De 50 milhões até um bilhão de anos após o Big Bang, o universo era preenchido por uma névoa quente de gás ionizado. A luz não conseguia atravessar essa névoa, que acabava dispersando elétrons. Após o universo esfriar, os prótons e elétrons começaram a se combinar em átomos de hidrogênio neutros, que permitiam que a luz viajasse pelo espaço. Depois, quando as primeiras estrelas e galáxias se formaram, a luz ultravioleta delas ionizou novamente os átomos neutros.
Com isso, todo o espectro de radiação eletromagnética podia fluir livremente; portanto, aproximadamente 1 bilhão de anos depois do Big Bang, o universo estava completamente reionizado. Os experimentos disponíveis atualmente não permitem entender totalmente este processo, mas a detecção de luz das primeiras estrelas, sim — e era exatamente isso que o experimento EDGES tentou encontrar.
As primeiras estrelas e galáxias foram, gradualmente, reionizando o hidrogênio neutro no universo (Imagem: Reprodução/R. Kaehler/T. Abel/Marcelo Alvarez)
O sinal identificado pelo experimento sugeria que o hidrogênio gasoso atravessado pela luz era mais frio do que se pensava. A única explicação para o grande resfriamento do gás durante aquela etapa do universo era a matéria escura, mas esta seria uma descoberta tão extraordinária que exigiu investigações mais aprofundadas.
É aqui que entra o estudo de Singh e seus colegas: eles descobriram que não parecia haver sinal algum para ser analisado, e que a descoberta podia ser simplesmente um erro da antena do EFGES.
De qualquer forma, o melhor jeito de ter certeza da possível existência do sinal e do que ela representa é através de novas observações com outros instrumentos. “Concluímos que observações contínuas com sensores implantados em ambientes determinados, como o SARAS 3 em grandes corpos d’água em locais remotos da Terra, ou uma missão espacial na órbita do lado afastado da Lua, podem proporcionar dados sem sistemática, levando à descoberta do verdadeiro sinal do amanhecer cósmico desviado para o vermelho”, concluíram.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.
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