Exobiologia ou Astrobiologia
(outros termos são exopaleontologia, bioastronomia e xenobiologia) é o estudo
da origem, evolução, distribuição, e o futuro da vida no Universo. Ou seja, é o
estudo das origens, evolução, distribuição e futuro da vida em um contexto
cósmico. Ela trabalha com conceitos de vida e de meios habitáveis que serão
úteis para o reconhecimento de biosferas que poderão ser diferentes da nossa. A
astrobiologia envolve a procura por planetas potencialmente habitáveis fora do
Sistema Solar, a exploração de Marte a de planetas e satélites externos,
pesquisas de laboratório e de campo sobre as origens e evolução da vida
primitiva na Terra, e estudos do potencial adaptativo da mesma em nosso planeta
e no espaço. A astrobiologia utiliza pesquisas multidisciplinares que
compreendem astronomia, biologia molecular, ecologia, ciências planetárias,
ciências da informação, tecnologias de exploração espacial e disciplinas
correlatas. Esse vasto caráter interdisciplinar da astrobiologia resulta em visões
e compreensão amplas de fenômenos cósmicos, planetários e biológicos, porém
requer o esforço coordenado e conjunto de pesquisadores de diversas áreas
A etimologia de
astrobiologia vem do grego antigo “astron”, “estrela, constelação”; “bios”,
“vida”; e “logia”, “estudo”. Apesar da astrobiologia ser um campo emergente e
em desenvolvimento, a questão da existência de vida em outros lugares no Universo
é uma hipótese verificável e portanto um ramo passível de investigação
científica. Apesar de antigamente ser considerada fora da ciência mainstream, a
astrobiologia virou um campo de estudo formal no século XX. A NASA fundou seu
primeiro projeto de astrobiologia em 1959 e estabeleceu um programa de
astrobiologia em 1960. O programa de exploração espacial Viking da NASA, que
começou em 1976, incluía três experimentos biológicos criados para verificar a
possibilidade de traços de vida em Marte. Em 1971, a NASA fundou a Busca por
Inteligência Extraterrestre (Search for Extra-Terrestrial Intelligence – SETI)
para procurar pelos céus por evidência de comunicação interestelar provinda de
uma civilização de um planeta distante. Outra missão espacial não tripulada
para Marte, o Mars Pathfinder , aterrissou em 1997 trazendo vários experimentos
exopaleontológicos na esperança de achar fósseis microscópicos nas rochas do
planeta vermelho.
No século XXI, a
astrobiologia virou o foco de um número crescente de missões da NASA e da
Agência Espacial Européia . O primeiro workshop europeu sobre astrobiologia
ocorreu em Março de 2001 na Itália , e o resultado foi o programa Aurora.
Atualmente, a NASA hospeda um instituto astrobiológico (NASA Astrobiology
Institute) e um número crescente de universidades norte-americanas, inglesas,
canadenses, irlandesas e australianas agora oferecem programas de graduação em
astrobiologia.
Um foco particular da
astrobiologia moderna é a busca por vida em Marte pela sua proximidade espacial
e por sua história geológica. Existe um número crescente de evidências que
sugere que Marte antigamente possuía uma quantidade considerável de água em sua
superfície, sendo que a água é um precursor essencial para a vida baseada no
carbono.
Missões feitas especialmente
para procurar por vida incluem o já citado programa Viking e as sondas Beagle
2, os dois em Marte. Os resultados do programa Viking foram inconclusivos e as
sondas Beagle 2 falharam na transmissão de dados para o controle na Terra,
assim é provável que elas tenham quebrado em solo marciano. Uma missão futura
com um importante papel astrobiológico seria a Jupiter Icy Moons Orbiter,
planejada para estudar as luas congeladas de Júpiter, pois algumas delas podem
ter água líquida, mas a missão foi cancelada. Recentemente, a espaçonave
Phoenix sondou a superfície de Marte a procura de evidências de vida
microscópica presente ou passada e de uma possível história de presença de água
lá.
Em 2011, a NASA planeja
lançar o veículo explorador Mars Science Laboratory (laboratório científico
marciano) que irá continuar a busca de vida presente ou passada em Marte
utilizando-se de uma variedade de instrumentos científicos. A Agência Espacial
Européia está desenvolvendo o veículo explorador astrobiológico ExoMars, que
irá ser lançado em 2018.
