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sábado, 14 de julho de 2018

Relíquias cósmicas


Essa imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble, parece nos fazer mergulhar na tela, nos levando até às profundezas escuras do universo primordial. Massivos aglomerados de galáxias, como esse mostrado na imagem, o Abell 1300, nos ajuda a entender melhor o universo. Eles são essencialmente gigantescos telescópios naturais, ampliando a luz de qualquer galáxia situada além deles e nos ajudando assim a ver cada vez mais distante, e mais longe no tempo. 

Esse tipo bizarro de viagem no tempo é possível devido ao fenômeno conhecido como lente gravitacional, onde a influência gravitacional de um objeto massivo como o Abell 1300 age como uma lente, contorcendo o tecido do espaço-tempo ao seu redor e fazendo com que uma luz mais distante se mova numa trajetória curva. Para o observador, a fonte de luz, um objeto de segundo plano como uma galáxia primordial, por exemplo, aparece distorcida e ampliada. O poder de lente gravitacional de aglomerados massivos tem nos ajudado a descobrir algumas das galáxias mais distantes no universo. O Hubble tem observado esse fenômeno muitas vezes. 

Essa imagem foi feita com a Advanced Camera for Surveys e a Wide Field Camera 3, como parte de um programa de observação conhecido como RELICS. O programa fez imagens de 41 aglomerados massivos de galáxias durante 390 órbitas do Hubble e 100 horas de observação do Telescópio Espacial Spitzer, com o objetivo de encontrar as galáxias mais brilhantes e distantes. Estudar essas galáxias em mais detalhes tanto com os atuais telescópios, como com o Telescópio Espacial James Webb, poderá nos ajudar a entender cada vez mais e melhor as nossas origens cósmicas.

Nebulosa do Caranguejo no LCD

Essa bela imagem mostra a famosa Nebulosa do Caranguejo em cores vibrantes. A imagem foi produzida combinando os dados de telescópios que cobrem quase todo o espectro eletromagnético, desde as ondas de rádio até os raios-X. O Karl G. Jansky Very Large Array (VLA) forneceu dados nas ondas de rádio, mostrados em vermelho na imagem, o Telescópio Espacial Spitzer da NASA fez as imagens em infravermelho, mostradas em amarelo, o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA forneceu os dados na luz visível, mostrados em verde, o telescópio XMM-Newton da ESA observou a nebulosa no ultravioleta, com seus dados mostrados em azul, e o Observatório De Raios-X Chandra da NASA adquiriu os dados em raios-X, mostrados em roxo.
A Nebulosa do Caranguejo está localizada a aproximadamente 6500 anos-luz de distância da Terra, na constelação de touro, e é o resultado de uma explosão de supernova que foi observada pelos chineses e por outros astrônomos, no ano de 1054. No centro da nebulosa está um pulsar, uma estrela de nêutrons super densa que gira a cada 33 milissegundos, emitindo um feixe de luz nas ondas de rádio e na luz visível como se fosse um farol.
Ao redor do pulsar existe uma mistura de material, alguns deles originalmente expelidos da estrela antes dela se transformar em supernova, e o restante ejetado durante a explosão. Ventos velozes carregados de partículas são soprados para fora da estrela de nêutrons, energizando a poeira e o gás ao redor. Essas diferentes camadas e os intrigantes filamentos que constituem a nebulosa podem ser observados nessa imagem em todos os comprimentos de onda.

Pode haver tanta água dentro da Terra quanto nos oceanos: estudo


Uma equipe de pesquisadores de várias instituições do Japão e Alemanha encontraram evidências de que o manto da Terra tem tanta água quanto os oceanos da superfície. Os pesquisadores realizaram testes de laboratório para acabar de vez com o debate entre os que acreditam que há enorme quantidade de água ali e os que defendem que o manto é livre de água. Em um artigo publicado no site Science Advances, o grupo aponta que a parte superficial e a mais profunda do manto são livres de água, mas que seu centro pode conter quantidades massivas do líquido. Esta camada fica a cerca de 500km de profundidade a partir da superfície do manto. A principal evidência de que esta parte do manto pode conter grandes quantidades de água é que ela é composta pelos minerais wadsleyvite e ringwoodita, conhecidos por segurar bastante água.
Os pesquisadores criaram rinwoodita sintética para representar a parte central do manto e bridgemanita (MgSiO3) para representar a parte inferior da camada. Eles então analisaram a viscosidade e adicionaram água à ringwoodita. O resultado observado foi que fazer isso reduz a viscosidade e que as medições bateram com as realizadas no manto de verdade.
Ao ajustar a quantidade de água adicionada ao manto sintético e calcular as mudanças na viscosidade, eles conseguiram estimar a acumulação de água nos minerais do manto Essa informação foi usada para calcular quanta água está na região central do manto. O artigo diz que essa quantidade é semelhante à dos oceanos da superfície da Terra. 

Cientistas não sabem por que tanta antimatéria está nos atingindo


Cientistas estão tentando descobrir por que tantas partículas de antimatéria estão atingindo a Terra. Uma equipe de pesquisadores internacionais analisou recentemente resultados do Observatório Cherenkov de Raios Gama (HAWC), no México, para testar a hipótese de que o excesso de antimatéria poderia estar vindo dos pulsares, estrelas de nêutrons que canalizam as partículas carregadas para um feixe com seus campos magnéticos super fortes.

Já sabemos que elas nos atingem e até já temos uma teoria do porquê – os astrônomos acreditam que elas chegam até nós vindos dos pulsares. A questão é que há mais dessas partículas nos atingindo do que deveriam – em 2008, uma sondagem na órbita da Terra descobriu que mais dessas partículas de alta energia estão nos atingindo do que esperávamos.

Estes “anti-elétrons” são chamados de pósitrons e o novo estudo nos dá algumas respostas sobre eles – embora não sejam exatamente aquelas que os cientistas estavam esperando. Os raios cósmicos são partículas incrivelmente rápidas que são atiradas no espaço pela força de energias muito altas. Os pósitrons compõem uma pequena parte dessas partículas super rápidas, mas ninguém sabe com certeza de onde eles vêm ou como eles são criados.

Os pulsares funcionam como aceleradores de partículas gigantes para a poeira e as partículas que ficam em volta deles, juntando as partículas e produzindo matéria. A teoria diz que, em meio ao caos de partículas, elétrons e os seus gêmeos da anti-matéria podem surgir e ser levados pelas ondas de choque produzidas pelas colisões.

