Uma nova descoberta mostra que a água em áreas profundas de Urano e Netuno possui um brilho amarelado e se comporta como um líquido e um sólido ao mesmo tempo. Este material exótico pode ajudar a explicar por que ambos os planetas têm campos magnéticos bizarros.
As condições extremas que existem no fundo de Urano e Netuno podem ser ideais para a formação dessa água “superiônica”. O fenômeno, entretanto, nunca ficou claro porque os pesquisadores não sabiam ao certo quais as pressões e temperaturas necessárias para sua formação.
Estudos entre 1999 e 2005 sugeriram que a água brilhante é formada a temperaturas acima de 2000° C ou menos, e se comportaria dessa maneira a pressões e temperaturas muito elevadas.
Sob tais condições, o oxigênio e os átomos de hidrogênio nas moléculas de água ionizariam; o oxigênio formaria uma estrutura de cristal e os íons de hidrogênio seriam capazes de fluir através dessa grade como um líquido.
Agora, uma pesquisa recente sugere que ambos os planetas possuem uma espessa camada desse material. Os resultados mostram que a água superiônica deve se estender do núcleo rochoso até cerca de metade da superfície de cada planeta.
As simulações assumem as condições mais extremas possíveis dentro de ambos os planetas, com temperaturas atingindo até 6.000° C e pressões de 7.000 mil vezes a pressão atmosférica da Terra.
Essas evidências ajudam a entender os campos magnéticos desses planetas. Enquanto o campo magnético da Terra se assemelha ao de um ímã de barra, as proximidades de Urano e Netuno podem ter campos de polaridade oposta.
Um trabalho de 2006 considerou possível que o interior de ambos os planetas contivesse uma estreita camada de material eletricamente condutor em constante agitação, o que gerava os campos magnéticos. Esta camada condutora seria feita de água iônica, em que as moléculas tivessem se dividido em íons de oxigênio e hidrogênio. Ou seja, as provas da água iônica coincidem com esse comportamento magnético.
Porém, a pesquisa atual acrescenta que essa água também conduz eletricidade através do fluxo dos íons de hidrogênio. Então, alguma coisa deve estar “barrando” a agitação da água superiônica, o que tornaria o campo magnético mais ordenado.
Uma das suposições dos cientistas é que os elétrons da água superiônica podem absorver a radiação infravermelha. As simulações indicam que eles tendem a ficar perto dos átomos de oxigênio, fazendo com que a maioria da água fique transparente ao “calor”. Isso tornaria mais fácil para o calor dos núcleos dos planetas irradiarem através da água superiônica, e não haveria a convecção necessária que deixaria o campo mais ordenado.
Os cientistas consideram os resultados um grande avanço para o entendimento de estruturas planetárias internas.
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