Makemake, formalmente designado como (136472) Makemake, é o
terceiro maior planeta anão do Sistema Solar e um dos dois maiores corpos do
cinturão de Kuiper na população dos KBOs clássicos. Seu diâmetro é de cerca de
três-quartos o de Plutão. Não possui satélites conhecidos, o que o torna único
entre os corpos maiores do cinturão de Kuiper. Sua superfície é coberta por
metano, etano, e possivelmente, nitrogênio, devido à sua baixíssima temperatura
média de cerca de 30 K (-243,2 °C).
De início conhecido como 2005 FY9 e depois com o código de
planeta menor 136472, Makemake foi descoberto em 31 de março de 2005 por uma
equipe chefiada por Michael Brown, e anunciado em 29 de julho de 2005. Seu nome
deriva da deusa rapanui Makemake. Em 11 de junho de 2008, a União Astronômica
Internacional (UAI) incluiu-o em sua lista de candidatos potenciais à
classificação de plutoide, uma denominação para planetas anões além da órbita
de Netuno que iria colocar Makemake ao lado de Plutão, Haumea e Éris. Makemake
foi formalmente designado um plutoide em julho de 2008.
Descoberta
Makemake foi descoberto em 31 de março de 2005 por um grupo
liderado por Michael Brown no Observatório Palomar, e foi anunciado ao público
em 29 de julho de 2005. A descoberta de Éris foi publicada no mesmo dia, dois
dias depois da descoberta de Haumea.
Apesar de seu brilho relativo (que é de cerca um quinto a
mais do que o brilho de Plutão), Makemake foi descoberto bem depois de outros
objetos do Cinturão de Kuiper com um brilho menor do que o dele. A maioria das
buscas por planetas menores foram feitas relativamente perto da eclíptica (a
região do céu em que o Sol, a Lua e os outros planetas parecem estar, vistos da
Terra), devido à maior probabilidade de encontrar objetos lá. É provável que
Makemake escapou da primeira pesquisa por causa de sua alta inclinação, e o
fato de que ele estava na maior distância da eclíptica possível em sua
descoberta, no norte da constelação de Coma Berenices
Ao lado de Plutão, Makemake é o único outro planeta anão que
é brilhante o suficiente para que Clyde Tombaugh pudesse ter descoberto durante
sua busca por planetas transnetunianos em 1930. Na época de pesquisa de
Tombaugh, Makemake estava a apenas poucos graus da eclíptica, perto da borda de
Taurus e Auriga. Porém essa posição ficava muito perto da Via Láctea, e a
detectação de Makemake ficaria quase impossível com o fundo cheio de estrelas.
Tombaugh continou a procurar por objetos transnetunianos por alguns anos após a
descoberta de Plutão, mas não conseguiu encontrar Makemake ou outros objetos.
Nomeação
A designação provisória 2005 FY9 foi dada a Makemake quando
sua descoberta foi publicada. Antes disso, a equipe que o descobriu deu a ele o
código "coelho da páscoa", porque sua descoberta foi feita um pouco
antes da Páscoa. O nome de Makemake, o criador da humanidade e deus da
fertilidade dos rapanui, um povo nativo da Ilha de Páscoa, foi escolhido em
parte para preservar a conexão dos objetos com a Páscoa.
Órbita e
classificação
Órbitas de Makemake (em azul), Haumea (verde), Plutão
(vermelho) e a eclíptica (cinza). O perélio (q) e o afélio (Q) estão marcados
juntos com as datas de passagem.
Em 2009, Makemake esteve a uma distância de 52 unidades astronômicas
(7,78×109 km) do Sol; quase atingindo seu afélio. Makemake tem uma órbita
parecida à de Haumea: altamente inclinada a 29° e uma excentricidade moderada
de 0,16. No entanto, a órbita de Makemake é mais afastada do Sol em termos de
semi-eixo maior e perélio.
O período orbital de Makemake é de aproximadamente 310 anos,
mas que os 248 de Plutão e os 283 anos de Haumea. Makemake e Haumea estão longe
da eclíptica—suas distâncias angulares são de quase 29°. Makemake chegará em
seu afélio em 2033,enquanto Haumea passou de seu afélio em 1992.
Makemake é classificado como um objeto clássico do cinturão
de Kuiper, o que significa que sua órbita está longe o suficiente de Netuno e
que se manteve estável desde o nascimento do sistema solar. Ao contrário de
plutinos, que podem cruzar a órbita de Netuno devido a suas ressonância de 2:3
com o planeta, os objetos clássicos têm perélio mais longe do Sol, livres das
perturbações de Netuno. Objetos assim têm excentricidades relativamente baixas
(inferiores a 0,2) e orbitam o Sol da mesma forma que os planetas o orbitam.
Makemake, no entanto, é um membro da classe "dinamicamente quente" de
objetos clássicos do cinturão de Kuiper, o que significa que ele tem uma
inclinação elevada em relação aos outros objetos da região.