Surpresa

O observatório HAWC detectou recentemente um par de pulsares que podem ser candidatos perfeitos a fontes de pósitrons. Os dois estão a poucas centenas de anos-luz de distância de nós. “Detectores do observatório HAWC gravam a radiação gama emitida, entre outros, por uma certa população de elétrons produzidos por pulsares e acelerada por eles para grandes energias”, diz o físico Francisco Salesa Greus, da Academia Polonesa das Ciências, em Cracóvia. “A questão básica era: há bastante desses elétrons interagindo para produzir o número certo de pósitrons?”. E a resposta é não.

Após 17 meses colhendo dados e, depois, analisando-os minuciosamente, os pesquisadores descobriram que os pulsares eram responsáveis ​​por alguns dos pósitrons de energia extra alta, mas o número ainda era pequeno demais para explicar todos eles. Embora seja uma decepção para os cientistas que uma de suas teorias esteja errada, isso pode abrir outras possibilidades. “Uma vez que o envolvimento dos pulsares na geração de pósitrons de alta energia que nos atingem é tão modesto, outras explicações tornam-se cada vez mais prováveis”, diz Sabrina Casanova, também pesquisadora do Instituto de Física Nuclear da Academia Polonesa de Ciências.

Uma dessas explicações envolve a decadência de partículas maciças de matéria escura. É uma ideia tentadora para os pesquisadores, especialmente porque proporcionaria uma maneira de entender um pouco mais este material intrigante que constitui um quarto da massa do Universo.

Cientistas detectam 2 mil planetas. Em outra galáxia.

Não temos como descobrir muito mais do que isso sobre eles. Mas é a primeira vez que astrônomos identificam planetas fora da Via Láctea.
Suas definições de zoom foram atualizadas: pesquisadores da Universidade de Oklahoma, nos EUA, conseguiram identificar um conjunto de 2 mil planetas em outra galáxia, a 3,8 bilhões de anos-luz da Terra. Eles tem tamanhos variados – qualquer coisa entre a Lua e Júpiter. Mas antes que você peça fotos, fica o aviso: não é possível observá-los diretamente.

Mesmo exoplanetas muito próximos de nós – como Proxima B, localizado a “apenas” 4,2 anos-luz da Terra – são invisíveis para um telescópio convencional. A maneira mais fácil de encontrá-los e estudá-los é medir a sombra que eles fazem quando passam na frente das estrelas que os hospedam. Esse é, diga-se de passagem, o truque favorito do telescópio espacial Kepler, da Nasa.

Quando os planetas que precisam ser identificados estão ainda mais longe – outra galáxia é longe o suficiente – aí nem sombra resolve o problema. É preciso usar outro truque: lentes gravitacionais.

Lentes gravitacionais são um dos muitos presentes de Einstein para a astronomia. Todo corpo curva o tecido do espaço-tempo ao seu redor. Quando um raio de luz emitido por uma fonte distante, a caminho de nossos olhos, passa perto de um corpo particularmente grande no caminho, esse corpo distorce o raio. Com base na distorção, é possível calcular com alguma precisão a massa do obstáculo – e prever algumas de suas características.

Os pesquisadores de Oklahoma usaram justamente esse truque: analisaram a forma como a galáxia que estavam estudando altera a luz emitida por três quasares, ainda mais distantes. Com base nessas alterações, calcularam que havia cerca 2 mil planetas por ali. A essa distância, sempre há algum grau de especulação envolvido. Mas ninguém na física teórica duvida da existência de planetas em outras galáxias, então a observação, apesar de marcante, só confirma um fato natural.

“Nós ficamos muito animados com esta descoberta. Essa é a primeira vez que são descobertos planetas de fora da nossa galáxia”, afirmou em comunicado o chinês Xinyu Dai, um dos autores do estudo. “Pequenos planetas são os melhores candidatos para as assinaturas que encontramos no estudo usando as lentes gravitacionais.”

E agora, Einstein? Galáxias distantes se movem mais rápido que a velocidade da luz


Uma das primeiras coisas que aprendemos nas aulas de ciência é que nada pode viajar mais rápido do que a velocidade da luz. Essa é uma regra fundamental proposta por Albert Einstein em sua Teoria da Relatividade. Mas os físicos acreditam agora que pelo menos uma coisa pode quebrar esta regra, ou pelo menos parece quebrar – o próprio universo. Os astrônomos acreditam que há galáxias se afastando da nossa a uma velocidade maior que a velocidade da luz. Como resultado, provavelmente nunca conseguiremos vê-las.

Há 13,78 bilhões de anos, nosso universo, que se concentrava em um ponto muito pequeno e denso, explodiu em um evento que chamamos de Big Bang. Após a explosão, o universo expandiu a uma taxa de 10¹⁶ em uma fração de segundo, durante um período de inflação que ocorreu a uma velocidade maior que a da luz. 

Depois disso, seria de se imaginar que o universo se expandiria a uma taxa constante ou mesmo diminuiria sua velocidade. Se a velocidade diminuísse, poderíamos ver até o limite, pois não haveria nenhum lugar que fosse muito longe para a luz viajar.

Em vez disso, a taxa de expansão do universo tem acelerado. E há lugares no universo que estão tão distantes que os fótons nunca chegarão lá. Como resultado, as bordas do nosso cosmos permanecem na sombra. O que está além delas é um mistério que talvez nunca possamos resolver.

Essa expansão ainda está ocorrendo, a uma taxa cada vez maior. E não é apenas a matéria, mas o tecido do próprio universo. Além disso, as galáxias mais distantes parecem estar se movendo mais rápido do que as que estão mais perto de nós. Pode até haver algumas se movendo mais rápido que a luz – e se for esse o caso, dificilmente as detectaríamos.

A taxa de expansão universal é de 68 quilômetros por segundo por megaparsec. Um parsec é 3,26 milhões de anos-luz, enquanto um megaparsec contêm um milhão de parsecs. A cada parsec mais longe uma galáxia está da nossa, é preciso adicionar 68 km / s à sua velocidade.

Quando chegam a cerca de 4.200 megaparsecs de distância, as galáxias viajam mais rápido que a luz – só por curiosidade, 4.200 megaresecs é igual a 130.000.000.000.000.000.000.000 km. Os astrônomos conseguem calcular a que distância uma galáxia está pela distância que ela percorreu e pelo tempo necessário para percorrer essa distância, observando cuidadosamente a luz que vem dela.

