Eris, conhecido oficialmente como 136199 Eris, é um
planeta anão e um plutoide nos confins do sistema solar, numa região conhecida
como disco disperso. Talvez seja o maior planeta anão do sistema solar e quando
foi descoberto, ficou desde logo informalmente conhecido como o "décimo
planeta", porque na época seu diâmetro estimado era maior do que o
diâmetro do ex-planeta Plutão.
Éris tem um período orbital de cerca de 560 anos e
encontra-se a cerca de 97 UA do Sol, em seu afélio. Como Plutão, a sua órbita é
bastante excêntrica, e leva o planeta a uma distância de apenas 35 UA do Sol no
seu periélio (a distância de Plutão ao Sol varia entre 29 e 49,5 UA, enquanto
que a órbita de Neptuno fica por cerca de 30 UA).
Em 2010, resultados preliminares de uma ocultação estelar
por Éris em 6 de novembro colocaram um limite de 2320 km no diâmetro de Éris, deixando-o
com praticamente o mesmo diâmetro de Plutão. Com a margem de erro na estimativa
do tamanho, não se sabe ainda se Éris realmente é menor que Plutão.
História de
observação e exploração
Imagens espaçadas
no tempo que mostram o movimento de Éris (num círculo) em relação às estrelas.
Um grupo de cientistas formado por Michael Brown, Chad
Trujillo e David Rabinowitz, utilizando o observatório instalado no monte
Palomar na Califórnia, varriam o céu à procura de grandes corpos celestes no
sistema solar exterior. Descobriram-se, assim, vários planetoides, tais como
Quaoar, Orco e Sedna.
Observações de rotina feitas em 21 de outubro de 2003,
encontraram um novo corpo celeste; devido, contudo, ao seu movimento
extraordinariamente lento, não foi dado como candidato, vez que o sistema de
procura automática em imagens excluía todos os astros que se movessem a menos
de 1,5 arcossegundos por hora, por forma a reduzir o número de falsos
candidatos.
Contudo, Sedna foi descoberta a mover-se a apenas 1,75 arcossegundos
por hora, o que levou a equipa a decidir re-analisar manualmente dados já
registados, considerando um valor menor de movimento angular. Em 5 de janeiro
de 2005, esta nova análise revelou a existência de Éris confirmando o seu lento
movimento pelo espaço.
O novo astro, com uma magnitude aparente de cerca de 19,
é suficientemente brilhante para poder ser visto mesmo com um telescópio
modesto. A inclinação da sua órbita é responsável por não ter sido descoberto
até então, dado que a maioria das pesquisas para corpos do sistema solar
exterior concentravam-se no plano da eclíptica, onde se encontra a maioria dos
corpos do sistema solar, incluindo a Terra.
A proporção da
distância entre os diferentes planetas do sistema solar e Éris.
Observações subsequentes foram levadas a cabo, de forma a
estimar a distância e o tamanho, o que levou a que a sua descoberta não fosse
anunciada antes de terem sido determinadas com maior exactidão a dimensão e a
massa do desse corpo celeste.
Entretanto, foi intempestivamente anunciada, por um outro
grupo em Espanha, a descoberta de um corpo celeste apelidado de Haumea,
precisamente o que a equipa norte-americana estava a observar, o que levou esta
a acusar o grupo espanhol de falta de ética e a anunciar, de forma precipitada,
a descoberta de Éris no dia 29 de julho de 2005. No mesmo dia, outros grandes
planetoides foram anunciados: Haumea e Makemake, lançando a confusão na
imprensa com uma plétora de descobertas importantes ao mesmo tempo.
Órbitas de Éris e
Plutão com datas e distâncias em UA.
Apesar de previamente terem sido descobertos grandes
planetoides na cintura de Kuiper, eram todos menores em dimensão quando
comparados com Plutão. Pelo contrário, Éris revelou-se maior, lançando o debate
sobre a sua categorização como décimo planeta, tal como pretendido pelos seus
descobridores ou como um simples planetoide.
A indefinição prolongou-se por largos meses, lançando a
discórdia entre os astrónomos do que seria um planeta. Pouco tempo depois, no
encontro da UAI não houve consenso quanto à categorização deste novo mundo como
um planeta principal. No entanto, 11 dos 19 membros apoiariam que fosse
categorizado como planeta, enquanto que 6 membros propuseram que se reduzisse o
número de planetas principais para oito, retirando também o estatuto a Plutão.
Até à decisão final, todos os corpos celestes a orbitarem para além de Plutão
serão classificados apenas como objetos transnetunianos.
A UAI fez uma reunião geral em agosto de 2006: na
proposta inicial da definição do termo "planeta", Éris seria
categorizado como um planeta. No entanto, a pressão de um grupo de astrónomos
fez com que uma nova definição fosse escrita, que acabou por ser aprovada
unanimemente, atirando Éris, Ceres e Plutão para um novo grupo de corpos
celestes - os "planetas-anões", que não são reconhecidos como
planetas principais Éris recebeu o nome da deusa grega da discórdia.
Com a descoberta de Disnomia, um satélite de Éris,
Michael Brown e Emily Schaller, astrônomos do Instituto de Tecnologia da
Califórnia, puderam medir de maneira precisa a massa de Éris com a ajuda do
telescópio espacial Hubble.
Éris tem aproximadamente 27% mais massa que Plutão
segundo os pesquisadores, que tiveram os trabalhos publicados na edição da
revista "Science" de 15 de junho.
