnética medida em uma direção específica do Universo parece um pouco diferente dos resultados obtidos quando ela é medida numa direção ligeiramente diferente.

"Nós descobrimos uma pista de que esse número da constante da estrutura fina era diferente em certas regiões do Universo. Não apenas em função do tempo, mas de fato na direção [espacial] do Universo, o que é realmente bastante estranho se estiver correto... mas foi o que descobrimos," disse Webb

Leis da física variáveis

O Universo tem um Norte e um Sul?


O mundo da física, da astrofísica e da cosmologia foi sacudido há alguns anos quando a equipe do professor John Webb, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, apresentou observações de centenas de galáxias que mostravam que as leis da física parecem variar ao longo do Universo.

O assunto continua na agenda, com os teóricos procurando modelos que possam "encaixar" os dados nos modelos cosmológicos mais aceitos, e os astrônomos de campo fazendo mais observações e trabalhando para melhorar os equipamentos que possam reforçar ou corrigir os dados observados até agora.

A equipe do professor Webb também não descansou e, enquanto esperam por telescópios melhores e métodos de análise de dados mais refinados, eles decidiram testar suas observações usando um alvo completamente diferente: Em vez de galáxias, eles fizeram várias medições da luz emitida por um quasar - uma estrela giratória cujos feixes de luz lembram um farol marítimo - localizado a quase 13 bilhões de anos-luz de distância.

"Os quasares mais distantes que conhecemos estão entre 12 e 13 bilhões de anos-luz de nós," explica o professor Webb. "Então, se você puder estudar a luz de quasares distantes em detalhes, está estudando as propriedades do Universo quando ele era pequeno, com apenas um bilhão de anos. O Universo era muito, muito diferente. Nenhuma galáxia existia, as primeiras estrelas já haviam se formado, mas certamente não havia a mesma população de estrelas que vemos hoje. E não havia planetas."

A equipe fez quatro medições da constante fina ao longo da linha de visão desse quasar. Individualmente, as quatro medições não forneceram nenhuma anomalia.

No entanto, quando elas foram combinadas e confrontadas com muitas outras medições, feitas por outros astrônomos e não relacionadas às observações da equipe, tornaram-se evidentes as mesmas diferenças na constante da estrutura fina que os estudos anteriores haviam mostrado.

O Universo é plano? Ou será ele uma esfera de quatro dimensões?

O universo é plano ou curvo e "fechado"? É o que a ciência quer ...


Uma mesa é uma superfície plana, de duas dimensões. Uma formiga caminhando em uma mesa só pode ir para frente, para trás, para a esquerda e para a direita; ela obviamente não é capaz de se descolar para cima ou para baixo. Agora imagine que você quer confundir a formiga. Que você quer mantê-la vivendo em uma superfície plana como uma mesa, mas que não tem beiradas. Uma mesa com uma propriedade bizarra: se a formiga começar a andar em uma direção, ela pode andar nessa direção indefinidamente, sem jamais cair no chão.

Um jeito um tanto complicado de fazer isso é arranjar uma mesa infinita. Mesmo que a formiga vivesse e caminhasse por toda a eternidade em uma direção só, ela nunca encontraria o fim do móvel. Um jeito mais simples é colocar a formiga para andar em uma enorme esfera feita com a mesma madeira da mesa. A esfera é tão grande em relação à formiga que ela não é capaz de perceber a curvatura – até onde o inseto pode verificar, trata-se de uma superfície plana (perceba que essa é a limitação cognitiva que convence os terraplanistas: a Terra é uma bola grande demais para parecer uma bola aos olhos de quem está em sua superfície).

Outro jeito interessante de enganar a formiga vai exigir um pouco mais de imaginação – a partir de agora, finja que você está em um episódio de Rick and Morty e que qualquer absurdo está valendo. Suponha que o tampo da mesa seja maleável, como uma folha de papel ou o tecido de uma cama elástica. Você pode primeiro enrolar a mesa, como se faz com uma folha de cartolina, para formar um tubo. Um cilindro. Depois, você junta as duas extremidades do tubo e forma uma rosquinha. O GIF abaixo ilustra o processo.


Perceba que, agora, o mundo da formiga se tornou um jogo de Pac Man gigante: quando ela sai por uma extremidade da mesa, ela reaparece na outra extremidade. Se o bichinho tentar cair pela beirada da esquerda, ela vai entrar pela beirada da direita. O inseto pode andar para sempre, e sempre voltará repetidas vezes ao ponto de onde começou. Que nem o Pac Man. Quando ele sai por uma ponta da tela, reaparece na outra. O nome que os matemáticos dão para essa rosquinha do eterno retorno é toro.

Perceba que, em dois dos casos mencionados – a esfera e a rosquinha –, nós precisamos transformar a mesa bidimensional em algo com três dimensões para dar à formiga a ilusão de que ela está em uma superfície bidimensional infinita. São truques matemáticos muito fáceis de visualizar até para um leigo na área, porque nós vivemos em um Universo de três dimensões e podemos manipular formas que têm altura, largura e comprimento com as mãos.

Resumindo o papo até agora: temos três tipos de mesa enganadora de formiga. A mesa com beiradas infinitas, a mesa esférica e a mesa rosquinha. Memorize estes três. Há outros jeitos de enganar a formiga, mas eles envolvem matemática extremamente complexa e não estão ao alcance explicativo de um repórter da SUPER.

Agora vamos para a parte que é de explodir a cabeça. O Universo – esse lugar enorme e cheio de estrelas em que você vive – precisa ter uma forma. Essa forma tem que ser diferente no caso dele ser infinito e no caso dele não ser. Nos dois casos, porém, você é como a formiga: nunca conseguirá perceber qual das duas alternativas está certa apenas com seus olhos de Homo sapiens.

Se o Universo for infinito, então ele é como uma versão em três dimensões da mesa infinita. Pense, então, em uma caixa infinita. Não importa o quanto você percorra a caixa em qualquer direção: para os lados, para frente e para trás ou para cima e para baixo. A caixa nunca acaba. Até aí, tudo bem.

Saturno retrógrado prevê transformações e tensão entre sociedade e poder

Fase dura de agora até dia 29 de setembr deste ano -

Saturno, o grande rei do tempo, planeta que nos cobra sobre responsabilidades e rege o poder, começou nessa semana seu trânsito retrógrado, que dura até o dia 29 de setembro. Por retrogradação, entendemos que o seu aparente movimento será para trás. Na Astrologia, isso significa que os assuntos regidos pelo planeta entram em revisão. É um período de tempo em que o melhor potencial de um planeta está prejudicado. É quando temos que nos esforçar mais para conseguir realizar as "tarefas" que o planeta oferece e também é quando os desafios se tornam mais presentes e evidentes.

Lua nova em Gêmeos pode potencializar escapismo e fake news

Fenômeno começou na tarde de ontem e vem para potencializar a movimentação de planetas por signos mutáveis - pixelpot/Getty Images/iStockphoto


A Lua nova em Gêmeos, que começou exatamente no dia 22, às 14h38 pelo horário de Brasília, vem para potencializar a movimentação de planetas por signos mutáveis. Em teoria, isso traz mais movimento e dinamismo, principalmente para as comunicações. Porém, como há algumas retrogradações acontecendo, a astróloga Sonya Rezende destaca que as reavaliações e reflexões serão a tônica da vez. Essas influências poderão ser sentidas pelos próximos 28 dias.

Afinal, que papo é esse de universo paralelo e tempo ao contrário?