GALÁXIAS VERMELHAS

Podemos dizer a que distância uma galáxia se encontra por algo chamado desvio para o vermelho e pela mudança para o azul. Quando uma galáxia se afasta, a luz demora mais para chegar até nós. Todo esse espaço entre a galáxia e nós força o comprimento de onda da luz a se alongar, movendo-a em direção à parte vermelha do espectro. Isso é conhecido como desvio para o vermelho. Esses objetos que se afastam de nós parecem vermelhos enquanto aqueles que se movem em nossa direção, cujos comprimentos de onda encurtam, parecem azuis.

A coisa mais distante que podemos detectar é o fundo cósmico de microondas (CMB), um resíduo do que sobrou do Big Bang. Criado há 13,7 bilhões de anos, ele agora se estende homogeneamente 46 bilhões de anos-luz de distância em todas as direções.

De acordo com Paul Sutter, astrofísico da Universidade do Estado de Ohio, nos EUA, e cientista-chefe do Centro de Ciências COSI, a noção de que a velocidade da luz é a velocidade máxima para a matéria (ou para dados) vem da relatividade especial de Einstein. Mas isso é parte do que ele chama de “física local”. Pode e, de fato, deve ser aplicado às coisas próximas.

Longe, nas profundezas do espaço, no entanto, a relatividade geral se aplica, mas a relatividade especial não, e isso faz com a luz não seja mais exatamente o parâmetro, à medida que a velocidade mais alta se torna menos certa. A implicação de um universo em constante aceleração é uma morte cósmica melancólica. Ao longo de bilhões de anos, acredita-se que as galáxias se expandirão tão longe umas das outras que os gases que se reúnem para formar estrelas não conseguirão se unir.

A luz de outras galáxias também não poderá nos alcançar. E sem novas estrelas se formando, elas não serão nada para substituir as que se esgotaram. Isso significa um desvanecimento lento de toda a luz no universo e, em seu lugar, um cosmo para sempre envolto em trevas geladas. O universo vai literalmente apagar, a menos que outras forças possam neutralizar esse fenômeno.

Esta galáxia inteira está sendo devastada por seu buraco negro supermassivo


Uma bela imagem de uma galáxia sendo estrangulada por tentáculos de gás e poeira foi registrada pelo Telescópio Hubble. O estranho formato deste objeto celestial é causado por um enorme buraco negro localizado em seu centro. Ele está matando a galáxia. Chamada de NGC 4696, a galáxia está localizada no aglomerado de galáxias Centaurus, a 150 milhões de anos-luz de distância da Terra. Ela tem um formato elíptico que pode parecer com a de seus vizinhos, mas uma olhada mais cuidadosa revela que ela é bastante diferente.  A NGC 4696 tem filamentos encaracolados de poeira e hidrogênio ionizado que saem do corpo celeste principal e vão em direção ao espaço.

Novas pesquisas sugerem que há um gigantesco buraco negro no centro da galáxia, responsável por essas características, além de impedir a criação de novas estrelas nesta região. A galáxia está com os dias contados. Esta curiosa galáxia tem chamado atenção dos pesquisadores há algum tempo, já que é a mais iluminada do aglomerado. Mas uma nova pesquisa conduzida por astrônomos da Universidade de Cambridge traz mais informações sobre os filamentos da NGC 4696 e como eles são produzidos.

Com a ajuda do Telescópio Hubble, os astrônomos puderam medir os filamentos de poeira, concluindo que eles têm cerca de 200 anos-luz de comprimento e densidade 10 vezes maior do que os gazes que os cercam. Os filamentos estão costurados uns aos outros como se fossem linhas, conectando os gases da galáxia ao seu centro brilhante. O buraco negro em seu centro aquele os gases ao seu redor, puxando o material filamentoso com ele. Os filamentos que são puxados para perto do buraco são engolidos por ele.  Assim, os gases são impedidos de criar novas estrelas. As que já existem vão envelhecer e morrer, fazendo com que este setor do espaço fique completamente escuro.

Pela 1ª vez, cientistas observam mega fusão de 14 galáxias ao mesmo tempo

Representação artística das 14 galáxias observadas no universo distante. Essas estruturas devem se fundir com o tempo, afirmam pesquisadores  (Foto: NRAO/AUI/NSF; S. Dagnello)

Uma equipe internacional de cientistas descobriu uma concentração de 14 galáxias que estão prestes a se fundir. A megafusão foi publicada nesta quarta-feira (25) na revista "Nature" e está localizada a 12,4 bilhões de anos-luz de distância. Pela 1ª vez, cientistas conseguiram observar o processo em formação.

A aglomeração deve se tornar um dos elementos mais massivos do universo moderno, sendo 10 trilhões de vezes superior à massa do Sol. Ainda, galáxias dentro do aglomerado estão produzindo estrelas a um ritmo incrível, relatam os autores. Algumas das 14 galáxias estão formando estrelas até 1.000 vezes mais rápido do que a Via Láctea.

"Com o tempo, as 14 galáxias que observamos irão parar de formar estrelas e se aglutinar em uma única galáxia gigantesca", afirmou Scott Chapman, astrofísico da Universidade Dalhousie (Canadá), em nota.

"O fato de que isso está acontecendo tão cedo na história do universo representa um desafio para a nossa compreensão atual do modo como as estruturas se formam", continuou o especialista.
Cientistas pontuam que, na história do universo, a matéria começou a se aglomerar em concentrações cada vez maiores, dando origem às galáxias. Já as aglomerações de galáxias, por sua vez, são conhecidas como "protoclusters" e modelos computacionais atuais indicavam que aglomerados tão grandes quanto os observados agora poderiam ter demorado muito mais para evoluir.

"Como essa galáxia ficou tão grande tão rapidamente é um mistério", diz Tim Miller, candidato a doutorado na Universidade de Yale (EUA) e coautor do estudo, em nota.
Os astrônomos perceberam que as galáxias estão em processo de fusão pela alta massa em um espaço confinado. Um outro ponto é a alta taxa de formação de estrelas, que fornece evidências para a fusão.

Importância do achado
A observação desses processos no universo podem fornecer descobertas interessantes para a ciência. É sabido, por exemplo, que esses aglomerados de galáxias transbordam um gás superaquecido que pode atingir temperaturas de 1 milhão de graus celsius.


Uma hipótese apresentada para o porquê de haver esse gás é que, com a velocidade de formação das estrelas nesse aglomerado, há a emissão de gás quente. Como esse gás não é denso o suficiente para formar estrelas, ele acaba sendo emitido dentre os espaços vazios nas galáxias.

A observação do aglomerado de galáxias foi possível com a utilização do radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array). Localizado no deserto do Atacama (Chile), o instrumento foi construído por meio de uma colaboração internacional e é atualmente o maior radiotelescópio do mundo.

