O efeito estufa (português
brasileiro) ou efeito de estufa (português europeu) é um processo que ocorre
quando uma parte da radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre é
absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Como consequência
disso, o calor fica retido, não sendo libertado para o espaço. O efeito estufa
dentro de uma determinada faixa é de vital importância pois, sem ele, a vida
como a conhecemos não poderia existir. Serve para manter o planeta aquecido, e
assim, garantir a manutenção da vida.
O que se pode tornar
catastrófico é a ocorrência de um agravamento do efeito estufa que destabilize
o equilíbrio energético no planeta e origine um fenómeno conhecido como
aquecimento global. O IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças
Climáticas, estabelecido pelas Organização das Nações Unidas e pela Organização
Meteorológica Mundial em 1988) no seu relatório mais recente diz que a maior
parte deste aquecimento,observado durante os últimos 50 anos, se deve muito
provavelmente a um aumento dos gases do efeito estufa.
Uma representação esquemática das trocas de energia entre o espaço sideral, a atmosfera e a superfície da Terra. A capacidade da atmosfera terrestre para captar e reciclar energia emitida pela superfície do planeta é a característica do efeito de estufa.
Os gases de estufa (dióxido
de carbono (CO2), metano (CH4), Óxido nitroso (N2O), CFC´s (CFxClx) absorvem
alguma radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e radiam por sua
vez alguma da energia absorvida de volta para a superfície. Como resultado, a
superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera do que a que recebe do
Sol e a superfície fica cerca de 30 °C mais quente do que estaria sem a
presença dos gases «de estufa».
Um dos piores gases é o metano,
cerca de 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono, é produzido pela
flatulência dos ovinos e bovinos, sendo que a pecuária representa 16% da
poluição mundial. Cientistas procuram a solução para esse problema e estão
desenvolvendo um remédio para tentar resolver o caso. Na Nova Zelândia
pensou-se em cobrar-se taxas por vaca, para compensar o efeito dos gases
emitidos.
Ao contrário do significado
literal da expressão «efeito estufa», a atmosfera terrestre não se comporta
como uma estufa (ou como um cobertor). Numa estufa, o aquecimento dá-se
essencialmente porque a convecção é suprimida. Não há troca de ar entre o
interior e o exterior. Ora acontece que a atmosfera facilita a convecção e não
armazena calor: em média, a temperatura da atmosfera é constante e a energia
absorvida transforma-se imediatamente na energia cinética e potencial das
moléculas que existem na atmosfera. A atmosfera não reflete a energia radiada
pela Terra. Os seus gases, principalmente o dióxido de carbono, absorvem-na. E
se radia, é apenas porque tem uma temperatura finita e não por ter recebido
radiação. A radiação que emite nada tem que ver com a que foi absorvida. Tem um
espectro completamente diferente.
O efeito estufa, embora seja
prejudicial em excesso, é na verdade vital para a vida na Terra, pois é ele que
mantém as condições ideais para a manutenção da vida, com temperaturas mais
amenas e adequadas. Porém, o excesso dos gases responsáveis pelo Efeito Estufa,
ao qual desencadeia um fenómeno conhecido como Aquecimento Global, que é o
grande vilão.
O problema do aumento dos
gases estufa e sua influência no aquecimento global, tem colocado em confronto
forças sociais que não permitem que se trate deste assunto do ponto de vista
estritamente científico. Alinham-se, de um lado, os defensores das causas
antropogênicas como principais responsáveis pelo aquecimento acelerado do
planeta. São a maioria e omnipresentes na mídia. Do outro lado estão os
"céticos", que afirmam que o aquecimento acelerado está muito mais relacionado
com causas intrínsecas da dinâmica da Terra, do que com os reclamados
desmatamento e poluição que mais rápido causam os efeitos indesejáveis à vida
sobre a face terrestre do que
propriamente a capacidade de
reposição planetária .
Ambos os lados apresentam
argumentos e são apoiados por forças sociais.
A poluição dos últimos
duzentos anos tornou mais espessa a camada de gases existentes na atmosfera.