Spoiler: não, não acharam o Mundo Invertido de "Stranger Things" - Divulgação/Netflix


Você deve ter visto recentemente manchetes envolvendo a Nasa e a descoberta de "evidências" que "comprovariam" ou "confirmariam" a detecção de um universo paralelo. Não só isso: no universo novo encontrado pela Nasa, o tempo fluiria ao contrário. Mas, as manchetes estão longe de serem precisas, e a Nasa não tem praticamente nada a ver com a história. A notícia original foi publicada na revista New Scientist em abril deste ano, sobre partículas estranhas observadas por um experimento na Antártica.

Divulgação/Jornal da USP

Nasa batiza telescópio com o nome de Nancy Grace Roman, "mãe do Hubble"

Novo telescópio da Nasa recebeu o nome da astrônoma Nancy Grace Romano, a 1ª chefe de astronomia da agência espacial - Divulgação/Nasa

A astrônoma Nacy Grace Roman, reconhecida como a "mãe" do telescópio Hubble, recebeu uma homenagem da Nasa, agência espacial norte-americana, nesta quarta-feira. O telescópio de última geração Wide Field InfraRed Survey Telescope (WFIRST) agora levará o seu nome. Atualmente em desenvolvimento, o equipamento se chamará Telescópio Espacial Nancy Grace Roman e ajudará cientistas na procura por planetas distantes que estão além do sistema solar, informou a Nasa.

Por que 1º lançamento de astronauta nos EUA em 9 anos não vai ter festa

Crew Dragon da SpaceX - Divulgação

A Nasa vai realizar no próximo dia 27 de maio o primeiro lançamento tripulado a partir de solo americano desde 2011, na missão STS-135. Mas o que seria um retorno triunfante, com festa e expectativa de meio milhão de espectadores no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, deve ficar marcado pela falta de celebração devido à pandemia de covid-19. Desde o lançamento de 2011, a Nasa confiou nas cápsulas russas da Soyuz, lançadas do Cazaquistão, para enviar seus astronautas para a órbita. Nesse período, as plataformas de lançamento do Cabo Canaveral aderiram a missões de robótica e carga.

Sirius, maior acelerador de partículas do Brasil, revela primeiras imagens

Imagem com detalhes de ventrículo de coração de camundongo feita a partir do Sirius - Divulgação/CNPEM


Primeiro teste, com uma rocha e o coração de um camundongo, foi realizado a uma potência 13 mil vezes menor do que a projetada para a máquina. O Sirius, a maior construção científica já feita no Brasil, estimada em R$ 1,8 bilhão, revelou suas primeiras imagens nesta quinta-feira (19). Trata-se de dois raios-x, um tirado de uma rocha e outro do coração de um camundongo. Neste primeiro teste simples, como definiram os cientistas, e realizado a uma potência 13 mil vezes menor do que a projetada para a máquina, foi possível observar a chegada da luz síncrotron (de extrema potência e velocidade) pela primeira vez em uma das futuras estações experimentais do Sirius..

A 'dança de buracos negros' que comprova teorias de Einstein e Stephen Hawking

Ilustração do fenômeno: o buraco negro menor "perfura" a órbita do maior gerando quantidades massivas de calor e luz - R.Hurt/Abhimanyu.S

A movimentação acontece duas vezes a cada 12 anos ? veja o que cientistas conseguiram demonstrar com a observação de uma delas. Astrônomos conseguiram comprovar as principais previsões das teorias de Albert Einstein sobre a relatividade estudando a maneira como dois buracos negros se movem. Um desses objetos é um verdadeiro colosso — um buraco que pesa 18 bilhões de vezes a massa do nosso Sol; o outro não é tão grande assim, com "apenas" 150 milhões de massas solares.

O Universo tem consciência? Quem diz isso é um polêmico modelo matemático

Pixabay


O Universo pode ter consciência. Apesar da frase meio poética, quem diz agora que isso é possível é uma ciência mesmo: a boa e velha matemática. Conseguimos prever fenômenos naturais com precisão apenas manipulando números, desde os movimentos dos planetas até a colisão de dois buracos negros a bilhões de anos-luz de distância. Mas como isso é possível? Para explicar, cientistas estão se debruçando sobre um modelo controverso chamado Teoria da Informação Integrada (IIT).

Meteorito encontrado na Antártida indica que Marte já foi azul


Há 4 bilhões de anos, Marte pode ter sido coberto por água - Getty Images

Um meteorito vindo de Marte encontrado na Antártida em 1984 possibilitou uma descoberta curiosa: o planeta vermelho pode ter sido azul há 4 bilhões de anos. Os cientistas calculam que o objeto ALH 84001 se desprendeu da superfície marciana há 15 milhões de anos. As moléculas de nitrogênio presentes no meteorito sugerem que o planeta já foi coberto por água, o que lhe daria uma aparência muito diferente da atual.

Outra possibilidade sobre a origem das moléculas de nitrogênio é que elas tenham vindo de outro planeta, e chegaram a Marte em outro meteorito. "No início da história do Sistema Solar, Marte provavelmente foi atingido por quantidades significativas de matéria orgânica, por exemplo de meteoritos, cometas e partículas de poeira ricos em carbono. Alguns deles podem ter se dissolvido na água salgada e ficado presos no carbono", explicam os cientistas.... -Alguns deles podem ter se dissolvido na água salgada e ficado presos no carbono", explicam os cientistas.

Cientistas encontram buraco negro mais próximo da Terra já registrado

Representação de um buraco negro - Getty Images


O buraco negro mais próximo da Terra já registrado foi encontrado por cientistas europeus que trabalham em uma instalação no sul do Chile.

Segundo os pesquisadores, o buraco está há menos de mil anos-luz de nós, e as estrelas que que giram ao seu redor podem ser vistas da Terra a olho nu.

Por que o Polo Norte Magnético da Terra está migrando do Canadá para a Rússia

A equipe, liderada pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, diz que comportamento é explicado pela competição entre duas massas magnéticas no núcleo externo da Terra. Um grupo de cientistas europeus acredita que finalmente descobriu porque o Polo Norte magnético está se deslocando. Nos últimos anos, ele se afastou do Canadá e seguiu para a Sibéria, na Rússia.

O campo magnético da Terra é gerado em seu núcleo externo - ESA

Cientistas encontram buraco negro mais próximo da Terra; entenda


Astrônomos do Observatório Europeu do Sul divulgaram hoje a descoberta do buraco negro mais próximo à Terra já observado. Isso foi possível através da análise da órbita de duas estrelas ao seu redor: o movimento detectado só poderia ser explicado com a existência de um terceiro objeto escuro no sistema. Com cerca de 5 vezes a massa do Sol, o objeto no sistema HR 6819 está a aproximadamente 1000 anos-luz de distância. Embora isso possa parecer distante, em termos astronômicos isso é tão próximo que o sistema estelar pode ser observado a olho nu, na constelação do Telescópio, em uma noite escura fora de centros urbanos. Infelizmente, veríamos apenas um pontinho brilhante, já que para detectar o movimento de estrelas é preciso utilizar os avançados instrumentos à disposição no Observatório de La Silla, como a câmera FEROS .

Chuva de meteoros: frustração com fenômeno se transforma em memes na web



Chuva de meteoros - Getty Images

A madrugada de terça (5) para quarta-feira (6) previa o pico de uma chuva de meteoros, a Eta Aquáridas, que nada mais é que os resquícios do cometa Halley. Mas o evento culminou mesmo numa mescla de frustração e diversos memes na web. O horário previsto para o fenômeno era às 3h. Desde então, o termo #ChuvadeMeteoro virou um dos assuntos mais falados das redes sociais, onde muitos internautas mostraram decepção já que a expectativa era assistir a chuva de meteoro com nitidez. O clima em algumas regiões do país, porém, foi um dos empecilhos para que isso acontecesse e restou mesmo brincar com a situação.