Faróis cósmicos revelam núcleo da Via Láctea



Uma equipe internacional de astrónomos liderada pela Dra. Andrea Kunder do Instituto Leibniz de Astrofísica de Podstam, Alemanha, e pelo Dr. R. Michael Rich da Universidade da Califórnia em Los Angeles, EUA, descobriu que os 2000 anos-luz centrais da Via Láctea abrigam uma população antiga de estrelas. Essas estrelas têm mais de 10 mil milhões de anos e as suas órbitas no espaço preservam o início da história da formação da Via Láctea. Pela primeira vez, a equipe "desembaraçou" este componente antigo da população estelar que atualmente domina a massa central da Galáxia. Os astrónomos usaram o espectrógrafo AAOmega do AAT (Anglo Australian Telescope) perto de Siding Spring, Austrália, e focaram-se numa classe bem-conhecida e antiga de estrelas, as chamadas variáveis RR Lyrae.

O brilho destas estrelas pulsa mais ou menos uma vez por dia, o que as torna mais difíceis de estudar do que as suas homólogas estáticas, mas têm a vantagem de ser "velas padrão". As estrelas variáveis RR Lyrae permitem estimativas exatas de distância e podem ser encontradas apenas em populações estelares com mais de 10 mil milhões de anos, por exemplo, em antigos enxames globulares situados no halo. As velocidades de centenas de estrelas foram registadas simultaneamente na direção da constelação de Sagitário, sobre uma área maior que a Lua Cheia. Por conseguinte, a equipa foi capaz de usar o mesmo carimbo de idade das estrelas para explorar as condições na parte central da nossa Via Láctea, quando esta foi formada.

Tal como as cidades de Londres e Paris são construídas sobre vestígios romanos, ou vestígios ainda mais antigos, a nossa Via Láctea também tem múltiplas gerações de estrelas que abrangem o tempo desde a sua formação até ao presente. Dado que os elementos pesados, referidos pelos astrónomos como "metais", são formados nas estrelas, as subsequentes gerações estelares tornam-se cada vez mais ricas em metais. Portanto, espera-se que os componentes mais antigos da nossa Via Láctea sejam estrelas pobres em metais. A maioria das regiões centrais da nossa Galáxia são dominadas por estrelas ricas em metais, o que significa que têm aproximadamente o mesmo conteúdo metálico que o nosso Sol, e estão agrupadas numa estrutura barrada.

Descobriu-se que estas estrelas na barra da Via Láctea orbitam mais ou menos na mesma direção em redor do Centro Galáctico. O hidrogénio na Via Láctea também segue esta rotação. Daí que se pensava que todas as estrelas no centro tinham a mesma órbita. Mas, para espanto dos astrónomos, as estrelas RR Lyrae não seguem estas órbitas barradas, têm grandes movimentos aleatórios mas consistentes com tendo-se formado a grandes distâncias do centro da Via Láctea. "Nós esperávamos descobrir que estas estrelas têm órbitas iguais à do resto da barra", explica Kunder, investigadora principal. O coautor Juntai Shen, do Observatório Astronómico de Shanghai, acrescenta: "Elas representam apenas 1% da massa total da barra, mas esta população ainda mais antiga de estrelas parece ter uma origem completamente diferente da de outras estrelas aí presentes, consistente com a ideia de terem sido uma das primeiras partes da Via Láctea."

As estrelas RR Lyare são alvos móveis - as suas pulsações resultam em mudanças na sua velocidade aparente ao longo de um dia. A equipa teve isto em mente e foi capaz de mostrar que a dispersão de velocidade ou o movimento aleatório da população estelar RR Lyrae era muito alto em relação às outras estrelas no centro da Via Láctea. Os próximos passos serão a medição do conteúdo metálico da população de estrelas RR Lyrae, o que dará pistas adicionais da história das estrelas e melhorará por três ou quatro vezes o número de estrelas estudadas, que atualmente situa-se em quase 1000.
Fonte: Astronomia Online

Encontrada segunda estrela mais antiga da Via Láctea

J0815+4729 TERIA SURGIDO 300 MILHÕES DE ANOS DEPOIS DO BIG BANG


Se você acha que o Sol é uma estrela velha, com 4,6 bilhões de anos, saiba que ele é um jovem serelepe perto de Jo815+4729. A estrela, descoberta por cientistas espanhóis, nasceu 300 milhões de anos depois do Big Bang e ostenta 13,5 bilhões de anos. Se você está se perguntando como a descoberta foi feita (já que é falta de educação sair por aí perguntando a idade de pessoas e estrelas), os pesquisadores se basearam no tipo de elementos químicos que formam a estrela. 

“Identificar e caracterizar quimicamente estes tipos de estrelas irá iluminar o entendimento sobre a evolução de materiais químicos da galáxia e sobre a natureza das primeiras estrelas”, escreveram os autores no paper publicado no periódico Astrophysical Journal Letters.

O que determina a idade é a quantidade de elementos químicos pesados. Quanto mais o tempo passa, mais elementos leves e menos pesados. Jo815+4729 (ou ‘Jô’ para os íntimos), por exemplo, carrega pouquíssimos elementos mais pesados que hidrogênio e hélio, e uma quantidade tão pequena de ferro (muito comum em estrelas novas) que nem pode ser medida. O astro, porém, têm companheiros de geração até mais rodados: SMSS Jo313-6709 (ou ‘Jojô para os íntimos), descoberta por um time australiano em 2014, é ainda mais velha, com 13,6 bilhões de anos.

Planeta negro capturado pelo Hubble


 Astrônomos descobriram que o exoplaneta WASP-12b não reflete quase nenhuma luz, fazendo com que pareça essencialmente preto.Este achado levanta novas hipóteses sobre a composição atmosférica do planeta, refutando modelos anteriores.


USANDO O ESPECTRÓGRAFO DE IMAGEM DO TELESCÓPIO ESPACIAL HUBBLE, UMA EQUIPE INTERNACIONAL LIDERADA POR ASTRÔNOMOS DA UNIVERSIDADE MCGILL, NO CANADÁ, E DA UNIVERSIDADE DE EXETER, NO REINO UNIDO, MEDIU A QUANTIDADE DE LUZ QUE O WASP-12B REFLETE, ALGO QUE É CHAMADO DE ALBEDO, PARA APRENDER MAIS SOBRE A COMPOSIÇÃO DA SUA ATMOSFERA.

