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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

NASA aposenta Kepler por falta de combustível



Número de exoplanetas descobertos pelo Kepler ultrapassa 2.600. Estima-se que possa levar mais de uma década para vasculhar dados restantes.

Após nove anos no espaço coletando dados que indicam a presença de bilhões de planetas no céu – mais planetas do que estrelas -, o telescópio espacial Kepler, da NASA, ficou sem combustível para continuar suas operações científicas. Conforme anunciado em 30 de outubro, a NASA decidiu aposentar a espaçonave em sua segura órbita atual, distante da Terra. O telescópio Kepler deixa um legado de mais de 2.600 exoplanetas descobertos, muitos dos quais poderiam ser promissores para vida.

“Como a primeira missão da NASA para caçar planetas, o Kepler excedeu muito todas as nossas expectativas e pavimentou o caminho para nossa exploração e busca por vida no sistema solar e além”, disse Thomas Zurbuchen, administrador associado da Diretoria de Missões Científicas da NASA, na capital Washington.

“Ele não apenas nos mostrou quantos planetas poderiam estar lá fora, iniciou um campo de pesquisa robusto e totalmente novo que tomou a comunidade científica de assalto. Suas descobertas lançaram uma nova luz sobre nosso lugar no universo e iluminou os fascinantes mistérios e possibilidades entre as estrelas.”

A análise mais recente das descobertas do telescópio concluiu que de 20% a 50% das estrelas visíveis no céu noturno provavelmente possuem planetas pequenos, possivelmente rochosos, em tamanho parecido com o da Terra e localizados nas zonas habitáveis de suas estrelas, a distâncias onde a água líquida – ingrediente vital para a vida como conhecemos – pode estar presente na superfície.

O tamanho mais comum de planeta que o Kepler descobriu não existe no nosso sistema solar: entre os tamanhos da Terra e de Netuno. Ainda temos muito a aprender sobre estes planetas. O telescópio também descobriu que a natureza frequentemente produz sistemas planetários lotados, em alguns casos, com planetas orbitando tão próximos da estrela que nosso Sistema Solar interno parece esparso em comparação.

“Quando começamos a conceber esta missão, há 35 anos, não sabíamos de um único planeta fora do nosso sistema solar”, disse o investigador principal e fundador da missão William Borucki, agora aposentado do Centro de Pesquisa Ames, no Vale do Silício, Califórnia. “Agora que sabemos que planetas estão em todo lugar, o Kepler nos colocou em um novo curso que está cheio de promessas para futuras gerações explorarem nossa galáxia.”

Lançado em 6 de março de 2009, o telescópio combinou técnicas de ponta para a medição de brilho estelar e as maiores câmeras digitais para observações espaciais da época. Originalmente posicionado para observar continuamente 150 mil estrelas em uma região celeste cravejada de estrelas na constelação do Cisne, o Kepler fez a primeira pesquisa de planetas em nossa galáxia e tornou-se a primeira missão da NASA a detectar planetas de tamanho similar ao da Terra nas zonas habitáveis de suas estrelas.

“A missão Kepler foi baseada em um design muito inovador. Foi uma abordagem muito inteligente para fazer este tipo de ciência”, disse Leslie Livesay, diretora para astronomia e física no Laboratório de Propulsão à Jato, da NASA, que foi gerente de projeto do Kepler durante o desenvolvimento da missão. “Houve definitivamente desafios, mas o Kepler tinha uma equipe de cientistas e engenheiros extremamente talentosa que os superou.”

Com quatro anos de missão, após os objetivos primários terem sido atingidos, problemas mecânicos impediram observações temporariamente. A equipe da missão foi capaz de elaborar um conserto, trocando o campo de observação a cada três meses, aproximadamente. Isso permitiu uma missão extendida, chamada de K2, que durou tanto quanto a primeira missão e levou o número de estrelas pesquisadas pelo Kepler acima de 500 mil.

A observação de tantas estrelas permitiu cientistas a compreender melhor comportamentos e propriedades estelares, informações críticas no estudo de planetas que as orbitam. Novas pesquisas estelares com dados do Kepler estão estimulando outras áreas da astronomia, como a história da Via Láctea e os estágios iniciais de supernovas usadas para estudar a velocidade da expansão do universo.

Os dados da missão estendida também foram disponibilizados ao público e à comunidade científica imediatamente, permitindo que descobertas fossem feitas a um ritmo incrível. Espera-se que cientistas passem uma década ou mais na busca por novas descobertas na caça ao tesouro nos dados fornecidos pelo Kepler.

“Sabemos que a aposentadoria da espaçonave não é o fim das descobertas do Kepler”, disse Jessie Dotson, cientista de projeto do Kepler no Ames. “Estou animada com as diversas descobertas que ainda estão por vir de nossos dados e como missões futuras se basearão nos resultados do Kepler.”

Antes de aposentá-lo, cientistas levaram o telescópio a todo o seu potencial, completando com sucesso múltiplas campanhas de observação e baixando dados científicos valiosos mesmo antes dos primeiros avisos de pouco combustível. Os últimos dados, da Campanha 19, complementarão os dados do mais novo caçador de planetas da NASA, o Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS), lançado em abril.

O TESS baseia-se nas fundações do Kepler com dados recentes em sua busca por planetas orbitando cerca de 200 mil estrelas entre as mais brilhantes e mais próximas – mundos que poderão, posteriormente, ser pesquisados em busca de sinais de vida por missões como o Telescópio Espacial James Webb.

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