Três vezes maior que Júpiter, planeta descoberto é o novo gigante espacial

Planeta Kepler-88 D e sua localização no sistema estelar Kepler-88 - Observatório W. M. Keck/Adam Makarenko


Se o maior planeta de nosso sistema solar, Júpiter, já é grande, imagine um com três vezes a massa dele. Trata-se de Kepler-88 D, planeta do sistema estelar Kepler-88 descoberto por astrônomos do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí. Localizado na constelação de Lira, a Harpa, a 1.200 anos-luz da Terra, Kepler-88 D leva quatro anos para completar uma volta ao redor da Kepler-88, a estrela que dá nome ao sistema do qual faz parte.

Foguete chinês de 20 toneladas cai sem controle na Terra; cano atinge vila

Foguete Long March 5B em sua decolagem - CASC


O enorme corpo de um foguete chinês caiu descontroladamente na Terra na noite de ontem (11). Ele havia sido usado na semana passada e virou lixo espacial, mas reentrou na atmosfera de maneira imprevisível. Após se despedaçar e queimar, detritos caíram sobre a África Ocidental e chegaram a danificar alguns vilarejos. 

Cometa "verde" com cauda enorme pode ser visto a olho nu nos próximos dias

Cometa Swan, em imagem divulgada pela agência espacial Nasa - Divulgação/Nasa

Quem quiser observar o cometa "verde" Swan e sua cauda de mais de 17 milhões de quilômetros conseguirá fazer isso apenas ao olhar para o céu. De acordo com astrônomos, a bola de gelo está ficando cada vez mais brilhante ao se aproximar do Sol. Descoberto em abril pelo astrônomo Michael Mattiazzo, da Áustralia, o objeto espacial recebeu esse nome porque foi observado com o Solar Wind Anisotropies (Swan), instrumento que faz parte do satélite de observação Soho, operado pela Nasa e pela Agência Espacial Europeia.

Por que boato de universo paralelo abala a responsabilidade da ciência


Imagem do experimento Anita, na Antártida (Nasa) "Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias", já dizia o astrônomo e divulgador científico Carl Sagan. Essa semana, uma notícia agitou as redes sociais e canais de notícias: a Nasa teria descoberto um universo paralelo, onde o tempo correria ao contrário. Parece fantástico, não? Talvez seja mesmo uma fantasia. Vamos aos fatos. O experimento Anita (não a cantora, mas a Antena de Transientes Impulsivos na Antártida) foi criado para detectar ondas de rádio produzidas pela passagem de neutrinos pela Terra. Há alguns anos, descobriu um sinal que parecia vir do solo, e não dos céus, e isso foi visto novamente em 2020.

Foguete chinês de 20 toneladas cai sem controle na Terra; cano atinge vila

Foguete Long March 5B em sua decolagem - CASC

O enorme corpo de um foguete chinês caiu descontroladamente na Terra na noite de ontem (11). Ele havia sido usado na semana passada e virou lixo espacial, mas reentrou na atmosfera de maneira imprevisível. Após se despedaçar e queimar, detritos caíram sobre a África Ocidental e chegaram a danificar alguns vilarejos. Com quase 20 toneladas, é o maior pedaço de lixo espacial a atingir o planeta em quase três décadas.

O que são essas manchas: Sol inicia novo ciclo e vai variar de aparência


Imagem ultravioleta mostra a radiação ultravioleta emitida pelo Sol durante o último máximo de atividade, em 2014 (Nasa/ SDO/ LMSAL) Estamos entrando em uma nova era astronômica. Mas não é a era de Aquário nem nada parecido; é o começo do Ciclo Solar 25, o mais novo episódio de um fenômeno que se repete a cada 11 anos, aproximadamente. Nem todo mundo sabe, mas o Sol varia muito de aparência dentro desse ciclo. Quando a atividade é máxima, como mostrado na imagem acima, surgem muitas manchas solares, que podem parecer como regiões escuras na superfície solar. Em períodos mínimos, como agora, quase não vemos essas regiões, e a superfície do Sol parece mais homogênea.

A 300 mil km/s, luz parece "lenta" viajando pelo cosmos



Para nós, humanos aqui na Terra, a velocidade da luz é muito rápida, com seus 300 mil km por segundo. Mas, uma animação do cientista planetário James O'Donoghue, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa), mostra que em termos cósmicos nossa percepção da luz pode mudar rapidamente. Em um segundo, a luz é capaz de dar 7,5 voltas ao redor do planeta Terra. Rápido, certo? Mas na animação, ela chega a levar pouco mais de um segundo para chegar até a Lua. Já os pulsos percorrendo a distância até Marte são emitidos a cada 3,36 segundos e a distância entre eles é sempre de 1 milhão de km. 

Duas superluas brilharão em 2020 para os amantes da astronomia



No total, 2020 terá 13 luas cheias, mas duas em particular deverão ser as mais apreciadas. Uma inclusive, que acontecerá no Halloween, a Lua ficará azul. Já imaginaram?

O ano de 2020 será cheio de surpresas e ainda mais para os amantes da astronomia. 2019 foi bastante surpreendente com três superluas, nos primeiros três meses do ano, mas 2020 também traz consigo seus próprios eventos extraordinários dessa natureza. Este ano você pode ver 13 luas cheias e duas super luas. O cronograma já está apresentado.

De acordo com o portal NJ.com, especialistas em astronomia revelaram que teremos duas superluas em 2020, e em outubro acontecerão duas luas cheias, das quais a segunda já está sendo batizada de lua azul e poderá ser vista apenas na manha de Halloweeen

 
Segundo o meteorologista Brian Lada, da empresa americana de previsão AccuWeather, a combinação de uma lua azul ocorre cada dois ou três anos, mas especificamente no Halloween é um evento extremamente raro. A próxima vez que esse acidente histórico ocorrer será provavelmente somente daqui uns 20 anos, segundo Brian.

“Embora as luas azuis ocorram uma vez a cada dois ou três anos, elas são ainda mais raras no Halloween, diz o meteorologista da AccuWeather, Brian Lada. “Depois da lua azul em 31 de outubro de 2020, o doce ou a travessura deve esperar até 2039 para ver a próxima lua azul no Halloween.”, disse ao portal.


 
O termo superlua refere-se a quando as órbitas das luas cheias estão mais próximas da média da Terra, o que confere a este satélite uma maior apreciação, além de ficarem até 30% mais brilhante que as luas comuns.

As duas superluas serão em 9 de março e a outra em 7 de abril, e esta deve ser a maior do ano. Neste calendário (dia / mês / hora / apelido), você pode ver todas as luas incríveis que são esperadas para este ano, com a hora do Leste nos Estados Unidos. Para saber do Brasil, você vai precisar checar o fuso.

– 10 de janeiro às 14h21 – Luna del Lobo

– 9 de fevereiro às 2:33 da manhã – Snow Moon

– 9 de março às 13:47 – Worm Moon (superlua)

– 7 de abril a 22h35 – Luna Rosada (superlua)