Os resultados foram surpreendentes. “O albedo medido do WASP-12b é no máximo de 0,064. Este é um valor extremamente baixo, tornando o planeta mais escuro que o asfalto”, explica o autor principal da pesquisa, Taylor Bell, aluno de mestrado em astronomia na Universidade McGill.
Isso significa que o WASP-12b é duas vezes menos reflexivo do que a nossa lua, que tem um albedo de 0,12.  
O WASP-12b orbita a estrela WASP-12A, do mesmo tipo que o nosso sol, a cerca de 1.400 anos-luz de distância. Desde sua descoberta, em 2008, tornou-se um dos exoplanetas mais bem estudados. O WASP-12b possui um raio que é quase o dobro do de Júpiter, e um ano equivalente a pouco mais de um dia da Terra. Logo, é categorizado como um “Júpiter quente”. Por estar tão perto de sua estrela, a atração gravitacional o estica em uma forma oval, aumentando a temperatura da superfície em seu lado iluminado a 2.600 graus Celsius.
A alta temperatura também é a explicação mais provável para o baixo albedo de WASP-12b. “Há outros Júpiteres quentes que são extremamente pretos, mas eles são muito mais frios do que o WASP-12b. Para esses planetas, sugere-se que coisas como nuvens e metais alcalinos sejam o motivo da absorção de luz”, afirma Bell.
O lado iluminado de WASP-12b é tão quente que nuvens não podem se formar e os metais alcalinos são ionizados. O planeta é quente o suficiente para separar as moléculas de hidrogênio em hidrogênio atômico, o que torna sua atmosfera parecida com a de uma estrela de baixa massa. Essa pode ser a razão de seu baixo coeficiente de reflexão.

PARA MEDIR O ALBEDO DO WASP-12B, OS CIENTISTAS OBSERVARAM O EXOPLANETA EM OUTUBRO DE 2016 DURANTE UM ECLIPSE, QUANDO ELE PASSOU POR TRÁS DA SUA ESTRELA HOSPEDEIRA POR UM TEMPO.

Este é o melhor método para determinar o albedo de um exoplaneta, pois envolve a medição direta da quantidade de luz refletida. No entanto, esta técnica requer uma precisão dez vezes maior do que as observações de trânsito tradicionais. Usando o instrumento do Hubble, os cientistas conseguiram medir o albedo de WASP-12b em vários comprimentos de onda diferentes.
Em seguida, os pesquisadores compararam essas medições com modelos atmosféricos previamente sugeridos para o WASP-12b, concluindo que os dados não correspondem a nenhum deles. As novas informações indicam que a atmosfera WASP-12b é composta por hidrogênio atômico e hélio.
WASP-12b é o segundo planeta a ser medido desta forma. Enquanto os resultados de outro Júpiter quente, HD 189733b, sugerem que o exoplaneta tem uma cor azul escura, o WASP-12b, por outro lado, não reflete luz em qualquer comprimento de onda. Porém, ele emite luz por causa de sua alta temperatura, o que lhe dá uma tonalidade vermelha semelhante a um metal incandescente.
A pesquisa foi publicada na revista científica The Astrophysical Journal Letters
Fonte: Phys

Cientistas japoneses detectam anomalia atmosférica enorme em Vênus


Utilizando a espaçonave Akatsuki, cientistas japoneses detectaram uma grande anomalia, em forma de arco, na atmosfera superior de Vênus. Estranhamente, a estrutura de 9,97 quilômetros de comprimento não se mexe, apesar dos ventos de 362 quilômetros por hora que a cercam. Pesquisadores da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial acreditam que o fenômeno é a maior “onda de gravidade” estacionária já registrada no sistema solar. Emanando das montanhas abaixo, o fenômeno climático é forte o bastante para suportar ventos ferozes de fundo, fazendo com que uma estrutura enorme em formato de arco fique pendurada na atmosfera superior do planeta como uma gigante cicatriz.

Vênus, esse inferno de planeta coberto de nuvens, está repleto de comportamentos atmosféricos excepcionalmente estranhos. Os ventos em sua atmosfera superior uivam a 359 quilômetros por hora, velocidade consideravelmente maior do que o planeta que a rotação do planeta (um dia em Vênus dura mais do que um ano inteiro por lá). Nuvens grossas de ácido sulfúrico se movem a oeste, pelo fato de toda a atmosfera superior estar girando significativamente mais rápido do que o próprio planeta. No fim de 2015, o orbitador da JAXA Akatsuki — espaçonave criada para investigar as dinâmicas atmosféricas e a física das nuvens de Vênus — fez observações estranhas ao longo de vários dias. Como foi descrito em estudo recente publicado no periódico Nature, a sonda detectou uma estrutura estacionária, em formato de arco, na atmosfera superior do planeta. Um time de pesquisadores liderado pelo astrônomo Makoto Taguchi, da Universidade de Rikkyo, avistou a anomalia ao analisar imagens tiradas pela Akatsuki no infravermelho médio e no espectro ultravioleta-visível.

Estacionada 64,3 quilômetros acima da superfície chamuscada, a brilhante e incomumente quente região se estendia por 10.000 quilômetros no topo das nuvens de Vênus (quase o mesmo diâmetro de todo o planeta). A estrutura não se mexia, apesar dos ventos atmosféricos em volta, permanecendo inerte acima da região montanhosa da superfície do planeta. Antes dessa observação, os cientistas constataram vários aspectos atmosféricos de pequena escala que se moviam mais rápido ou mais devagar que esses ventos.

Essa raia gigante e seu desprezo pelos ventos à sua volta pegaram os cientistas da JAXA completamente desprevenidos. Várias semanas após suas observações iniciais, o arco havia desaparecido, então não se trata de uma característica permanente. Os pesquisadores agora esperam ansiosamente por um possível retorno.
© Imagem: JAXA/Taguchi et. al., 2017 A estrutura foi observada ao longo de vários dias, de 8 a 11 de dezembro de 2015. Apesar dos fortes ventos, a anomalia permaneceu estacionária.


Onda de gravidade
Após descartar possibilidades como uma maré térmica (similares às do oceano, mas muito improváveis, considerando que Vênus não tem lua) ou um erro instrumental (a Akatsuki está em ótimo estado), os pesquisadores da Jaxa concluíram que a anomalia provavelmente é causada por uma onda de gravidade. Não confundir com as ondas gravitacionais

Ondas de gravidade acontecem quando transmissores, como um fluído ou um gás, lutam por um estado de equilíbrio sobre a força da gravidade. Ou, como Taguchi explicou ao Gizmodo, “é uma oscilação de densidade, pressão, velocidade ou temperatura que propaga em uma atmosfera, a partir do equilíbrio entre flutuabilidade e forças de gravidade como uma força restauradora”. Na Terra, as ondas de gravidade produzem ondas no oceano e fluxo de ar sobre as montanhas.

