Na antiguidade a observação
dos astros e a interpretação religiosa mantiveram uma ligação praticamente una.
Os povos primitivos já utilizavam símbolos representando os corpos celestes nas
manifestações de arte rupestre. No antigo Egito e outras civilizações
acreditava-se que a Terra fosse plana, e os astros lâmpadas fixas numa abóbada
móvel; em muitas civilizações existiam crenças onde se acreditava que o Sol
nascia a cada amanhecer para morrer ao anoitecer, e que acabaram por se tornar
a base de muitas religiões antigas. Os gregos, sobretudo os seguidores de
Pitágoras, acreditavam que os corpos celestes tinham seus movimentos regidos
rigorosamente pelas leis naturais, na esfericidade da Terra e na harmonia dos
mundos; já os seguidores de Aristóteles consideravam a teoria geocêntrica, onde
a Terra era o centro do universo.
Eratóstenes
Na cidade egípcia de
Alexandria no século III a.C., Eratóstenes, lendo um papiro, observou que havia
uma descrição de que ao sul da antiga cidade egípcia de Swenet (conhecida na
Grécia como Siena, e nos dias atuais como Aswan), atravessada pelo Trópico de
Câncer, ao meio dia, em 21 de junho, colocadas duas varetas perfeitamente em
prumo, estas não produziam sombra. A luz do Sol no solstício de verão penetrava
diretamente no fundo de um poço profundo, e as colunas dos templos não
produziam sombra também.
A descoberta do perímetro da Terra
Busto de Eratóstenes.
O sábio fez uma experiência
na biblioteca de Alexandria, onde posicionou varetas perfeitamente verticais.
Observando sua sombra ao meio dia do dia 21 de junho, descobriu que, enquanto
em Siena não havia sombra, em Alexandria esta era de forma até bastante
pronunciada, em torno de sete graus. Desta maneira Eratóstenes imaginou que se
a Terra fosse plana as varetas não haveriam de projetar sombra em nenhuma das
duas localidades, e se numa delas havia esta projeção e em outra não, é porque
a Terra não era plana e sim curva; ainda num exercício de pura lógica
matemática, após deduzir a defasagem de sete graus entre Siena e Alexandria
pagou para um de seus auxiliares medir a distância em passos entre as duas
localidades, chegando à conclusão que esta seria em torno de 800 quilômetros.
Como a defasagem angular é em torno de 7 graus e a circunferência é 360 graus, dividindo
360 por 7 encontrou aproximadamente cinquenta, que multiplicado por oitocentos
resultou numa circunferência de quarenta mil quilômetros; isto há dois mil e
duzentos anos.
Alexandrino Estrabão
Em torno do século I da era
cristã, o geógrafo "Alexandrino Estrabão", num de seus ensaios
escreveu: “...(sic)Aqueles que retornam de uma tentativa de circunavegação não
relatam impedimentos por terras opostas, pois os mares permanecem sempre
abertos; provavelmente o impedimento é a escassez de alimentos ou água... nos
diz Eratóstenes que se a extensão do Atlântico não é um obstáculo, a passagem
do mar da Ibéria para a Índia deve ser feita facilmente... Sendo bem provável
que na zona temperada haja uma ou duas terras habitadas... E realmente se esta
ou outra parte do mundo é habitada, não o é por homens como os daqui, e
deveremos considerá-la como um outro mundo habitado”...
Cláudio Ptolomeu
Ptolomeu (gravura do século XVI)
Cláudio Ptolomeu de
Alexandria cem anos mais tarde, em torno do século II da era cristã, formulou
no Almagesto sua teoria de que “...(sic) Terra se apresentava imóvel e rodeada
de esferas transparentes de cristal que giravam a sua volta e a que se
subordinavam o Sol e os planetas...” Ptolomeu relacionou as estrelas, registrou
seus brilhos, estabeleceu normas de previsão de eclipses, tentou descrever o
movimento dos planetas contra o fundo praticamente imóvel das constelações,
acreditou que a Terra fosse o centro do universo e que todos os corpos celestes
a rodeavam. Esta teoria foi adotada por santo Tomás de Aquino no século XIII, e
esta concepção do cosmo foi seguida até o século XVI.