– 7 a 6 de maio – 45h – Luna de las Flores

– 5 de junho a 15h12 – Moon Moon

– 5 de julho – 12:44 – Lua do cervo

– 3 de agosto às 11:58 – Lua de esturjão

– 2 de setembro – 13:22 – Luna de Maíz

– 1 de outubro – 17h05 – Crop Moon

– 31 de outubro às 10:49 – Luna Azul

– 30 de novembro – 4:29 – Luna del Castor

– 29 de dezembro a 22h28 – Lua Fria

Astronomia X Programação

Astronomia amadora: Conheça grupos que fazem encontros no Brasil
A Astronomia, em seus primórdios, era muito próxima da Astrologia, ambas eram formas de observação dos astros e tentativas de entender os ciclos que regem o universo, o planeta e a vida na terra.
Durante a renascença, com Galileu Galilei e seu telescópio, a astronomia começou a diferenciar-se da astrologia. Desenvolveu-se o método científico, utilizado até os dias de hoje, onde as observações dos primeiros astrônomos eram anotadas e compartilhadas na forma de publicações que poderiam ser comparadas, checadas e corrigidas por outros. A exemplo de Johannes Kepler, que pouco tempo depois descrevia a óptica das lentes, incluindo um novo tipo de telescópio astronômico com duas lentes convexas.
A partir de Isaac Newton, as explicações começaram a ser descritas matematicamente, dando lugar a possibilidade de previsões e o teste de hipótese, ao invés de termos vagos e contraditórios utilizados até então.
Essa breve história nos mostra que com o passar do tempo, a astronomia deixou de ser um método meramente contemplativo dos astros, para uma ciência de análise de informações, alinhada com as tecnologias mais modernas de automação e processamento de dados.
Podemos encontrar exemplos dessa parceria em momentos cruciais da astronomia do século XX, como por exemplo, no desenvolvimento do programa responsável por conduzir o homem à Lua de maneira segura e trazê-lo de volta, graças a uma grande “pequena nerdinha” que falaremos mais a respeito, em breve.
Atualmente, a exploração espacial, através da análise de dados, pode interpretar as informações e as transformar em conhecimento. Os dados nos possibilitam também a construção de maneira efetiva de materiais gráficos ou de modelagens estatísticas de planetas, estrelas e sistemas solares.
A programação proporciona a criação de programas, aplicativos e códigos, para: sistemas de vida no espaço ou de controle e navegação das naves. Além de criar simulações, programas de fotografia e de vídeo em alta definição, sistemas de construção de texturas e animação 3D. Portanto, preparem-se para presenciarmos outros “saltos gigantescos” da humanidade cada vez mais próximos, graças a esta união!

Estrelas – Do Que Elas São Feitas?


As estrelas são formadas pelo constituinte básico do universo, o Hidrogênio. Mas elas não existem desde sempre. A sua formação iniciou-se no passado há alguns bilhões de anos e continua a ocorrer nos dias de hoje. Em nossa galáxia, conhecida como Via Láctea, existem cerca de 300 bilhões de estrelas. O Sol é uma delas.

De forma geral, estrelas são corpos celestes que têm uma luz própria. Elas são esferas enormes e colossais, compostas puramente de gás que acabam produzindo reações nucleares e que, graças a gravidade, podem se manter ativas, sem explodir, por milhões ou bilhões de anos.

Suas estruturas gasosas são compostas majoritariamente por Hidrogênio e Hélio e quase perfeitamente circulares em razão do seu grande campo gravitacional em todas as direções do espaço. 

Além disso, a massa de uma estrela define sua temperatura, sua cor, seu tamanho, sua luminosidade e o seu tempo de vida e sua localização num gráfico chamado de sequência principal. Quanto maior a massa, mais quente, mais azul e mais luminosa será a estrela, e menor será o seu tempo de vida.

Você sabia?
Para se ter noção da dimensão das estrelas, saiba que o Sol é uma estrela pequena. No entanto, ele tem um diâmetro de 1 milhão e 400 mil  quilômetros (o volume do Sol  equivale a cerca de 1 milhão e 300 mil planetas Terra).

Existem estrelas muito maiores, como por exemplo a Eta Carinae, que possui um diâmetro 200 vezes o do Sol, sendo que se fosse colocada no lugar do mesmo, ela engoliria em seu volume os planetas Mercúrio, Vênus e nossa Terra.

As estrelas pequenas, tal como o Sol, no final da sua vida dão origem a nebulosas planetárias. Depois de algum tempo, que pode ser de milhões de anos, a zona central da estrela transforma-se em anã branca – uma pequena esfera muito densa e com pouco brilho.

As estrelas de grandes dimensões, quando começam a esgotar o seu combustível, expandem-se, sofrendo explosões violentas.

A explosão de uma estrela de elevada massa chama-se supernova. Esta explosão é tão brilhante que equivale a todas as estrelas juntas de uma única galáxia.

O destino do núcleo que sobra após a explosão da supernova é, novamente, ditado pela massa. Estrelas muito pequenas e extremamente densas que são fontes pulsantes de ondas de rádio, formam uma estrela de nêutrons. 

E as estrelas com massa muito maior que a do Sol, após a fase das supernovas, originam buracos negros, objetos tão densos que atraem tudo, incluindo a própria luz.

Vapor D’água Em Planeta Fora Do Sistema Solar!



A busca por vida fora da Terra e pelo Sistema Solar ganhou um novo e muito importante capítulo na última quarta-feira (11).

Uma pesquisa feita a partir de dados coletados pelo telescópio espacial Hubble revelou pela primeira vez vapor de água na atmosfera num planeta fora do Sistema Solar, o exoplaneta K2-18b, o  qual orbita sua estrela numa região conhecida como “zona habitável”, ou seja, região na qual poderia haver condições mínimas para o possível desenvolvimento de vida como conhecemos. 

Como é o K2-18b?
Duas vezes maior que a Terra e com oito vezes a sua massa, o K2-18b orbita sua estrela à distância – nem muito longe nem muito perto – e as temperaturas oscilam entre os 0 e os 40 graus Celsius, o que permitiria a existência de água no estado líquido, que é necessária para a sobrevivência humana. Esse exoplaneta pode possuir um clima muito semelhante ao da Terra.

Dado o alto nível de atividade de sua estrela anã vermelha, o K2-18b pode ser mais hostil à vida como a conhecemos do que a Terra, pois provavelmente será exposto a mais radiação de alta energia. 

Para constatar a presença de vapor de água, os astrônomos utilizaram um algoritmo para processar as informações captadas pelo telescópio Hubble: de acordo com o estudo, também foram identificados os elementos hidrogênio e hélio na atmosfera do K2-18b. 

Em sua maioria, planetas fora do Sistema Solar com atmosfera são uma espécie de bolas gigantes de gás. Já os poucos planetas rochosos sobre os quais existem dados disponíveis parecem não ter atmosfera.

Além disso, a maioria dos planetas semelhantes à Terra está muito longe de suas estrelas para ter água líquida ou muito perto, a ponto de todo H2O ter evaporado.

Desde que foi lançado, em 24 de abril de 1990, o telescópio espacial Hubble contribuiu com descobertas incríveis para a comunidade científica internacional.

Localizado a 600 quilômetros de altitude orbitando a Terra, o equipamento será substituído em 2021 pelo telescópio espacial James Webb, com um diâmetro de 2,5 vezes maior e uma área de espelho seis vezes maior, permitindo captar muito mais luz. Descobertas incríveis serão feitas como o novo telescópio espacial. 

Por Que Não É Planeta?


Descoberto há 80 anos pelo astrônomo norte americano Clyde Tombaugh, Plutão foi considerado o último planeta do Sistema Solar até 2006, quando ocorreu sua reclassificação para a classe de planeta-anão.

A decisão de retirar Plutão da categoria de planeta não aconteceu do dia para a noite. Foram anos de intenso debate, com argumentos válidos dos dois lados do “ringue”, e a reclassificação de Plutão rende polêmica até hoje. Uns acreditam que a redefinição do planeta para a categoria de planeta-anão foi uma vitória do raciocínio científico, enquanto outros defendem que o pequeno mundo nos confins do Sistema Solar é especial demais para não ser oficializado como um planeta.

De acordo com uma resolução da União Astronômica Internacional – IAU, para um corpo celeste ser classificado como um planeta, ele precisa atender a três requisitos principais:

Ele precisa estar em uma órbita em torno do Sol
Deve ter massa suficiente para que sua própria gravidade possa moldá-lo numa forma aproximadamente esférica.
Precisa ser capaz de limpar sua órbita, ou seja, ser o objeto gravitacionalmente dominante naquela região.
Plutão orbita o Sol e também é de aproximadamente forma esférica, encaixando dois requisitos. No entanto, o planeta anão começa a ter problemas quando os astrônomos olham para a regra final. Ele não realiza a limpeza de sua vizinhança, ou seja, é incapaz de consumir corpos menores ou jogá-los para longe usando sua gravidade.

