Cosmologia é o ramo da
astronomia que estuda a origem, estrutura e evolução do Universo a partir da
aplicação de métodos científicos.
A Cosmologia muitas vezes é
confundida com a Astrofísica que é o ramo da Astronomia que estuda a estrutura
e as propriedades dos objetos celestes e o universo como um todo através da
Física teórica. A confusão ocorre porque ambas ciências sob alguns aspectos
seguem caminhos paralelos, e muitas vezes considerados redundantes, embora não
o sejam
A cosmologia experimental
A partir do início do século
XX, com a criação da teoria da relatividade surgiu também a cosmologia moderna,
cujo artigo inicial foi escrito pelo físico alemão Albert Einstein, em 1917,
com o título "Kosmologische Betrachtungen Zur Allgemeinen Relativitätstheorie"
(Considerações cosmológicas sobre a teoria da relatividade geral). Nesse
trabalho, Einstein analisava, sob a luz da relatividade, o universo como um
todo, introduzindo o conceito de constante cosmológica. Essa constante
cosmológica faria o papel de uma 'força antigravidade', que impediria o
universo de colapsar sob a ação da gravidade, permitindo assim a existência de
soluções - ou modelos - cosmológicos estáticos.
No entanto, o que Einstein
não percebeu (ou não quis perceber) de imediato é que, mesmo com a presença da
constante cosmológica era possível obter soluções matemáticas que previam um
universo dinâmico, em contração ou expansão. Tais famílias de soluções são hoje
conhecidas genericamente como soluções de Friedmann, em homenagem ao matemático
russo Alexander Friedmann, que as obteve em 1922.
Com o desenvolvimento de
novos telescópios, ainda no início do século XX, foi possível estudar o
universo em escalas então inexploradas. Um pioneiro no estudo sistemático das
galáxias além da nossa Via Láctea foi o americano Edwin Hubble, que notou que a
maioria das galáxias parecia estar se afastando da nossa, e que a velocidade de
afastamento aumentava com a distância da galáxia em relação à nossa. Tal
observação, confirmada posteriormente, tornou-se uma lei empírica, conhecida
hoje como lei de Hubble, e era uma 'prova' experimental da expansão do
universo: as galáxias se afastam umas das outras devido à expansão do espaço
entre elas.
O Universo em expansão
Radiação de Fundo resultante do Big Bang e os
telescópios utilizados para medi-la.
Em 1917 o astrônomo Holandês
Willem de Sitter desenvolveu um modelo não estático do Universo. A teoria
segundo a qual o universo está em expansão, formulada na década de 1920, acabou
por constituir a moderna base da cosmologia. Em 1922 o modelo do universo em
expansão foi adotado pelo matemático russo Alexander Friedmann.
Em 1927 o físico e sacerdote
belga Georges Lemaître introduziu a ideia do núcleo primordial. A teoria
afirmava que as galáxias são fragmentos da explosão desse núcleo, resultando na
consequente expansão do Universo. Esse foi o começo da teoria da Grande
Explosão que tenta explicar a origem do Cosmos. Na época, entretanto, a
comunidade científica não levou essa proposta a sério por ser considerada sem
fundamento físico e baseada numa concepção religiosa (cristã) de universo.
Em 1929, o astrônomo
estadunidense Edwin Hubble publicou um trabalho científico no qual mostrava que
as demais galáxias do universo (na época chamadas de nebulosas) estavam, em
média, se distanciando de nós, e com uma velocidade proporcional à distância de
nós até elas. Essa velocidade radial, igual em todas as direções, indicava que
o universo estava, de fato, em expansão. Em 1948, o físico russo George Gamow
mostrou que a teoria de universo em expansão poderia explicar as elevadas
abundâncias dos elementos químicos hidrogênio e hélio no universo (cerca de 75%
da matéria visível no universo é constituída de hidrogênio e 25% de hélio. Os
demais elementos contribuem com menos de 1% no total): no início do universo, a
alta densidade e temperatura propiciavam a fusão nuclear. Entretanto, a
expansão do universo levou ao seu esfriamento e consequente término dessas
reações, de forma que apenas os elementos químicos leves (de baixo número
atômico) foram formados. Gamow previu também, baseado nesse modelo, a existência
de uma radiação isotrópica e de espectro bem definido que teria se originado há
bilhões de anos atrás, numa época próxima ao início do universo.
Em 1965, essa radiação
cósmica de fundo foi observada, por acidente, por Arno Penzias e Robert Woodrow
Wilson. Diversas observações científicas foram então realizadas para se
certificar de sua existência e das características que comprovariam sua origem
há bilhões de anos atrás. Uma das observações mais famosas foi realizada pelo
satélite COBE, lançado em 1989. Ele confirmou a isotropia da radiação cósmica
de fundo, sua baixa temperatura (de 2,725 K) e seu espectro de corpo negro,
características básicas da radiação prevista por Gamow e fruto do universo em
expansão. Essas observações, aliadas às sobre a velocidade radial das galáxias
e a composição do universo deram suporte para a teoria do universo em expansão,
atualmente amplamente aceita pela comunidade científica.