Nicolau Copérnico
Jan Matejko-Astronomer Copernicus-Conversation with
God
Os filósofos do século XV
aceitavam o geocentrismo como fora estruturado por Aristóteles e Ptolomeu. Esse
sistema cosmológico afirmava que a Terra era esférica, mas também afirmava que
a Terra estaria parada no centro do Universo enquanto os corpos celestes
orbitavam em círculos concêntricos ao seu redor. Essa visão geocêntrica
tradicional foi abalada por Nicolau Copérnico em 1514, quando este começou a
divulgar um modelo cosmológico em que os corpos celestes giravam ao redor do
Sol, e não da Terra. Essa era uma teoria de tal forma revolucionária que
Copérnico escreveu no seu de revolutionibus: "quando dediquei algum tempo
à ideia, o meu receio de ser desprezado pela sua novidade e o aparente
contra-senso, quase me fez largar a obra feita".
Ptolomeu já havia
considerado a possibilidade de um modelo heliocêntrico, porém o rejeitou devido
às teorias de Aristóteles, segundo as quais a Terra não poderia ter uma rotação
violenta.
Ao contrário do que se
poderia imaginar, durante a vida de Copérnico não são encontradas críticas
sistemáticas ao modelo heliocêntrico por parte do clero católico. De fato,
membros importantes da cúpula da Igreja ficaram positivamente impressionados
pela nova proposta e insistiram que essas idéias fossem mais bem desenvolvidas.
Apenas com Galileu Galilei, (quase um século depois do início da divulgação do
heliocentrismo), a defesa do novo sistema cosmológico tornou-se problemática.
Em 1616 o principal trabalho
de Copérnico chegou a entrar para a lista dos livros proibidos da Igreja
Católica, mas apenas por um curto período, sendo novamente liberado depois de
pequenas adaptações feitas pelos censores eclesiásticos.
Galileu Galilei
Túmulo de Galileu, Santa Croce, Florença.
Galileu Galilei, na primeira
metade do século XVII, reforçou a teoria heliocêntrica com o uso do
recém-inventado telescópio, pois viu que a Via Láctea é formada por uma
infinidade de estrelas. Ao invés de nuvens, observou as manchas solares, mapeou
as crateras e montanhas na Lua, descobriu a existência de satélites ao redor de
Júpiter, além de observar Saturno e os seus anéis.
Quando passou a defender o
heliocentrismo como uma verdade literal, isso lhe rendeu muitos problemas com a
Igreja Católica, que, por razões principalmente teológicas, mas também por não
ter havido ainda comprovação cabal do novo modelo, insistia que Galileu
tratasse o heliocentrismo apenas como uma hipótese.
Em 1615, Galileu escreveu
uma carta para a grã-duquesa Cristina da Holanda dizendo: "(sic)...alguns
anos atrás, como sabe sua Alteza, vi no céu muitas coisas que nunca ninguém viu
até então. A novidade e as consequências se seguiram em contradição com as
noções físicas comummente sustentadas entre académicos e filósofos que se voltaram
contra mim um número grande de professores e eclesiásticos como se eu tivesse
colocado as coisas no firmamento com as minhas próprias mãos para alterar a
natureza e destruir a ciência e o conhecimento. Esquecem-se pois, que as
verdades a crescer estimulam as descobertas e as investigações estabelecendo
assim o crescimento das artes..."
Em 1633, Galileu foi a
julgamento e terminou oficialmente condenado por "grave suspeita de crime
de heresia", ficando oito anos em prisão domiciliária próximo a Florença,
onde veio a morrer. Em 1979 o Papa João Paulo II, 346 anos depois da
condenação, ilibou-o do julgamento executado pela Inquisição.