Plutão está numa região além da órbita do planeta Netuno, região onde há muitos outros objetos, como núcleos de cometas e asteroides, formando um cinturão ao redor do Sol, o cinturão de Kuiper. Esse fato, Plutão estar numa região com inúmeros outros objetos, ajudou a não enquadrá-lo no item 3 da resolução da IAU, culminando assim em sua reclassificação.

Em 2006, além de Plutão outros corpos foram alocados na classe de planeta-anão, assim atualmente existem cinco planetas anões, Ceres, que antes de ser reclassificado era o maior dos asteroides conhecidos, Plutão, Haumea e Makemake, cujos nomes derivam da mitologia havaiana e Eris, planeta anão que carrega o nome da deusa da discórdia.

Por mais que Plutão não seja mais um planeta, sua descoberta ajudou os astrônomos a conhecer mais sobre o Sistema Solar e a região além dos planetas até então conhecidos. Além do mais, é improvável que seja esquecido tão cedo, pois os dados e imagens enviados pela missão New Horizons da NASA, a qual chegou em Plutão em julho de 2015, nos mostraram que ainda há muito o que aprender sobre os objetos congelados que estão além da órbita de Netuno, nos confins do Sistema Solar.


Astronomia e Astrologia

astronomia e astrologia

Que tal esclarecer de vez a diferença entre astronomia e astrologia? Muitas pessoas continuam a confundir esses termos. Inicialmente, podemos afirmar que a “base” dos conhecimentos é a mesma, pois ambos estudam os corpos celestes e seus movimentos, mas a forma com que realizam tal estudo é completamente diferente.

A Astronomia é a ciência responsável pelo estudo dos planetas, estrelas, satélites naturais, cometas, sistemas estelares, nebulosas e galáxias, por exemplo. Trata-se dos conhecimentos científicos referentes à parte física e de movimentos próprio e aparente dos astros, como a sua posição, tamanho e localização, além de se dedicar ao descobrimento de novos corpos celestes e de nomeá-los. Tais conhecimentos são divididos em ramos da Astronomia como a astrometria, mecânica celeste, cosmologia, radioastronomia, dentre outras. É uma ciência natural e exata, uma das mais antigas da humanidade, que analisa desde a origem, evolução, composição e movimento dos corpos celestes.

Já a Astrologia é o estudo da posição e do movimento dos astros de acordo com uma visão de milênios atrás, sem contar as mudanças decorrentes dos movimentos da Terra nesse período. Através da sua interpretação pretende-se conhecer e predizer o destino dos homens e a influência dos astros sobre seus comportamentos, além de prognosticar também os acontecimentos terrestres.

É importante destacar que os estudos de Astrologia não são considerados uma ciência, mas alguns a englobam como pseudociência ou crença pseudocientífica, por seguir um sistema de crenças não provadas.

E você sabia que a divisão entre Astronomia e Astrologia aconteceu recentemente? Johannes Kepler foi um dos grandes defensores da união de ambas, sendo ao mesmo tempo um grande astrônomo e um grande astrólogo. Considerado o último astrônomo do mundo ocidental a acreditar na astrologia, ele tentou conciliar a astrologia da época à visão heliocêntrica da astronomia. Porém, sua tentativa foi em vão e a ruptura, que ocorreu no século XVIII, foi inevitável.

Ou seja, a principal diferença está em que a Astronomia estuda e explica cientificamente fenômenos naturais como os eclipses, passagem de cometas, chuvas de meteoros, etc. enquanto a Astrologia está relacionada com aspectos como os horóscopos, superstição, cartas astrais, etc.

KIC 8462852

O que explica o comportamento de KIC 8462852, a estrela suspeita ...

Observações resultantes de um mutirão que mobilizou centenas de cientistas e milhares de doadores indicam que a “Estrela de Tabby” não é assim tão misteriosa
Há cerca de dois anos, KIC 8462852, uma estrela até então desconhecida fora da comunidade astronômica, causou uma tempestade midiática quando surgiram especulações (inclusive acadêmicas) de que seu comportamento incomum seria fruto da intervenção de uma civilização alienígena extremamente avançada, capaz de construir uma mega-estrutura ao redor dela.  Na época, explicamos as várias teorias por trás do fenômeno e concluímos que era cedo para se chegar a uma conclusão mas novas observações iriam “permitir futuras análises e, quem sabe, mais reviravoltas.”

Descoberta por astrônomos amadores que caçavam planetas nos arquivos do telescópio espacial Kepler em 2009, KIC 8462852 não revelou nenhum mundo ao seu redor mas seu comportamento esquisito — com grandes e imprevisíveis flutuações de luminosidade — chamou a atenção dos cientistas nos anos seguintes. A principal responsável pelo estudo deste astro é a astrônoma Tabetha “Tabby” Boyajin, da Universidade Estadual de Lousiana (EUA). Por isso, essa estrela, situada a uns 1000 anos-luz de distância,  cerca de 50% maior e 1000 graus mais quente que o Sol, acabou apelidada de “Estrela de Tabby”.

A tempestade midiática em torno da Estrela de Tabby passou tão rápido quanto surgiu. Mesmo assim, ela continuou a ser alvo de estudos e observações de astrônomos profissionais e amadores. Mais de 1700 fãs de astronomia queriam tanto entender essa estrela que levantaram mais de 100 mil dólares numa campanha de crowdfunding — recurso que seria usado para custear mais observações através de uma rede de telescópios ao redor do mundo.

O resultado desse esforço coletivo para pesquisar uma única estrela apareceu recentemente num paper publicado em pré-print assinado por 200 cientistas, a começar pela própria Tabby Boyajian. Entre os colaboradores está o responsável pela especulação sobre a mega-estrutura alienígena: o prof. Jason Wright, da Universidade Estadual da Pensilvânia. O artigo será oficialmente publicado na edição de abril do Astrophysical Journal Letters.

As novas observações, feitas no Observatório Las Cumbres entre março de 2016 e dezembro de 2017, buscavam identificar o momento exato de um fenômeno de apagamento parcial da estrela. Não foi visto nada demais em KIC 8462852 nos primeiros meses de pesquisa. Então, a partir de maio do ano passado, ocorreram quatro episódios de quedas de luminosidade. Enquanto os cientistas tentavam entender esses fenômenos, os doadores do crowdfunding tiveram a oportunidade de dar nomes a eles: os dois primeiros apagões foram chamados Elsie e Celeste. Os dois últimos foram batizados com nomes de cidades perdidas célebres: Scara Brae (Escócia) e Angkor (Camboja).

Ficou comprovado que a Estrela de Tabby realmente se acendia e se apagava de vez em quando. Não era uma falha dos instrumentos do telescópio espacial Kepler, como se chegou a pensar. Mas tampouco o fenômeno se deve a uma mega-estrutura alienígena como uma Esfera de Dyson ao redor do astro incomum. O que Boyajian e seus centenas de colegas perceberam era que as sombras vindas de KIC 8462852 não eram causadas por um (ou mais) corpo(s) opaco(s). Em vez disso a fonte dos apagões parecia ser difusa, pois causava quedas de luminosidade em algumas frequências luminosas, mas não em outras.

“A poeira é a causa mais provável para o porquê a luz da estrela parece se acender e se apagar”, explicou Boyajian em comunicado ao Phys.org. “Os novos dados indicam que diferentes cores são bloqueadas com diferentes intensidades. Portanto, o que quer que esteja passando entre nós e a estrela não é opaco, como seria de se esperar de um planeta ou uma mega-estrutura alienígena.”