Cientistas já observaram ondas de gravidade pequenas e passageiras na atmosfera de Vênus anteriormente, um sinal de que cadeias de montanhas estão presentes abaixo, mas eles nunca viram algo como isso. Neste planeta queimado, as ondas de gravidade são geradas perto de áreas com superfície acidentada e montanhosa e então derivam para cima, subindo ao céu e crescendo mais e mais em amplitude até que se dissipam pouco abaixo das nuvens. Conforme as ondas se quebram na atmosfera superior, elas forçam a retornada contra a força tremenda dos ventos atmosféricos, abrandando-os.

Essa, pelo menos, é a teoria de como as ondas de gravidade normalmente funcionam. Mas essa nova anomalia sugere que também funcionem em escala quase planetária, afetando as nuvens de topo por milhares de quilômetros.

“Dados o formato e a velocidade (dos ventos) em relação à super-rotação, a única interpretação razoável para o formato em arco do estacionário é que tenha sido induzido por um pacote de ondas de gravidade atmosféricas”, escreveram os pesquisadores. “O estudo presente mostra evidência direta da existência de ondas de gravidade estacionárias, além de apontar que tais ondas podem ter uma escala muito grande — talvez a maior já observada no sistema solar.”

Usando modelos de computador, os pesquisadores verificaram que as grandes ondas de gravidade estacionárias são, de fato, possíveis. “Nossas simulações de propagação de ondas de gravidade mostraram um padrão semelhante de distribuição de temperatura nas altitudes das nuvens de tempo como a observada”, contou Taguchi ao Gizmodo.

Dito isso, a equipe de Taguchi não tem certeza absoluta de que as ondas de gravidade produzidas pelas cadeias de montanhas de Vênus sejam capazes de espalhar-se tão para o alto sem um pouco de ajuda. Os pesquisadores especulam que os ventos na atmosfera profunda podem ser mais variáveis em espaço e tempo do que se presumia anteriormente, aumentando a habilidade de propagação das ondas de gravidade até a porção superior da atmosfera de Vênus.

Olhando para o futuro, Taguchi gostaria de estudar as variações na atmosfera, para que possa comparar as condições de quando o arco está presente com as de quando está ausente. “Também precisamos coletar mais dados para estudos estatísticos”, disse. “As simulações em computador em andamento serão importantes para justificar a hipótese levantada a partir dos resultados observacionais.”

Vênus, como estamos descobrindo,  é um lugar surpreendentemente complicado — e incomum.
Fonte: MSN

Telescópio WEBB irá estudar os "MUNDOS OCEÂNICOS" do sistema solar

Possíveis resultados espectroscópicos de uma das plumas de água de Europa. Este é apenas um exemplo dos dados que o Webb poderá fornecer.Crédito: NASA-GSFC/SVS, Telescópio Espacial Hubble, Stefanie Milam, Geronimo Villanueva

O Telescópio Espacial James Webb da NASA vai usar as suas capacidades infravermelhas para estudar os "mundos oceânicos" da lua de Júpiter, Europa, e da lua de Saturno, Encélado, somando às observações feitas pelos orbitadores Galileo e Cassini. As observações do Webb também podem ajudar a orientar futuras missões às luas geladas.

Europa e Encélado estão na lista dos alvos escolhidos por observadores de tempo garantido, isto é, cientistas que ajudaram ao desenvolvimento do telescópio e, portanto, estão entre os primeiros a usá-lo para observar o Universo. Um dos objetivos científicos do telescópio é estudar planetas que possam ajudar a esclarecer as origens da vida, mas isto não significa apenas exoplanetas; o Webb também ajudará a desvendar os mistérios ainda detidos por objetos no nosso próprio Sistema Solar (de Marte para fora).

Geronimo Villanueva, cientista planetário do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA Greenbelt, no estado norte-americano da Maryland, é o cientista principal das observações de Europa e Encélado pelo Webb. A sua equipa faz parte de um esforço maior para estudar o nosso Sistema Solar com o telescópio, liderado pela astrónoma Heidi Hammel, vice-presidente executiva da AURA (Association of Universities for Research in Astronomy). A NASA selecionou Hammel como cientista interdisciplinar do Webb em 2002.

De particular interesse para os cientistas são as plumas de água que "rompem" as superfícies de Encélado e Europa, e que contêm uma mistura de vapor de água e substâncias orgânicas simples. As missões Cassini-Huygens e Galileo da NASA, e o Telescópio Espacial Hubble, já reuniram evidências de que estes jatos são o resultado de processos geológicos que aquecem grandes oceanos subterrâneos. "Nós escolhemos estas duas luas devido ao seu potencial para exibir assinaturas químicas de interesse astrobiológico," explica Hammel.
Impressão de artista do interior "cortado" da crosta de Encélado, que mostra que a atividade hidrotermal pode ser a causa das plumas de água à superfície da lua.Crédito: NASA-GSFC/SVS, NASA/JPL-Caltech/SwRI

Villanueva e a sua equipa planeiam usar a câmara NIRCam (near-infrared camera) do Webb para captar imagens de alta resolução de Europa, que usarão para estudar a sua superfície e para pesquisar regiões quentes à superfície indicadoras de atividade de plumas e processos geológicos ativos. Assim que localizem uma pluma, passam a usar o NIRSpec (near-infrared spectrograph) e o MIRI (mid-infrared instrument) para analisar espectroscopicamente a composição da pluma. As observações do Telescópio Espacial James Webb serão particularmente importantes para as plumas de Europa, cuja composição permanece em grande parte um mistério. "Será que são feitas de água gelada? Será que existe libertação de vapor de água? Qual é a temperatura das regiões ativas e a da água emitida?" pergunta Villanueva. "As medições do Webb vão permitir abordar essas questões com uma precisão sem precedentes. Para Encélado, Villanueva explicou que tendo em conta que essa lua é quase 10 vezes mais pequena que Europa, a partir do ponto de vista do Webb, não será possível captar imagens de alta resolução da sua superfície. No entanto, o telescópio ainda poderá analisar a composição molecular das plumas de Encélado e realizar uma ampla análise das suas características. A maior parte do terreno da lua já foi mapeado pela sonda Cassini, que passou cerca de 13 anos a estudar Saturno e os seus satélites.