Novos constituintes do universo
Além da questão da expansão
do universo, começaram a surgir, a partir de 1933, observações astronômicas que
indicavam que a quantidade de matéria visível em galáxias era bem menor que a
quantidade de matéria necessária para gerar os efeitos gravitacionais
observados. Em 1978, por exemplo, Sandra Faber publicou um trabalho no qual
mostra que a velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma
concentração de massa maior do que a inferida por observações da luz emitida
pela galáxia. Esse problema ficou conhecido como problema da massa faltante. O
acúmulo de observações de naturezas variadas que indicavam a existência dessa
matéria invisível afastou a possibilidade das teorias de gravitação estarem
erradas e reforçou a possibilidade de existência de um tipo de matéria
desconhecido que não participa das interações fortes nem das eletromagnéticas.
A essa matéria foi dada o nome de matéria escura. Observações atuais indicam
que, de toda a matéria existente no universo, cerca de 90% deve ser matéria
escura. A matéria atualmente conhecida pela física compõem cerca de 10% da
matéria do universo.
Em 1998, observações da
magnitude aparente e do desvio para o vermelho de supernovas começaram a
indicar que o universo não só está em expansão como está em expansão acelerada,
ou seja: sua expansão está sendo cada vez mais rápida. Como forma de explicar
essa aceleração, os cientistas tem como hipótese a existência de um outro tipo
de matéria desconhecida chamada energia escura, que poderia atuar como uma
"força antigravidade". O efeito de aceleração da expansão do universo
também pode ser explicado com a introdução da constante cosmológica proposta
por Albert Einstein muitos anos antes. Observações atuais das anisotropias da
radiação cósmica de fundo (realizadas pelo satélite WMAP, por exemplo), indicam
que aproximadamente 74% da densidade atual do universo é composta pela energia
escura, 22% por matéria escura e apenas 4% pela matéria conhecida, composta por
bárions e léptons.
Acredita-se na energia total
zero do Universo, quando se inclui no computo a energia negativa do campo
gravitacional. M.S.Berman também afirma que a densidade total de energia do
Universo, quando computada a densidade negativa do campo gravitacional, é zero,
o que mostra que não é infinita essa densidade no instante inicial, resolvendo
assim o problema da singularidade inicial.
Modelo cosmológico padrão
Atualmente, acredita-se que
o universo possua uma idade de aproximadamente 14 bilhões de anos, que esteja
em expansão acelerada e que seja aproximadamente homogêneo (nenhuma posição no
espaço é diferente das demais) e isotrópico (suas características são as mesmas
em qualquer direção) em grandes escalas. Isso significa que, embora existam
grandes aglomerações de matéria em estrelas, galáxias e grupos de galáxias
(objetos pequenos quando comparados com o tamanho do universo), se calcularmos
a densidade média em volumes bem maiores que os ocupados por um desses objetos,
ela não deve variar muito de uma região do espaço à outra. Acredita-se que, no
passado, o universo tenha sido ainda mais homogêneo que hoje, e que as grandes
inomogeneidades observadas hoje (galáxias, por exemplo) surgiram de pequenas
diferenças que cresceram, ao longo do tempo, por colapso gravitacional.
Também se acredita, baseado
principalmente nas observações da radiação cósmica de fundo feitas pelo
satélite WMAP, que o universo possua uma geometria plana, em contraposição à
geometria em espaços curvos proposta por Bernhard Riemann, com base na
geometria diferencial. De maneira simples, isso significa que dois raios de luz
paralelos devem continuar para sempre paralelos. Em espaços curvos do tipo
fechado, por exemplo, esses raios irão convergir, enquanto que em espaços
curvos abertos, eles irão divergir.
Quanto à sua composição,
dados provenientes da observação da radiação cósmica de fundo, de supernovas,
da abundância de elementos químicos e da quantidade de estruturas em grandes
escalas, principalmente, indicam que 74% do universo é composto por um tipo
exótico de matéria chamado de energia escura, 22% por outro tipo de matéria
desconhecida chamada matéria escura e 4% por matéria ordinária, na forma de
gás, poeira, estrelas e outros corpos celestes e seus agrupamentos (como as
galáxias).
O futuro da cosmologia
Nebulosa Olho de Gato.
A cosmologia associada a
outros ramos de pesquisa, como a informática e eletrônica, está cada vez mais
aumentando seu nível de complexidade.
Com o advento do avanço das
ciências de computação e a união de engenharias das mais diversas, existem
estudos para a construção de um supercomputador interligado a outros espalhados
pelo planeta onde se possa construir um universo virtual e se observar sua
dinâmica.
Muitas Universidades no
mundo estão empenhadas no projeto do Universo virtual que poderá ser o grande
passo para a pesquisa cosmológica do século XXI.
Em abril de 2011, utilizando
uma incerteza de Heisenberg persistente, relacionada à posição primordial de
uma origem comóvel, um físico brasileiro publicou uma solução para as equações
de campo de Einstein, dentro do contexto cosmológico, fornecendo uma
temperatura de zero absoluto para o universo primordial: "On the Cold Big
bang Cosmology". Recentemente, o mesmo autor publicou uma demonstração em
que a incerteza de Heisenberg persistente que levara a uma temperatura de zero
absoluto para o universo primordial advém de um critério de quantização para a
energia
Nenhum comentário:
Postar um comentário