Fé e Ciência
Com a teoria do
heliocentrismo, Galileu tornou-se a única pessoa já condenada pela Inquisição
por ter defendido teses estritamente científicas e, por isso, é um exemplo
muito citado em debates que falem de "fé versus ciência". Entretanto,
este evento envolve elementos muito mais complexos do que simplesmente uma
controvérsia entre estes dois modos de ver o mundo. Há historiadores e
cientistas que dedicam toda a sua carreira a analisar apenas este ponto da
história para tentar entendê-lo em todas as suas dimensões.
Johannes Kepler
Johannes Kepler
Johannes Kepler descobriu
que as órbitas dos astros do sistema solar são elípticas. Num de seus ensaios
escreveu: “...(sic) É portanto, impossível que a razão não previamente
instruída pudesse imaginar qualquer coisa senão que a Terra seria um tipo de
casa imensa com a cúpula do céu no topo; não teria movimento e , dentro dela, o
Sol tão pequeno passaria de uma região para outra, como um pássaro esvoaçando
pelo ar.”...
Kepler baseou-se na
geometria euclidiana para pôr em prática suas teorias. Certa vez escreveu em um
de seus ensaios “(sic)...A Geometria existiu e existe desde antes da Criação. É
co-eterna com a mente de Deus...A Geometria forneceu a Deus um modelo para a
Criação... A Geometria é o próprio Deus...”
O mundo segundo Kepler em: "Tabulae Rudolphinae
: quibus astronomicae ...." por Johannes Kepler.
Em 1589, Kepler foi estudar
na Universidade de Tübingen, na Alemanha, onde começou a confrontar as
correntes intelectuais da época; foi quando se iniciou na chamada hipótese
copernicana, vislumbrando um universo heliocêntrico.
Em Graz, na Áustria, foi
ensinar matemática, desenvolveu almanaques meteorológicos e astronômicos.
Naquela época se conheciam seis planetas, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte,
Júpiter e Saturno, além dos sólidos platônicos, ou sólidos regulares.
Kepler tentou achar uma
relação entre os sólidos e as distâncias entre as órbitas dos planetas. Pensou
que estes sólidos, estando inscritos um ao outro, mostrariam as distâncias
destes ao Sol, chamando a isto de Mysterium Cosmographicum.
A importância de Tycho Brahe
Kepler conheceu Tycho Brahe,
que era o Matemático Imperial do Imperador Romano Rudolf II. Com o matemático,
trabalhou por algum tempo.
Tycho reuniu informações e
dados das órbitas planetárias por toda a sua vida. Quando morreu, deixou para
Kepler todas as suas anotações.
As anotações de Tycho
começaram a ser compiladas antes da invenção do telescópio.
Todos os astrônomos
anteriores a Kepler dimensionaram órbitas circulares aos planetas conhecidos.
Acreditavam ser o círculo a forma geométrica perfeita. Os círculos colocados no
céu por Deus deveriam ser perfeitos.
Após três anos de cálculos e
pesquisas infrutíferas, Kepler abandonou sua teoria do Mysterium
Cosmographicum. Alguns meses depois de abandonar a antiga teoria, ainda
seguiram pesquisas infrutíferas. Kepler finalmente abandonou definitivamente a
órbita circular e passou a buscar as respostas por outros caminhos.
Depois de buscar
incansavelmente uma resposta que explicasse satisfatoriamente os orbitais,
Kepler iniciou o uso da elipse como forma das órbitas planetárias.
Começou seu estudo
utilizando a fórmula da elipse codificada por Apolônio de Perga da Biblioteca de
Alexandria, descobrindo que finalmente esta se ajustava com perfeição às
observações de Tycho.
Isaac Newton
Com Isaac Newton,
descobridor e formulador da lei da gravitação universal no século XVII, foi
criada uma sólida base científica para a cosmologia, que passou do campo
puramente filosófico para o experimental.
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