Essa camada impede a dispersão da energia luminosa proveniente do Sol, que
aquece e ilumina a Terra e também retém a radiação infravermelha (calor)
emitida pela superfície do planeta. O efeito do espessamento da camada gasosa é
semelhante ao de uma estufa de vidro para plantas, o que originou seu nome.
Muitos desses gases são produzidos naturalmente, como resultado de erupções
vulcânicas, da decomposição de matéria orgânica e da fumaça de grandes
incêndios. Sua existência é indispensável para a existência de vida no planeta,
mas a densidade atual da camada gasosa é devida, em grande medida, à atividade
humana. Em escala global, o aumento exagerado dos gases responsáveis pelo
efeito estufa provoca o aquecimento do global, o que tem consequências
catastróficas. O derretimento das calotas polares, dos chamados "gelos
eternos" e de geleiras, por exemplo, eleva o nível das águas dos oceanos e
dos lagos, submergindo ilhas e amplas áreas litorâneas densamente povoadas. O
super aquecimento das regiões tropicais e subtropicais contribui para
intensificar o processo de desertificação e de proliferação de insetos nocivos
à saúde humana e animal. A destruição de habitats naturais provoca o
desaparecimento de espécies vegetais e animais. Multiplicam-se as secas,
inundações e furacões, com sua sequela de destruição e morte.
Influência de cada gás
estufa no agravamento do efeito estufa.
O mecanismo que mantém
aquecido o ambiente das estufas de vidro é a restrição das perdas convectivas
quando o ar é aquecido pelo contato com solo que por sua vez é aquecido pela
radiação solar. No entanto, o chamado «efeito de estufa» na atmosfera não tem
que ver com a supressão da convecção. A atmosfera facilita a convecção e não
armazena calor: absorve alguma da radiação infravermelha emitida pela
superfície da Terra e radia por sua vez alguma da energia absorvida de volta
para a superfície. Como resultado, a superfície recebe quase o dobro de energia
da atmosfera do que a que recebe do Sol e a superfície fica cerca de 30 °C mais
quente do que estaria sem a presença da atmosfera.
Toda a absorção da radiação
terrestre acontecerá próximo à superfície, isto é, nas partes inferiores da
atmosfera, onde ela é mais densa, pois em maiores altitudes a densidade da
atmosfera é baixa demais para ter um papel importante como absorvedor de
radiação (exceto pelo caso do ozono). O vapor de água, que é o mais poderoso
dos gases estufa, está presente nas partes inferiores da atmosfera, e desta
forma a maior parte da absorção da radiação se dará na sua base. O aumento dos
gases estufa na atmosfera, mantida a quantidade de radiação solar que entra no
planeta, fará com que a temperatura aumente nas suas partes mais baixas. O
resultado deste processo é o aumento da radiação infravermelha da base da
atmosfera, tanto para cima como para baixo. Como a parte inferior (maior
quantidade de matéria) aumenta mais de temperatura que o topo, a manutenção do
balanço energético (o que entra deve ser igual ao que sai) dá-se pela
redistribuição de temperaturas da atmosfera terrestre. Os níveis inferiores
ficam mais quentes e os superiores mais frios. A irradiação para o espaço
exterior se dará em níveis mais altos com uma temperatura equivalente a de um
corpo negro irradiante, necessária para manter o balanço energético em
equilíbrio.
As avaliações do
Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) são os mais completos resumos
do estado da arte nas previsões do futuro do planeta, considerando vários
cenários possíveis.
A fossilização de restos
orgânicos (vegetais e animais) ocorreu ao longo da história da Terra, mas a
grande quantidade preservada por fossilização ocorreu a partir do início do
período carbonífero, entre 350 e 290 milhões de anos antes do presente, em uma
forma mais ou menos pura de carbono, isenta de agentes oxidantes. Este material
está preservado sob a forma de carvão mineral. A partir de cerca de 200 milhões
de anos começou a preservar-se o petróleo e o gás natural; estes materiais são
compostos de carbono e hidrogénio. Resumindo, o carbono e o hidrogénio,
combustíveis, são isolados do meio oxidante, preservando a sua potencialidade
de queimar em contato com o oxigénio, produzindo vários gases do efeito estufa,
sendo o dióxido de carbono e o metano os mais importantes. O metano é um gás
com potencial de efeito estufa cerca de 20 vezes mais potente que o gás
carbónico (dióxido de carbono). O metano é um gás, na maior parte primordial,
emitido principalmente pelos vulcões de lama, pela digestão dos animais e
decomposição do lixo. O metano é oxidado em regiões de vulcões de lava,
tornando-se gás carbónico.