A União Astronômica
Internacional regularmente organiza grandes conferências internacionais através
do seu Commission 51: Bioastronomy. Commission 51 - Bioastronomy: Search for
Extraterrestrial Life desde 1982, sendo que atualmente a Universidade do Havaí
organiza e hospeda essa comissão.
Astrobiologia no Brasil
O Grupo Brasileiro de
Astrobiologia (AstroBio-Brazil, no CNPq) iniciou formalmente suas atividades em
Março de 2006, a partir da realização, no Rio de Janeiro, do 1st Brazilian
Workshop on Astrobiology, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. No ano
seguinte, em 24 de Outubro de 2007, o grupo foi aceito na rede da European
Astrobiology Network Association (EANA). Isso representou um passo importante
para as atividades da disciplina no país, na medida em que abre a possibilidade
de colaborações e intercâmbio com cientistas europeus da área. Agora, a
Astrobiologia crescerá muito no Brasil devido a criação do 1° Laboratório
Brasileiro de Astrobiologia, o AstroLab, no Hemisfério Sul. O centro de estudos
brasileiro está sendo instalado em Valinhos, no Observatório Abrahão de Moraes,
ligado ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da
Universidade de São Paulo.
Principais temas de pesquisa em Astrobiologia
A comunidade brasileira tem
manifestado interesse em vários temas de astrobiologia nos últimos anos, e
podemos citar a guisa de exemplo:
Análise de dados de Titã: As
observações de Titã pela Cassini serão analisadas para estudo de sua
meteorologia, desenvolvimento de modelos de transferência radiativa, para
definir composição da sua atmosfera, para aplicação em outras atmosferas de
corpos celestes.
Envelopes circunstelares de
objetos jovens: Medir fotometrica, espectroscopica e interferometricamente
envelopes de estrelas jovens,sobretudo em bandas de moléculas
astrobiologicamente interessantes a fim de identificar potenciais sítios de
formação biológica favorável.
Formação e evolução de CHONs
em diversos ambientes astrofísicos: A química da vida terrestre se baseia nos
elementos C, H, O, N, os elementos quimicamente ativos com maiores abundâncias
cósmicas. É provável que a vida em geral seja baseada em CHONs. O objetivo é a
estimativa das abundâncias de compostos baseados em CHONs em diversos ambientes
astrofísicos. Será usado o código de evolução quimiodinâmica CHEMODYN e a
emissão IR obtida com a interface DUST. As previsões serão comparadas com
observações de abundâncias, de galáxias até discos protoplanetários.
Identificação de
biomoléculas no meio interestelar: O objetivo desta linha é identificar bandas
em rádio de biomoléculas no MIS.
Investigação das condições
de sobrevivência de microorganismos extremófilos em ambientes extraterrestres
simulados: Simulações de ambientes extraterrestres em laboratório com o intuito
de verificar a sobrevivência de microrganismos extremófilos em condições
agressivas e investigar os mecanismos biológicos que podem contribuir para tal
sobrevivência. Esse trabalho permite inferir a possibilidade desses
microorganismos, ou microorganismos com mecanismos de resistência similares,
sobreviverem ao ambiente extraterrestre, seja na superfície de outros planetas,
seja em processos de transporte entre planetas.
Estrelas astrobiologicamente
interessantes: idades, zonas habitáveis e órbitas galácticas: estudo de zonas
habitáveis num conceito amplo e levando em conta condições astronômicas
conhecidas.
Evolução química de
biomoléculas no meio interstelar: Busca-se desenvolver equações e modelos que
descrevam a evolução das abundâncias de biomoléculas importantes, tais como
H2O, CO2, HCN, etc, no meio interestelar, a partir de um formalismo de Evolução
Química da Galáxia misturado a considerações de Astroquímica.
Influência da atividade
solar, da composição atmosférica terrestre e do campo geomagnético na vida da
Terra: lições para a astrobiologia: A variação da atividade solar, da
composição atmosférica terrestre e da intensidade do campo geomagnético foi
registrada em diversas escalas temporais e pode-se relacionar a possíveis
influências tanto na origem da vida na Terra como na sua evolução. Estes dados
sugerem limite de variabilidade na atividade estelar, na composição atmosférica
e nos campos magnéticos exoplanetários, permitindo o surgimento e evolução de
vida semelhante a da Terra em exoplanetas a serem encontrados em zonas
habitáveis.
