Chamada de Luna pelos romanos, Selene e Ártemis pelos
gregos, a Lua sempre foi motivo de muita admiração assim como também motivo de
muitos mistérios.
Mas em torno de 1600,
um “brinquedo” com uma simples combinação de lentes usada para se ver
espetáculos mais de perto, passaria a ser usado como ferramenta indispensável
para se desvendar não somente segredos da Lua, mas muitos outros espalhados por
todo o universo. Ainda hoje, três homens disputam a glória de ter inventado o
telescópio: Galileo Galilei (Cientista), Hans Lipperhey (óptico) e Sacharias
Janssen (produtor de espetáculos). Mas foi Galileu quem, em 1609, fez
observações da superfície lunar com seu telescópio, descobrindo uma infinidade
de crateras em sua superfície. Por isto, quatro séculos mais tarde, 2009 está
sendo considerado o ano internacional da astronomia. (Acima, representação
feita por Galileo Galilei da superfície lunar.)
Ainda hoje a Lua é motivo de muita curiosidade por ser o
astro mais brilhante do céu depois do Sol; por ser o astro mais próximo da Terra
(384 000 km em média) e pelo seu rápido deslocamento em relação às estrelas de
fundo; além de ser vista com “cara” diferente a cada dia (fases da Lua).
No entanto, mesmo estando tão perto e sendo um dos objetos
mais conhecidos pelas pessoas, a Lua ainda esconde alguns “segredos” que nem
todos conhecem. Por exemplo, você leitor saberia dizer por que a Lua é vista da
Terra com uma coloração amarelado-avermelhada quando está próxima do horizonte
e em seguida, quando já no alto do céu, pode ser vista apenas esbranquiçada?
Você poderia explicar este fenômeno?
As cores da Lua
Ver a Lua nascendo é
sempre um grande espetáculo assim como também ver o pôr-do-sol. E é fácil
perceber ao nascer da Lua como a sua cor se altera à medida que vai se erguendo
no céu, desde um amarelo forte com o fundo azul do céu, até ficar totalmente
branca evidenciando suas manchas escuras, diante novamente do céu agora negro.
Abaixo temos uma foto tirada da Lua cheia mostrando sua
evolução desde o momento em que ela se encontrava “próxima” do horizonte com
uma coloração amarelada, até uma região mais ao alto, agora esbranquiçada.
Como todos devem saber, a luz que chega da Lua é proveniente
da luz do Sol que, ao encontrar a superfície da Lua, é refletida até nós na
superfície da Terra.
Quando a luz refletida pela Lua atravessa a atmosfera da
Terra, ocorre um espalhamento da luz azul e isto nos permite observar a Lua com
variadas colorações. Vamos entender este fenômeno.
O espalhamento de Rayleigh
A luz do Sol é branca por ter feixes de luz de várias
freqüências diferentes, isto é, das mais diversas cores sobrepostas. Isto fica
evidente quando um feixe de luz do Sol passa por um prisma ou encontra
gotículas de água da chuva. Sofrendo refração, estas cores são separadas
formando um espectro de luz contínuo, isto é, com todas as cores, como por
exemplo, o arco-íris que é formado naturalmente quando a luz do Sol encontra
gotas da chuva.
A atmosfera
terrestre espalha preferencialmente a luz com a freqüência correspondente à cor
azul. Este fenômeno ocorre quando a luz interage com partículas menores que o
comprimento de onda da luz. Este é o fenômeno conhecido como “espalhamento de
Rayleigh”. Na atmosfera, as partículas responsáveis por este fenômeno são
principalmente as moléculas de nitrogênio e oxigênio, que são menores que o
comprimento de onda da luz e são muito presentes na atmosfera.
(Espectro visível em função do comprimento de onda)
A intensidade
deste espalhamento é inversamente proporcional a uma potência do comprimento de
onda do feixe de luz. Isto implica que quanto maior o comprimento de onda do
feixe, menor é a intensidade do espalhamento. Temos que o comprimento de onda
do feixe de luz azul é de 500 nm e do feixe de luz vermelha é de 700 nm. Logo,
o feixe de luz azul espalha mais que o feixe vermelho, já que possui menor
comprimento de onda.
(Representação do espalhamento da luz azul)
Para partículas
maiores que o comprimento de onda da luz, o espalhamento não depende das
características da luz. Assim, todas as cores são espalhadas igualmente. Como
por exemplo, o espalhamento em gotículas de água. É por isso que ver as nuvens
na cor branca.
A luz refletida
pela Lua penetra na atmosfera e chega até nossos olhos. Como se sabe, não
existe um lugar bem definido onde podemos dizer que a atmosfera da Terra
termina. No entanto, vamos supor que ela tenha um limite definido. Quando a Lua
está no zênite, isto é, no ponto acima da cabeça de um observador na superfície
da Terra, a luz do Lua tem que percorrer, dentro da atmosfera terrestre, uma
distância igual a esta altura. (d – na figura abaixo)
(Representação fora de escala)
Assim,
pouca luz azul é espalhada pela
atmosfera, e vemos a lua na cor amarela clara ou branca. No entanto, quando ela
está no horizonte, os feixes de luz precisam percorrer uma distância muito
maior dentro da atmosfera (D – na figura acima). Assim, muito mais luz azul
será espalhada pela atmosfera até que esta luz chegue ao observador na Terra,
na mesma posição anterior. Logo, veremos a Lua com uma coloração bem mais
alaranjada ou até mesmo avermelhada.
(Representações fora de escala)
E devido ao mesmo fenômeno (espalhamento do
azul), também podemos ver o sol apresentando cores diferentes enquanto se
movimenta no céu, variando de amarelo claro até vermelho. Dependendo da
distância que os raios de luz do Sol precisam percorrer através da atmosfera
até chegar a nossos olhos, maior ou menor luz azul será espalhada variando a
cor que o vemos. Mas as partículas de poeira da poluição também contribuem para
o avermelhamento do Sol e da Lua, já que também contribuem espalhando
preferencialmente a luz azul, embora não da mesma forma que ocorre com o
espalhamento de Rayleigh.
Assim também,
como haverá espalhamento do azul em toda a atmosfera iluminada pelo sol, haverá
feixes de luz azul em todas as direções. Logo, em qualquer ponto da superfície
da terra que seja dia, um observador verá o céu azul.
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