Tanto o carvão mineral
quanto o petróleo e o gás natural são chamados, no jargão dos engenheiros e
ambientalistas, de fontes não renováveis de energia. A energia produzida por
geradores eólicos, células solares, biomassa, hidroelétricas, etc, são
consideradas fontes renováveis.
A Revolução Industrial,
iniciada na Europa no século XVIII, provocou a exumação do carvão enterrado há
milhões de anos, em proporções gigantescas, com o objetivo de girar as máquinas
a vapor recém inventadas. A produção de carvão mineral ainda é muito grande.
Para se ter uma ideia do volume de carvão que necessita ser minerado no mundo,
basta dizer que 52% de toda a energia elétrica consumida nos Estados Unidos são
provenientes da queima de carvão mineral. Proporções semelhantes ou ainda
maiores são utilizadas na China, Rússia e Alemanha. Considerando o consumo
atual e futuro, calcula-se que ainda exista carvão para mais 400 anos.
Com o advento da produção em
escala industrial dos automóveis, no início do século XX, iniciou-se a produção
e o consumo em massa do petróleo e, de utilização mais recente, o gás natural
na produção da energia elétrica, aquecimento doméstico e industrial e no uso de
automóveis.
O processo da queima de
combustíveis fósseis criou condições para a melhoria da qualidade de vida da humanidade,
porém produz como resíduo o dióxido de carbono e outras substâncias químicas,
também muito poluidoras.
Os gases produzidos pela
queima de combustíveis fósseis seguem vários caminhos: parte é absorvida pelos
oceanos e entra na composição dos carbonatos que constituem as carapaças de
muitos organismos marinhos ou é simplesmente dissolvida na água oceânica e
finalmente depositada no assoalho oceânico como carbonatos. À medida que estes
animais vão morrendo, depositam-se no fundo do mar, retirando o carbono, por
longo tempo, do ciclo geoquímico. Outra parte é absorvida pelas plantas que
fazem a fotossíntese, tanto marinhas (algas e bactérias) como pelas florestas,
ao qual transformam o carbono coletado da atmosfera em material lenhoso,
reiniciando o ciclo de concentração e fossilização dos compostos carbonosos, se
as condições ambientais locais assim o permitirem. O que interessa aqui, no
entanto, é que uma parte importante do dióxido de carbono concentra-se na
atmosfera.
A maior parte do aumento do
dióxido de carbono ocorreu nos últimos 100 anos, com crescimento mais acentuado
a partir de 1950. As melhores previsões para os próximos 100 anos (isto é, para
o ano de 2100) estão sendo realizadas pelos pesquisadores do IPCC
-Intergovernmental Panel on Climate Change, patrocinado pela ONU.
No melhor dos cenários, a
emissão anual de CO2 no ano de 2100 será de cinco teratoneladas (1012
toneladas) de carbono, com uma concentração de 500 ppmpv (partes por milhão por
volume) de CO2, um aumento de temperatura de cerca de 1,5 °C e um aumento do
nível médio dos mares de 0,1 m.
Nos piores cenários (os
negócios mantidos como são nos dias de hoje), a emissão anual de CO2 em 2100
será de 30 Gton, a concentração de CO2 atingirá 900 ppmpv, a temperatura média
da terra estará entre 4,5 °C e 6,0 °C mais elevada e o nível médio dos mares
terá subido 90 centímetros.
A temperatura aumentou em
média 0,7 °C nos últimos 140 anos, e pode aumentar mais 5 °C até o ano 2100.