Influência da incidência de
radiação de alta energia em biosferas: Tem-se estudado os possíveis efeitos de
radiação de alta energia, eletromagnética ou particulada, proveniente de fontes
astrofísicas (flares solares, raios cósmicos, gamma-ray bursts, giant flares de
soft-gamma repeaters, etc) sobre biosferas, tanto do ponto de vista de efeitos
biológicos na escala molecular quanto na escala de ecossistemas, para o
entendimento das possíveis influências na dinâmica ecológica e evolutiva
global.
Formação de biomoléculas em
atmosferas e superfícies planetárias: Pretende-se reproduzir dentro de uma
câmara experimental, a química, a temperatura e o campo de radiação (Solar)
presente em diferentes atmosferas e superfícies planetárias (ex. Titã, Marte,
Vênus, Terra Primitiva, etc...), com o intuito de produzir resíduos orgânicos e
novas moléculas consequentes do processo de fotólise na superfície de aerossóis
suspensos na atmosfera ou mesmo no solo.
Fragmentação de biomoléculas
em condições similares às do meio interestelar: Estudos da fragmentação de
diversas biomoléculas por fótons energéticos ou partículas em condições de
ultra-alto vácuo simulando o ambiente espacial têm sido realizados, de maneira
a compreender a resistência das mesmas nessas condições. Tais estudos têm sido
importantes para o cálculo do tempo de vida das diversas espécies moleculares,
bem como para a geração de modelos químicos com as espécies químicas reativas
formadas pelas fragmentações, os quais tem papel fundamental na química de
moléculas biologicamente importantes no meio interestelar.
Planetas Extrassolares
Com as novas missões das
Agências Espaciais do mundo, como a missão francesa CoRoT (com participação
brasileira), e a norte-americana Kepler, da NASA, muitos cenários planetários
foram procurados em nossaa galáxia. Com isso, aumenta ainda mais a nossa
ambição de busca de vida fora da Terra. Após estabelecidas as taxas geoquímicas
na Terra, como intemperismo, composição atmosférica bem como estudadas os
fatores astrofísicos, como, luminosidade da estrela, distância entre o planeta
e a estrela, os especialistas em geofísica podem calcular variáveis
importantes, como a temperatura média global do planeta. Os resultados serão
absolutamente favoráveis à vida caso as temperaturas permitam a existência de
água em estado líquido e permaneça estáveis em um intervalo de tempo
considerável, como, uns bilhões de anos. Apesar das cresencetes descobertas de
planetas extrassolares (mais de 400) e as descobertas envolvendo exoplanetas em
zona habitável, ainda os dados não serão completos para efetivamente comprovar
a existência de vida, seja ela um microorganismo (mais provável) ou uma
civilização tecnologicamente desenvolvida. Em maio de 2007, foi encontrado o
primeiro planeta em zona habitável. Esse planeta de massa aproximada de 8
massas terrestres orbita uma estrela anã vermelha, na constelação de Libra, a
Gliese 581, a aproximadamente 20 anos-luz do Sol. Pesquisas em todo o mundo
prometem anunciar grandes descobertas relacionadas à caça de planeta em zona
habitável nas próximas décadas.
A grande descoberta para a Astrobiologia
Sem dúvida alguma, a
descoberta de vida fora de Terra seria uma das maiores descobertas da
humanidade, por isso, cientistas do mundo inteiro se voltam para essa questão:
"Estamos sós no Universo?". Em dezembro de 2010, cientistas da NASA,
equipe liderada pela astrobióloga Felissa Wolfe-Simon, apresentaram a
descoberta da bactéria extremófila GFAJ-1, encontrada nas margens do Lago Mono.
Após o cultivo controlado em laboratório, os cientistas começaram a substituir
gradativamente os elementos presentes na dieta da GFAJ-1; que por um fato
inédito na biologia ela foi capaz de usar Arsênio (As) no seu metabolismo ao
invés de Fósforo (P), que é um dos seis elementos comuns entre todos os seres
vivos. Apesar do exagero criado pela Agência Espacial Americana, a descoberta
abalou a comunidade científica internacional e mudou os rumos para a busca de
vida fora da Terra.
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