Geologia
planetária
O espectro
infravermelho de Éris comparado com o de Plutão mostra semelhanças visíveis
entre os dois corpos. As setas denotam linhas de absorção de metano.
Éris pode ser o maior corpo celeste conhecido para além
da órbita de Neptuno, talvez maior que Plutão. Tal como Plutão, é composto de
uma mistura sólida de gelo e rocha. Ambos podem ser vistos como objectos do
cinturão de Kuiper ou como planetas gelados, apesar de Éris ser do tipo disperso,
ou seja, terá sido formado na parte interior da cintura, mas atirado para uma
órbita mais distante devido a uma possível influência gravitacional de Neptuno.
O albedo de Éris não é totalmente conhecido e o seu
tamanho real não pode ser determinado. Contudo, os astrónomos calcularam que,
numa conjectura extrema, Éris reflectisse toda a luz que recebe, seria mesmo
assim maior que Plutão (2390 km).
Para ajudar a determinar melhor a dimensão deste corpo
celeste, foram feitas análises preliminares com recurso a observações feitas
com telescópios espaciais: o Spitzer e o Hubble. O primeiro telescópio indicou
que Éris seria 20% maior que Plutão (2274 km); o segundo indicou que seria
apenas 1% maior indicando um albedo extraordinariamente elevado.
Em fevereiro de 2006, um artigo da revista Nature da
autoria de um grupo de cientistas alemães indicou que Éris tem 3000 km ±300 km
±100 km, ou seja, algo do tamanho da Lua e 30% maior que Plutão. Para
determinar o diâmetro, o grupo usou observações da emissão térmica de Éris. A
primeira margem de erro tem em atenção os erros de medida, e a segunda devido à
velocidade de rotação e a orientação do astro serem desconhecidas.
Em novembro de 2010 Éris ocultou uma estrela. Dados
preliminares desse evento indicaram que o diâmetro de Éris é de 2 340 km, o que
causou dúvida sobre as estimativas anteriores de tamanho e densidade. As três
equipes que observaram a ocultação ainda estão analisando os dados obtidos.
Além disso, ao usar os dados preliminares desse evento para comparação com
Plutão, há várias estimativas do diâmetro de Plutão que podem ser selecionadas.
Isso se deve em parte à atmosfera de Plutão que interfere nas medições de sua
superfície sólida (ao contrário da neblina gasosa).
Estes cientistas determinaram que o albedo é muito
semelhante ao de Plutão, ou seja, é de 0,60 ± 0,10 ± 0,05. Sugerindo que o
metano cause que a superfície gelada seja bastante reflectora.
Éris parece ser algo análoga a Plutão e a Tritão (a
grande lua de Neptuno) devido à presença de gelo de metano.
Ao contrário do aspecto avermelhado de Plutão e Tritão, o
planetoide Éris parece ser cinzento. Isto parece ser devido à enorme distância
de Éris em relação ao Sol o que permite que o metano condense, cobrindo
uniformemente toda a superfície.
O metano é muito volátil e a sua presença mostra que Éris
se manteve sempre nos confins do sistema solar, ou seja, sempre foi um mundo
extremamente frio levando a que o gelo de metano subsistisse. Ou, talvez,
desfrute de uma fonte interna de metano que liberte o gás para a atmosfera;
note-se que Haumea, um outro corpo celeste da mesma zona do sistema solar,
revelou a presença de gelo de água, mas não de metano.
Dados não oficiais com recurso às observações do
telescópio Hubble indicaram que Éris teria um albedo elevado, sugerindo que a
superfície é composta de gelo fresco.
Atmosfera e clima
Apesar de Éris se encontrar cerca de três vezes mais
afastado do Sol que Plutão, chega a estar suficientemente perto do Sol para que
parte da superfície se descongele e forme uma fina atmosfera; no entanto não se
sabe se isto acontece realmente.
Devido à sua órbita que se aproxima até 37,8 UA do Sol e
se distancia até 97,61 UA, as temperaturas devem variar entre -232 e os -248
graus célsius.
Éris está tão afastado do Sol que este último, nos céus
daquele mundo, deverá aparecer apenas como uma estrela brilhante.
Satélite
Disnomia é o satélite natural de Éris. O nome significa
"desordem" em grego (no original, Δυσνομία dysnomia), uma referência
à entidade mitológica que, segundo Hesíodo, era filha de Éris, a Discórdia.
Em 2005, uma equipe nos telescópios Keck no Havaí fez
observações aos quatro corpos celestes transneptunianos mais brilhantes
(Plutão, 2005 FY9, 2003 EL61 e Éris) usando um novo sistema óptico. Em 10 de
Setembro, as observações revelaram uma lua orbitando Éris. Na altura da
descoberta, Éris não tinha nome e era conhecida, popularmente, como Xena, assim
a lua ganhou a alcunha de Gabrielle pelos seus descobridores, a companheira de
Xena na série televisiva Xena, A Princesa Guerreira.
Estima-se que o satélite seja oito vezes menor e 60 vezes
menos brilhante que Éris e que orbite o planeta-anão em cerca de 14 dias.
Os astrônomos sabem que três dos quatro mais brilhantes
objetos transnetunianos têm satélites, enquanto que cerca de 10% dos membros
mais tênues da faixa terão satélites, o que leva a acreditar que colisões entre
grandes corpos celestes transnetunianos tenham sido frequentes no passado.
Impactos entre corpos da ordem dos 1000 km de diâmetro espalhariam largas
quantidades de material que se aglomerariam numa lua. Um mecanismo semelhante
teria formado a lua da Terra.
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