Essa conclusão se coaduna com a hipótese mais simples possível para explicar o mistério de KIC 8462852: a de que a estrela estaria cercada por uma densa nuvem de exocometas. Grande o bastante porém formada por um enxame de corpos pequenos demais para ser detectados, tal nuvem seria capaz de tapar parcialmente nossa visão da estrela. A hipótese cometária, aliás, foi uma das primeiras a surgir e havia sido proposta pela própria equipe original de Boyajian.

Embora a ideia de uma mega-estrutura alienígena tenha sido descartada por essa série de observações — o prof. Wright jogou a toalha e desistiu de sua teoria meio mirabolante —, ainda há uma outra teoria compatível com os resultados: as mudanças de luminosidade seriam causadas não por um fator externo mas por algo interno à própria estrela (mas não se sabe o quê, exatamente). É possível, portanto, que esse não seja o fim da saga para entender a Estrela de Tabby e novas reviravoltas podem surgir futuramente.

Entre planetas e Estrelas



Essa é uma história com alguns planetas, três estrelas e suas respectivas interações gravitacionais. Às vezes, essas atrações são fatais
Desde que Plutão deixou de ser planeta, há rumores de que haveria outro mundo oculto para lá da órbita plutoniana. Vários candidatos surgiram — Haumea (que tem até anéis recém-descobertos), Éris, Quaoar, Sedna —, mas nenhum se enquadrou na nova definição de planeta. Junto com Plutão, eles ficaram classificados como planetas-anões, a série B do sistema solar. Mas talvez ainda haja alguém na rabeira da primeira divisão. Um mundo bem grande, bem escuro e muito distante. Apelidado de Planeta 9, ele vem sendo caçado nos últimos anos e parece ter deixado alguns rastros.

Entre os caçadores do Nove, estão o astrofísico Konstantin Batygin e o astrônomo Mike Brown, ambos do Caltech, o Instituto Tecnológico da Califórnia. Para Batygin, existem pelo menos cinco evidências indiretas da existência do Nove. Se esse mundo não existir, disse ele ao Science Daily, “então você gera mais problemas do que resolve. De repente, você tem cinco enigmas diferentes e tem de criar cinco teorias diferentes para explicá-los.”

Batygin e Brown descreveram as três primeiras evidências a favor do 9 num paper publicado no Astronomical Journal em janeiro do ano passado. Segundo eles, existem três objetos nos cafundós do cinturão de Kuiper cujas órbitas elípticas estão todas voltadas para a mesma direção. Outra pista é a inclinação dessas órbitas, de cerca de 30 graus “abaixo” do plano da elíptica — o plano formado pelas órbitas dos planetas conhecidos. A terceira pegada também estaria na existência de órbitas inclinadas – no caso, de pelo menos cinco objetos que estão quase na perpendicular em relação ao nosso plano.

Na verdade, a própria eclíptica teria sido entortada pelo Nove. Essa é a conclusão do estudo feito por Elizabeth Bailey, orientada de Batygin. Há anos sabe-se que a eclíptica tem 6o. de inclinação em relação ao equador solar. Para o grupo de Batygin e Brown, o culpado por tamanhas perturbações seria o Planeta Nove.

Se for assim, o 9 deve ser nosso primo maior: uma super-Terra, um mundo rochoso com tamanho situado entre a Terra e Netuno. Super-Terras são comuns e têm sido descobertas em muitos sistemas solares. Só falta um detalhe: encontrar esse mundo grandalhão e tímido. Para isso, os pesquisadores do Caltech estão usando o Telescópio Subaru do Observatório Mauna Kea, no Havaí. Se for encontrado — e talvez seja —, o Nono Planeta será bem-vindo à família do Sol e certamente será recebido com um banquete por seus descobridores.

Kronos & Krios

Não que planetas tenham fome — mas alguns sóis têm. Esse parece ser o caso da estrela HD 240430, que parece ter ingerido o equivalente a quinze massas terrestres segundo astrofísicos da Universidade Princeton. Situado a 326 anos-luz de distância, esse astro faminto faz parte de um sistema binário com HD 240429. Separadas por dois anos-luz de distância entre si, essas estrelas se orbitam lentamente, com uma volta a cada 10 mil anos. Ambas são estrelas amarelas do tipo G, como o nosso Sol, mas um pouco mais novas: têm só 4 bilhões de anos.

Estrelas binárias assim existem aos montes, mas o que torna esse sistema extraordinário é a diferença na composição química de seus membros. Como costumam ter a mesma origem, estrelas binárias são quimicamente parecidas. Era isso que a equipe do astrônomo Semyeong Oh e seus colegas de Princeton esperava encontrar.

No entanto, ao fazer a espectroscopia do par, eles descobriram que HD 240430 tem um perfil bastante incomum e distinto da vizinha e irmã. Essa é uma estrela rica em magnésio, alumínio, silício, crômio e ítrio — elementos pesados, formadores de rochas e minerais. Os elementos mais leves, como oxigênio, carbono, nitrogênio e potássio não aparecem na mesma proporção que HD 240429.

Ao perceber isso, Oh deve ter soltado uma exclamação — Oh! — antes de buscar uma explicação. Não foi muito difícil encontrá-la. Para Oh, HD 240430 engoliu seus planetas terrestres durante uma aproximação com outra estrela, ainda não identificada. Essa é a conclusão do artigo que ele e seus colaboradores publicaram no arXiv.org, plataforma de divulgação aberta de resultados preliminares.

“Interações gravitacionais com a estrela passante distorceram as órbitas dos planetas mais externos de Kronos, que acabaram deslocados para o sistema planetário interno”, explicaram os cientistas em comunicado à Sci-News. Por sua vez, os planetas maiores empurraram os menores e mais rochosos para dentro, transformando-os em jantar de sua estrela. Por isso, os pesquisadores acabaram apelidando a estrela comilona de Kronos e sua gêmea de Krios. Segundo Oh, Kronos é o “caso mais dramático de estrela do tipo solar devorando seus próprios planetas”.

Como no caso do nosso Planeta Nove, falta um detalhe importante: observar evidências mais diretas desse fenômeno. Oh e sua equipe esperam conseguir observar planetas ao redor de Kronos — se é que sobrou algum — e de Krios — se existirem, os mundos ao redor de Krios não teriam sido afetados de modo tão dramático. Assim é a gravidade entre os planetas: às vezes ela nos leva para jantar com a família e outras nos traz para ser jantado pela família.

Brilhem, brilhem Estrelinha

Nesta concepção artística de Amanda Smith, é possível comparar os tamanhos de Júpiter, Saturno, TRAPPIST-1 e a estrela recém-descoberta.


Nesta concepção artística de Amanda Smith, é possível comparar os tamanhos de Júpiter, Saturno, TRAPPIST-1 e a estrela recém-descoberta.

Qual é a diferença entre um planeta gigante e uma estrela pequenina? Qualquer criança pode dizer que a estrela brilha, mas a gente não sabe muito além disso.
Quem já teve aulas de astronomia do sistema solar já deve ter ouvido falar naquela história de que se Júpiter fosse um pouco maior, viveríamos num sistema binário. Agora, essa história precisa ser corrigida. Uma equipe de astrônomos da Suíça, Áustria, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, México e EUA coordenada pela Universidade de Cambridge estava caçando exoplanetas mas acabou descobrindo a menor estrela já registrada.

Ao revisar dados registrados pelos telescópios TRAPPIST e Euler, os pesquisadores encontraram uma estrela situada a cerca de 600 anos-luz do nosso sistema solar. O astro, batizado de EBLM J0555-57Ab, é parte de um sistema binário e foi detectado ao passar diante de sua compnheira bem maior numa órbita com um período de 7,8 dias. Esse método, o de trânsito, é o mesmo usado para encontrar a maioria dos exoplanetas descobertos.