Em 24 de agosto de 2006, a União Astronômica Internacional
(UAI) anunciou uma definição de planetas formal, que estabeleceu uma três
classificações para objetos em órbita ao redor do sol: "pequenos corpos do
sistema solar" eram objetos muito pequenos para que suas gravidades façam
que eles tenham uma forma arredondada; os "planetas anões", que são
corpos celestes muito semelhantes a um planeta, que orbitam o Sol e possuem
gravidade suficiente para assumir uma forma com equilíbrio hidrostático
(aproximadamente esférica); "planetas" são objetos massivos o
suficiente para serem esféricos e gravitacionalmente dominante .
Sobre essa classificação, Plutão, Ceres e Éris foram
reclassificados como planetas-anões.
Em 11 de junho de 2008, a UAI criou uma nova subclasse de
planeta anão, plutoide, especialmente para aqueles planetas-anões que se
encontram além da órbita de Netuno. Éris e Plutão são, por tanto, plutoides,
enquanto Ceres não é. Para ser considerado um plutoide pela UAI, sem saber se
foi atingido o equilíbrio hidrostático, um objeto deve ser brilhante, com uma
magnitude absoluta de +1 ou menos, o que significava que somente Makemake e Haumea
podiam ser incluídos. Em 11 de julho de 2008, um grupo de trabalho sobre
nomenclatura planetária da UAI anunciou a inclusão de Makemake na classe dos
plutoides, fazendo ele oficialmente um planeta anão e um plutoide, ao lado de
Plutão e Éris.
Brilho e tamanho
Makemake é o segundo objeto mais brilhante do cinturão de Kuiper,
logo atrás de Plutão, tendo uma magnitude aparente de 16,7.Isso é brilhante o
suficiente para ser visto com um telescópio amador. O alto albedo de Makemake
de quase 80% sugere uma temperatura de cerca de -243,2 °C. O tamanho de
Makemake não é conhecido precisamente, embora a detecção em infavermelho do
Telescópio Spitzer, combinados com as semelhanças de espectro com Plutão,
sugerem um diâmetro de 1500 ± 200 km. Isso é um pouco maior que Haumea, fazendo
Makemake o terceiro maior transnetuniano, perdendo apenas para Plutão e Éris.
Atualmente Makemake é designado o quarto planeta anão no sistema solar, devido
à sua magnitude absoluta na banda V de -0,45. Isso praticamente garante que ele
é grande o suficiente para alcançar o equilíbrio hidrostático e tornar-se um
esferoide oblato.
Espectro
Em uma carta escrita para o jornal Astronomy and Astrophysics
em 2006, Licandro et al. reportou os medimentos do espectro visível e
infravermelho próximo de Makemake. Eles usaram o Telescópio William Herschel e
o Telescopio Nazionale Galileo e mostraram que a superfície de Makemake é
parecida à de Plutão. Como Plutão, Makemake aparece vermelho no espectro
visível, mas menos vermelho do que a superfície de Éris. O espectro
infravermelho próximo mostra uma banda de absorção acentuada de metano (CH4). O
metano é observado também em Plutão e Éris, mas seus espectros são muito mais
fracos.
A análise espectral da superfície de Makemake revelou que o
metano deve estar presente na forma de grandes grãos, de pelo menos, um
centímetro de tamanho cada. Além disso, grandes quantidades de etano e tolina
podem estar presentes, muito provavelmente criados por fotólise de metano pela
radiação solar. As tolinas provavelmente são responsáveis pela cor vermelha do
espectro visível. Embora existam evidências da presença de nitrogênio na sua
superfície, em nenhum lugar do planeta há o mesmo nível de nitrogênio que há em
Plutão e em Tritão, que constitue 98% da crosta. A relativa falta de nitrogênio
sugere que o fornecimento de nitrogênio acabou de algum modo durante a vida do
sistema solar.
Atmosfera
A presença de metano e possivelmente nitrogênio sugerem que
Makemake pode ter uma atmosfera transitória, semelhante à de Plutão perto de
seu perélio.O nitrogênio, se presente, será o principal componente dela. A
existência de uma atmosfera também proporciona uma explicação natural para o
esgotamento de nitrogênio: uma vez que a gravidade de Makemake é mais fraca do
que a de Plutão, Éris e Tritão, uma granda quantidade de nitrogênio
provavelmente foi perdida por causa do escape atmosférico; o metano é mais leve
que o nitrogênio, mas tem uma pressão de vapor significativamente menor que as
temperaturas registradas em Makemake (-243,2 °C a -238,2 °C), que impede sua
fuga, e o resultado deste processo é uma abundância de metano.
Satélites
Nenhum satélite foi descoberto orbitando Makemake ainda. Um
satélite tendo um brilho de 1% do corpo principal teria sido detectado se
estivesse a uma distância de 0,4 segundos de arco de Makemake.Isso contrasta
com os outros grandes objetos transnetunianos, que possuem pelo menos um
satélite: Éris tem um, Haumea tem dois e Plutão tem três. Acredita-se que cerca
de 10% a 20% de todos os objetos transnetunianos têm satélites. Sendo que os
satélites oferecem um simples método para medir a massa de um objeto, a falta
de satélites em Makemake deixa difícil saber sua massa exata.
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