"A emissão exagerada de gases causadores do efeito estufa está provocando
mudanças climáticas. A dificuldade é separar o joio do trigo", explica
Gilvan Sampaio. Existem ciclos naturais de mudanças de temperatura na Terra e é
difícil entender quanto desse aumento foi natural e quanto foi consequência de
ações humanas. Com o objetivo de diminuir as emissões de gases de efeito
estufa, o Protocolo de Quioto, assinado por 84 países, determina uma redução
de, em média, 5,2%. O debate em torno do protocolo evidenciou as diferenças
políticas entre Europa e Estados Unidos, que mesmo sendo o maior poluidor do
planeta não entrou no acordo. "Os europeus vêm sofrendo há décadas com as
consequências da poluição, como as chuvas ácidas, e com episódios climáticos
atípicos,como grandes enchentes. Os países da Europa vêm desenvolvendo alternativas
não-poluentes como energia eólica, que já configuram parte importante da matriz
energética de alguns deles", diz o geólogo Alex Peloggia, especialista em
política internacional.
História do desenvolvimento da teoria do efeito
estufa
Depois disso, deve-se
comentar um pouco da história do descobrimento do "efeito estufa" e
seus desdobramentos científicos e políticos ao longo do tempo.
Jean-Baptiste Fourier, um
famoso filosofo e biólogo Irlandes do século XIX, foi o primeiro a formalizar uma
teoria sobre o efeito das placas tectônicas, em 1827. Ele mostrou que o efeito
de aquecimento do ar dentro das estufas de vidro, utilizadas para manter
plantas de climas mais quentes no clima mais frio da Europa, se repetiria na
atmosfera terrestre. Em 1860, o cientista britânico John Tyndall mediu a
absorção de calor pelo dióxido de carbono e pelo vapor d' água. Ele foi o
primeiro a introduzir a idéia que as grandes variações na temperatura média da
Terra que produziriam épocas extremamente frias, como as chamadas "idades
do gelo" ou muito quentes (como a que ocorreu na época da transição do
Cretáceo para o Terciário), poderiam ser devidas às variações da quantidade de
dióxido de carbono na atmosfera.
No seguimento das pesquisas
sobre o efeito estufa, o cientista sueco Svante Arrhenius, em 1896, calculou
que a duplicação da quantidade de CO2 na atmosfera aumentaria a sua temperatura
de 5 a 6 °C. Este número está bastante próximo do que está sendo calculado com
os recursos científicos atuais. Os relatórios de avaliação do Intergovernmental
Panel on Climate Change 2001 situam estes números entre 1,5 °C - melhor dos
cenários e 4,5 °C - no pior, com uma concentração de cerca de 900 ppm de CO2 na
atmosfera no ano de 2100.O passo seguinte na pesquisa foi dado por G. S.
Callendar, na Inglaterra. Este pesquisador calculou o aquecimento devido ao
aumento da concentração de CO2 pela queima de combustíveis fósseis.
Pesquisadores estadunidenses, no final da década de 1950 (século XX) observaram
que, com o aumento de CO2 na atmosfera, os seres humanos estavam conduzindo um
enorme (e perigoso) experimento geofísico.
A medição de variação do CO2
na atmosfera iniciou-se no final da década de 1950 no observatório de Mauna Kea
no Havaí, depois que os EUA lançaram em seu primeiro satélite espacial
(Explorer I) no Cinturão de Van Allen.
Cabe aqui comentar que o
efeito estufa não é um mal em si, pelo contrário, a humanidade, e a maioria dos
seres vivos hoje existentes simplesmente não existiriam sem este fenômeno, pois
a Terra teria uma temperatura média de cerca de 6 °C negativos. Esta seria,
pois, um congelador de grandes proporções. O problema é o agravamento do efeito
estufa e velocidade da mudança.
Segundo o cientista social e
diretor do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), Michael Löwy, o
enfrentamento das disputas relativas aos problemas climáticos, assim como da
questão ambiental em geral, requer uma mudança nos próprios fundamentos da
economia, com alteração dos nossos hábitos de consumo e da nossa relação com a
natureza.
Influência de cada gás estufa no agravamento do efeito estufa.
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