A estrelinha é descrita em artigo assinado por Alexander von Boetticher et. al. a ser publicado na revista Astronomy & Astrophysics, mas já disponível em pré-print. Como acontece com planetas, a massa e o tamanho de EBLM J0555-57Ab puderam ser determinados a partir dessas primeiras observações.

As medições indicam uma massa 4 vezes superior à de Júpiter — similar à de TRAPPIST-1 — mas compactada num raio menor. Na prática, a estrelinha recém-descoberta é apenas ligeiramente maior do que Saturno e, portanto, menor do que Júpiter, o maior de nossos vizinhos planetários. Estima-se que a gravidade em sua superfície é apenas 300 vezes maior do que a que sentimos na Terra.

No entanto, ainda é cedo para saber como ou quando essa pequenina estrela se formou. Embora sejam os sóis mais comuns do Universo, estrelas como TRAPPIST-1 e EBLM J0555-57Ab ainda são pouco compreendidas. Como são bem pequenas e têm um brilho fraco, é difícil encontrá-las e estudá-las. Na verdade, é mais fácil detectar exoplanetas do que essas estrelinhas. Milhares de exoplanetas foram encontrados nos últimos anos, mas mini-estrelas como essas continuam raras nos catálogos astronômicos. Brilhem, brilhem, estrelinhas!

Câncer e Astronomia

Parece um modelo de campo magnético estelar, mas é algo bem mais palpável: uma simulação computacional da interação entre a luz (manchas amarela e vermelha) com o tecido mamário humano (branco).

Parece um modelo de campo magnético estelar, mas é algo bem mais palpável: uma simulação computacional da interação entre a luz (manchas amarela e vermelha) com o tecido mamário humano (branco). [Imagem: T. Harries/Univ. de Exeter]

Novos tratamentos do câncer pretendem usar a luz para procedimentos não-invasivos. Como lidam com a luz, as técnicas dos astrônomos pode ajudar os oncologistas.
Estrelas, planetas, exoplanetas, asteroides, nebulosas, galáxias, buracos-negros… Não parece haver limites para os objetos estudados pela Astronomia. Mas no que isso nos ajuda no dia-a-dia? Embora pareça contra-intuitivo, pesquisar coisas de outro mundo pode melhorar o nosso mundo.

A observação milenar da Lua nos levou a compreender sua influência sobre as marés, permitindo navegações e pescas mais seguras. Sem os estudos e cálculos astronômicos sobre as órbitas, não saberíamos lançar os satélites que nos dão TV, internet e GPS. Quando passamos a analisar a composição da luz solar, descobrimos no Sol um elemento desconhecido — o Hélio — cujos usos vão desde os balões infantis aos sistemas de resfriamento das máquinas de ressonância magnética. Sendo assim, que impactos a Astronomia poderia ter no combate ao câncer?

A resposta está na luz. Graças às escalas e distâncias colossais, os astrônomos não têm acesso direto aos seus objetos de estudo. Se não podem “ver com as mãos”, eles vêem com os olhos mesmo: a base de praticamente toda pesquisa na Astronomia é o estudo e a análise da luz emitida por tudo que existe lá fora. E essa luz nem precisa ser visível: ondas de rádio e raios-x, provenientes de fenômenos extremos, têm muito a nos ensinar. Portanto, se qualquer tipo de luz for usado num tratamento oncológico, as técnicas usadas por um astrônomo podem ser úteis.

A luz que vem do espaço nem sempre é pura e cristalina: na maior parte dos casos, ela chega enfraquecida depois de atravessar nuvens de poeria cósmica. Essa travessia também pode levar a desvios nas frequências de luz, o que pode dificultar as análises dos astrônomos se isso não for levado em conta. Mas o que isso tem a ver com o desenvolvimento de tratamentos para o câncer? Tudo a ver, segundo o biocientista Charlie Jeynes e seu orientador, o professor de Astronomia Tim Harries (ambos da Universidade de Exeter). Ontem (03/07), no Encontro Anual de Astronomia promovido pela Royal Astronomical Society, Jaynes e Harries mostraram que as técnicas de análise da luz usada por astrônomos pode ajudar na luta contra os cânceres de pele e de mama.

No caso do câncer mamário, ele começa com o surgimento de minúsculos depósitos de cálcio nos seios. Esses depósitos podem ser detectados por meio luminoso, através de um desvio no comprimento da onda de luz. Os cientistas de Exeter perceberam que os códigos computacionais que usam para analisar a formação de estrelas e planetas — algo que ocorre num ambiente onde a luz também é difusa por pequenas partículas – poderiam ser aplicados à detecção das pedrinhas de cálcio nas mamas.

Em colaboração com o biomédico Nick Stone, também de Exeter, os dois pesquisadores estão refinando e adaptando seus modelos computacionais astronômicos para entender melhor como a luz detectada ao passar pelo corpo humano é afetada. Isso poderia resultar num diagnóstico rápido e não-invasivo à base de luz, o que tornaria biópsias desnecessárias e aceleraria o reconhecimento precoce de casos de câncer de mama. A equipe de Exeter está trabalhando com os clínicos de um hospital universitário para criar um programa-piloto e executar testes em humanos do sistema de detecção de inspiração astronômica.

Paralelamente, o grupo de pesquisa de Jaynes e Harries busca aplicar técnicas de investigação astronômica na luta contra o câncer de pele não-melanômico, um dos mais comuns na Inglaterra. Para isso, os cientistas estão usando outro modelo computacional para fazer um laboratório virtual que poderia ser usado no desenvolvimento de tratamentos de câncer de pele à base da luz. Pode parecer contra-intuitivo usar luz para combater um câncer muitas vezes causado por ela, mas é teoricamente possível por meio das terapias fotodinâmica (que usa drogas ativadas pela energia luminosa) e fototermal (na qual a luz aquece nanopartículas aplicadas ao tumor).

No caso fototermal, por exemplo, a simulação busca replicar o comportamento de nanopartículas de ouro numa pele virtual exposta à luz infra-vermelha próxima. Resultados preliminares indicam que após um segundo de irradiação dessa forma, a temperatura do tumor aumenta 3°.C. Em 10 minutos, a temperatura do mesmo tumor pode sofrer um aquecimento de até 20 graus acima de sua temperatura normal — o suficiente para matar suas células. Essas simulações da terapia fototermal foram testas com sucesso em ratos, mas o modelo ainda precisa ser refinado para que a tecnologia seja aplicada em humanos.

“Os avanços na ciência fundamental nunca deveriam ser vistos isoladamente”, disse Jeynes. “A Astronomia não é exceção e, embora seja impossível prever [seu impacto] a princípio, suas descobertas e técnicas costumam beneficiar a sociedade. Nosso trabalho é um grande exemplo disso e eu estou orgulhoso mesmo de estarmos ajudando nossos colegas da Medicina a lutar contra o câncer.”

Urano nos primórdios

'Cataclysmic' collision shaped Uranus' evolution

Parece a imagem térmica de um ovo quebrando, mas é Urano levando um socão nos primórdios do Sistema Solar.

Uma colisão cataclísmica estaria por trás das esquisitices de sétimo planeta do Sistema Solar. No futuro, outras batidas transformariam algumas luas em novos anéis.
Ele é grande, azulado, gélido e rola em vez de girar. Situado entre Saturno e Netuno, Urano é definitivamente um mundo esquisito. Sua atmosfera é a mais fria do Sistema Solar, com médias de 216 graus negativos e ventos fortíssimos. Cercado por um tênue anel, o planeta tem luas relativamente pequenas e muito próximas entre si. Qual seria a causa de todas essas características?