Villanueva advertiu que, enquanto ele e a sua equipa planeiam usar o NIRSpec para procurar assinaturas orgânicas (como metano, metanol e etano) nas plumas de ambas as luas, não há garantia que consigam apanhar estas emissões intermitentes "no ato", nem que as emissões tenham uma composição orgânica significativa. "Nós só esperamos deteções se as plumas estiverem particularmente ativas e se forem ricas em materiais orgânicos," realça Villanueva.

A evidência de vida nas plumas poderá ser ainda mais evasiva. Villanueva explicou que embora o desequilíbrio químico nas plumas (uma abundância ou escassez inesperada de certos produtos químicos) possa ser um sinal dos processos naturais da vida microbiana, também pode ser provocado por processos geológicos naturais.

Embora o Telescópio Espacial James Webb possa não ser capaz de responder, concretamente, à pergunta se os oceanos subterrâneos das luas contêm vida, Villanueva disse que será capaz de melhor caracterizar as regiões ativas das luas que possam merecer estudos mais aprofundados. As missões futuras, como a Europa Clipper da NASA, cujo principal objetivo é determinar se Europa é habitável, vão poder usar os dados do Webb para escolher locais privilegiados para observação.

Nova explicação para o comportamento louco da estrela 'Meganestrutura alienígena'




Uma equipe de cientistas liderada por Mario Sucerquia, da Universidade de Antioquia, na Colômbia, sugeriu uma nova explicação para os padrões de brilho irregular da estrela K8462852, que recentemente retomou seu comportamento incomum. A mudança misteriosa na sua opacidade poderia ser causada por um exoplaneta em trânsito, de estrutura anelar, semelhante a Saturno. 

Estudamos a dinâmica da formação de inclinações no anel para explicar sinais de trânsito irregulares e anômalos de planetas aninhados, próximos uns aos outros, bem como os estágios evolutivos iniciais de seus anéis”, escreveram os pesquisadores. Uma equipe de astrônomos liderada por Tabetha Boyajian, da Universidade de Yale, notou, em 2015, o comportamento incomum de uma estrela chamada KIC 8462852. Normalmente, as estrelas observadas a partir da Terra se escurecem sempre que um planeta passa em frente a ela, num processo chamado de “trânsito”.
Esse não foi o caso da KIC 8462852, mais tarde denominada “estrela de Tabby”. Seguiu-se uma onda de explicações, desde cometas intrusos até uma “megaestrutura” colossal que orbita a estrela, supostamente construída por seres extraterrestres. Sucerquia e seus colegas testaram sua ideia através de simulações de como a luz se curva quando um planeta anelado transita sua estrela, a cerca de um décimo da distância que a Terra leva até o Sol.
Um exoplaneta desse tipo cria brilhos irregulares quando seu anel bloqueia primeiro algumas das estrelas e, em seguida, passa a ofuscá-las ainda mais. Depois, os anéis as bloqueiam outra vez. Esses trânsitos não produzem nenhum padrão óbvio, pois os anéis podem estar em ângulo diferente a cada momento. Além disso, suas simulações demostraram que uma estrela pode atrair os anéis e fazê-los balançar, intensificando a maneira irregular como suas luzes se enfraquecem. 
“Descobrimos que as estruturas anelares inclinadas sofrem mudanças de formato e direção a curto prazo, que se expressam como fortes variações de profundidade no trânsito e nos momentos de contato, mesmo entre eclipses consecutivos”, explicaram no documento.
No entanto, para alguns, essas observações não são suficientes. “Ainda não reconhecemos um padrão nas alterações de brilho ou uma escuridão quase periódica ou mesma periódica na estrela de Tabby, produzida por um exoplaneta anelado”, disse Keivan Stassun, da Universidade Vanderbilt, ao New Scientist.
“O objetivo deste trabalho é mostrar à comunidade científica que existem mecanismos que podem alterar as curvas luminosas”, disse Sucerquia ao New Scientist. “Essas mudanças são geradas pela dinâmica das luas ou dos anéis, e as alterações nesses sistemas podem ocorrer em escalas tão pequenas que devem ser detectadas em apenas alguns anos. Ele admite que, enquanto sua ideia não é a única explicação plausível para as ocorrências, as metas da equipe continuam a se focar na comparação de suas descobertas com os dados obtidos a partir da estrela de Tabby.
Este artigo foi originalmente publicado na Futurism. 
FONTE: ScienceAlert

A Grande Colisao que mudou a Via-Láctea



Impressão de artista do encontro entre a Via Láctea e a mais pequena galáxia da Salsicha há 8-10 mil milhões de anos. O registo deste antigo encontro está ainda preservado nas velocidades e química das estrelas. Crédito: V. Belokurov (Cambridge, Reino Unido); com base na imagem do ESO/Juan Carlos Muñoz

Uma equipe internacional de astrónomos descobriu uma antiga e dramática colisão frontal entre a Via Láctea e um objeto mais pequeno, apelidado de galáxia da "Salsicha". Numa série de novos artigos científicos, os astrónomos dizem que o choque cósmico foi um evento que definiu o início da história da Via Láctea e reformulou a estrutura da nossa Galáxia, esculpindo tanto o bojo interno como o halo exterior. Os cientistas propõem que há cerca de 8 a 10 mil milhões de anos, uma galáxia anã desconhecida chocou com a nossa própria Via Láctea. A anã não sobreviveu ao impacto: desfez-se rapidamente e os destroços estão agora em nosso redor.

"A colisão rasgou a anã em pedaços, fazendo com que as suas estrelas se movessem em órbitas muito radiais," longas e estreitas como agulhas, comenta Vasily Belokurov da Universidade de Cambridge e do Centro de Astrofísica Computacional do Instituto Flatiron em Nova Iorque. Os percursos das estrelas levam-nas "muito perto do centro da nossa Galáxia. Este é um sinal revelador de que a galáxia anã entrou numa órbita realmente excêntrica e que o seu destino foi selado."

Os novos artigos científicos publicados na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, na The Astrophysical Journal Letters e no repositório arXiv.org descrevem as principais características desse extraordinário evento. Vários dos artigos foram liderados pelo estudante de Cambridge, GyuChul Myeong. Ele e colegas usaram dados do satélite Gaia da ESA. Esta nave espacial tem rastreado o conteúdo estelar da nossa Galáxia, registando as jornadas das estrelas enquanto viajam pela Via Láctea. Graças ao Gaia, os astrónomos sabem agora as posições e trajetórias das nossas vizinhas celestes com uma precisão sem precedentes.

Os percursos das estrelas da fusão galáctica deram-lhes a alcunha de "Salsicha Gaia", explicou Wyn Evan de Cambridge. "Nós desenhámos as velocidades das estrelas e a forma de salsicha simplesmente saltou à vista. À medida que a galáxia mais pequena se fragmentava, as suas estrelas foram lançadas para órbitas muito radiais. Estas estrelas 'salsicha' são o que resta da última grande fusão da Via Láctea."