Uma trombada gigantesca nos primórdios do Sistema Solar tem sido proposta como essa causa. Há cerca de 4 bilhões de anos, segundo a teoria, Urano teria sido atingido por um proto-planeta feito de gelo e rochas. Comprovar essa hipótese parece algo quase impossível, já que um planeta gasoso como Urano não pode ter crateras de impacto. Ainda que houvesse uma superfície, a essa altura os indícios da batida colossal já estariam muito esmaecidos pela erosão do solo provocada por milênios de ventanias medonhas.

Mesmo assim, uma equipe internacional liderada por astrônomos da Universidade Durham (Reino Unido) resolveu investigar os motivos que levaram Urano a ter um eixo de rotação quase perpendicular em relação aos demais planetas. Para testar a hipótese da colisão, os cientistas realizaram uma série de simulações computacionais em alta resolução.

Após trabalhar em mais de 50 cenários com diferentes parâmetros de impacto, a equipe coordenada pelo cosmologista Jacob Kegerreis chegou à conclusão de que “o resultado mais provável é que o jovem Urano teria se envolvido numa colisão cataclísmica com um objeto com o dobro da massa da Terra — ou até maior”. Essa colisão cataclísmica foi um impacto duplo. O primeiro choque, mais superficial, colocou o proto-planeta em uma nova rota de colisão. A batida final foi tão intensa que alterou a inclinação do eixo de rotação do planeta. Acompanhe as primeiras 72 h do impacto na simulação do vídeo a seguir:


Uma colisão dessas não seria capaz de reduzir bastante a cobertura atmosférica do planeta? Segundo as simulações de Kegerreis et. al., a resposta é não. Apesar de duplo, o impacto foi profundo o bastante para entortar o eixo de rotação mas superficial demais para dispersar a atmosfera. Naquela altura, Urano já era um gigante gasoso e deve ter perdido bem pouco material.

Além de tombar o planeta, esse evento teve consequências dentro e fora de Urano. A parte mais pesada do material proto-planetário teria afundado, formando uma fina camada isolante ao redor do calor emanado pelo núcleo de Urano. Com o calor preso dentro do planeta, a atmosfera resfriou-se de maneira extrema. Os destroços mais leves seguiram uma trajetória oposta e passaram a orbitar ao redor de Urano, formando suas pequenas luas e talvez seu discreto anel.

Kegerreis e seus colegas acabam de publicar suas descobertas em artigo no Astrophysical Journal. Mas essa não é a única pesquisa recente envolvendo Urano e suas colisões. Com base em observações realizadas pela Voyager entre 1977 e 2002, Robert Chancia, Matthew Hedman (ambos da Universidade de Idaho) e Richard French (Wellesley College), sugerem que o planeta torto pode ter mais colisões no futuro. Ao estudar um dos anéis do planeta, esse trio de pesquisadores americanos descobriu uma deformação gravitacional causada por Cressida, uma das luas de Urano.

Verificando a influência de Cressida sobre os satélites mais próximos, Chancia et. al. perceberam que essa lua está em rota de colisão com Desdêmona. Atualmente, a distância entre as órbitas de Cressida e Desdêmona é de apenas 900 km. Segundo o artigo pré-publicado em agosto passado na plataforma arXiv, essas duas luas devem colidir — mas são tão lentas, leves e porosas que isso só deve acontecer dentro de 1 milhão de anos. Esse futuro impacto não será o único: Cupido e Belinda também poderão trombar em algum momento. Com essas batidas, Urano poderia perder até quatro luas — em compensação, ganharia um ou dois anéis.

Estrelas de nêutrons

Astrônomos detectam estrela de nêutrons que desafia as Leis da ...

Estrelas de nêutrons são tão regulares que também são conhecidas como pulsares. Só que às vezes esses astros ficam impulsivos e saem do compasso.

No jargão gamer, glitch é uma falha na transmissão ou processamento de dados, resultando em comportamentos inesperados para um jogo: o personagem pode começar a se mover de forma bizarra, a trilha sonora perde a linha ou a imagem fica toda distorcida e ilegível. Por definição, um glitch sempre ocorre de maneira súbita e sua causa é desconhecida, mas o erro costuma ser causado por uma quebra acidental do código — algo que os programadores chamam de bug. Nos últimos anos, o termo tem se espalhado para outros setores. Nas artes gráficas, a estética glitch — que aplicamos à concepção artística da abertura — é a exploração deliberada de erros de processamento ou formação de imagens, que acabam ficando pontilhadas, borradas ou com brilhos estourados. Mas a astrofísica também descobriu glitchs naturais.

Uma estrela de nêutrons é como um game moderno: pesada e densa mas de funcionamento muito regular. Quando existe, o movimento giratório dessa estrela é tão preciso e tem intervalos tão curtos que o fenômeno é chamado de pulsar. Só que nem esses astros pós-apocalípticos — que nascem após uma supernova esmagar os prótons e elétrons de uma estrela, formando uma esfera maciça de nêutrons — são perfeitos. Tal como um game moderno, algumas estrelas de nêutrons também dão pau. Esse tipo de acontecimento tem sido chamado de glitch pelos astrofísicos.

Se um glitch tecnológico é marcado pelas distorções de forma e função, um astrofísico é parecido. Um pulsar com glitch tem deformações súbitas no seu ritmo de rotação, que se acelera brevemente antes de voltar ao normal. Só 5% das estrelas de nêutrons ficam bugadas dessa forma. Uma delas é o Pulsar de Vela, situado a 1000 anos-luz de nós nos céus do hemisfério sul.

Os glitchs de Vela são ainda mais incomuns, pois têm regularidade: observa-se uma ocorrência a mais ou menos cada três anos. Os casos mais recentes foram registrados em 2016. Com base nesses dados, registrados pelo rádio-telescópio de Mount Pleasant, na Tasmânia (Austrália), uma equipe internacional de astrônomos e astrofísicos propõe uma explicação para o glitch estelar.

Liderados pelo Dr. Greg Ashton, da Monash University (Austrália), os pesquisadores analisaram os dados e perceberam que, durante um glitch, o Pulsar de Vela passa a girar ainda mais rápido. Essa impulsividade do pulsar é causada pela estrutura da estrela de nêutrons, segundo estudo recém-publicado na Nature Astronomy.

O descompasso seria uma evidência de uma estratificação no interior do pulsar, que não seria tão homogêneo quanto se pensa. Em vez disso, haveria pelo menos duas camadas de nêutrons com consistências distintas. O glitch acontece quando a camada superfluida de nêutrons no interior da estrela começa a se movimentar mais rápido e tenta subir à superfície. Só que no caminho existe uma crosta rígida de nêutrons. Quando as duas camadas se chocam, o pulsar ganha velocidade, girando mais rápido do que o normal. A aceleração extra é anulada por outra camada superfluida, que toma o lugar da primeira. Desse modo, o astro volta a girar com a mesma precisão de sempre.

Segundo Ashton e seus colaboradores, esse mecanismo por trás dos glitchs já foi proposto diversas vezes na literatura especializada. O que acontece em Vela, dizem os autores, é a primeira evidência empírica da explicação teórica para esse comportamento. Ironicamente, como num game bugado, os dados de observação não se encaixam perfeitamente com a teoria. Uma esquisitice notada em Vela é que, logo antes de entrar em glitch, a estrela parece frear sua própria rotação.

Ashton et al. não têm explicação para essa frenagem, mas suspeitam que ela pode estar na raiz do glitch desta e talvez de outras estrelas de nêutrons. Ou isso ou o próprio telescópio é que ficou bugado num momento crucial. Assim, espera-se que novas observações sejam ser realizadas, de preferência por outras equipes, com outros equipamentos e em outras estrelas.