A Via Láctea continua a colidir com outras galáxias, como a pequena galáxia anã de Sagitário. No entanto, a galáxia da Salsicha era muito mais massiva. A sua massa total em gás, estrelas e matéria escura era equivalente a mais de 10 mil milhões de vezes a massa do nosso Sol. Quando a Salsicha colidiu com a jovem Via Láctea, a sua trajetória penetrante provocou muitos danos. O disco da Via Láctea provavelmente ficou inchado ou mesmo fraturado após o impacto e precisou crescer novamente. E os detritos da Salsicha foram espalhados por todo o interior da Via Láctea, formando o "bojo" no centro da Galáxia e o "halo estelar" circundante.

As simulações numéricas da colisão galáctica podem reproduzir estas características, explica Denis Erkal da Universidade de Surrey. Nas simulações feitas por Erkal e colegas, as estrelas da galáxia da Salsicha entram em órbitas estendidas. As órbitas são ainda mais alongadas pelo crescente disco da Via Láctea, que incha e se torna mais espesso após a colisão.

As evidências desta remodelação galáctica podem ser vistas nos percursos das estrelas herdadas da galáxia anã, acrescenta Alis Deason da Universidade de Durham. "As estrelas da Salsicha giram todas praticamente à mesma distância do centro da Galáxia." Estas inversões de marcha fazem com que a densidade no halo estelar diminua drasticamente onde as estrelas mudam de direção. Esta descoberta foi especialmente agradável para Deason, que previu essa acumulação orbital há quase cinco anos. O novo trabalho explica como as estrelas caíram em órbitas tão estreitas.

A nova investigação também identificou pelo menos oito aglomerados grandes de estrelas, chamados enxames globulares, que foram trazidos para a Via Láctea pela galáxia da Salsicha. As galáxias pequenas geralmente não têm enxames globulares próprios, de modo que a galáxia da Salsicha deve ter sido grande o suficiente para abrigar uma coleção de enxames.

"Embora tenham havido muitas satélites anãs a cair sobre a Via Láctea ao longo da sua vida, esta foi a maior de todas," comenta Sergey Koposov da Universidade Carnegie Mellon, que estudou em detalhe a cinemática das estrelas da Salsicha e os enxames globulares.

sábado, 7 de julho de 2018

Estamos sozinhos no Universo?

Antena utilizada para detectar sinais de inteligência extraterrestre


Foi a pergunta que o famoso físico italiano Enrico Fermi fez a seus colegas quando trabalhava no Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, em 1950.

Fermi discutia a existência de outras civilizações inteligentes e a aparente contradição entre as estimativas que afirmam haver uma alta probabilidade de essas civilizações existirem no universo observável - e a falta de evidências delas.

Somente na Via Láctea, a estimativa mais conservadora indica a existência de cerca de 100 bilhões de estrelas, muitas rodeadas por planetas. Por que, então, ainda não temos a comprovação de vida inteligente além do nosso planeta?

Essa disparidade, que é conhecida como o paradoxo de Fermi, foi agora reavaliada por três acadêmicos da Universidade de Oxford.

E em seu estudo, intitulado Dissipar o Paradoxo de Fermi, eles dizem que é mais provável que a humanidade "esteja sozinha no Universo".


Enrico Fermi
Equação
Os três autores do estudo são Anders Sandberg, pesquisador do Instituto Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford, o engenheiro Eric Drexler, que popularizou o conceito de nanotecnologia, e Tod Ord, professor de Filosofia no mesmo centro acadêmico.

O paradoxo de Fermi aponta para a aparente contradição entre estimativas que apontam ser alta a probabilidade de existirem outras civilizações inteligentes e a ausência de evidências dessas civilizações
O novo trabalho deles analisa uma das bases matemáticas do paradoxo de Fermi, a chamada equação de Drake, proposta pelo astrônomo Frank Drake na década de 1960.

A equação foi concebida para estimar o número de civilizações detectáveis na Via Láctea e multiplica sete variáveis.

Duas delas, por exemplo, são N, o número de civilizações na Via Láctea cujas emissões eletromagnéticas são possíveis de detectar, e fp, a fração de estrelas com sistemas planetários.

Os três estudiosos de Oxford apresentaram uma versão atualizada da equação de Drake que incorpora "uma distribuição mais realista da incerteza".

'Sozinhos'

A equação de Drake foi usada no passado para mostrar que a quantidade de possíveis lugares onde poderia haver vida deveria produzir um grande número de civilizações.

Mas essas aplicações assumem "certeza em relação a parâmetros altamente incertos", apontam os autores do estudo.

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A busca de inteligência extraterrestre deve continuar, segundo os acadêmicos de Oxford
"Nós examinamos esses parâmetros, incorporando modelos de transições químicas e genéticas nos caminhos em direção à origem da vida, e mostramos que o conhecimento científico existente corresponde a incertezas que abrangem várias ordens de magnitude. Isso faz uma grande diferença", acrescentaram Sandberg e seus colegas.

A revisão da equação com distribuições mais realistas de incerteza levou os autores a concluírem que "há uma probabilidade de 39% a 85% de que os seres humanos estejam sozinhos no Universo".

"Encontramos uma probabilidade substancial de que não haja outra vida inteligente em nosso universo observável e, portanto, não deveria haver surpresa quando não detectamos quaisquer sinais disso," dizem os cientistas.

A maior incerteza "nos leva a concluir que existe uma probabilidade razoavelmente alta de estarmos sozinhos".

Inteligência extraterrestre
Os autores do estudo não acreditam, no entanto, que os cientistas deveriam desistir de buscar inteligência extraterretre ou SETI, da sigla em Inglês.

Recentemente, por exemplo, cientistas descobriram a existência de complexas moléculas baseadas em carbono nas águas de Enceladus, uma lua de Saturno, que podem indicar que o local é capaz de abrigar vida - algo que só será comprovado após muitos anos de pesquisas.

"Não estamos mostrando que essa busca (por vida extraterrestre) é inútil, pelo contrário", declarou Sandberg. "O nível de incerteza que temos de reduzir é enorme, e a astrobiologia e a SETI podem desempenhar um papel importante na redução dessa incerteza de alguns parâmetros."

Não há respostas simples para o paradoxo de Fermi.

Se, apesar da baixa probabilidade, for detectada vida extraterrestre inteligente no futuro, Sandberg diz que "não devemos nos surpreender muito".