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segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Porque é que Júpiter não tem anéis como os de Saturno?

 


 Impressão de artista de Júpiter com anéis que rivalizam os de Saturno. Crédito: Stephen Kane/UCR

Por ser maior, Júpiter deveria ter anéis maiores e mais espetaculares do que Saturno. Mas uma nova investigação mostra que as grandes luas de Júpiter impedem essa visão de iluminar o céu noturno.

"Há muito que me incomoda porque é que Júpiter não tem anéis ainda mais espetaculares que envergonhariam Saturno", disse o astrofísico Stephen Kane, da Universidade da Califórnia em Riverside, que liderou a investigação.

"Se Júpiter os tivesse, eles parecer-nos-iam ainda mais brilhantes, porque o planeta está muito mais próximo que Saturno". Kane também tinha dúvidas sobre se Júpiter já teve anéis fantásticos e os perdeu. É possível que as estruturas dos anéis sejam temporárias.

Para compreender a razão pela qual Júpiter tem atualmente a aparência que tem, Kane e o seu aluno Zhexing Li correram uma simulação dinâmica contabilizando as órbitas das quatro luas principais de Júpiter, bem como a órbita do próprio planeta, e informações sobre o tempo que leva a formar os anéis. Os seus resultados serão publicados em breve na revista The Planetary Science Journal.

Os anéis de Saturno são em grande parte feitos de gelo, parte do qual pode ter vindo de cometas, que também são em grande parte feitos de gelo. Se as luas forem suficientemente massivas, a sua gravidade pode atirar o gelo para fora de uma órbita de um planeta, ou mudar a órbita do gelo o suficiente para que este colida com as luas.

"Descobrimos que as luas galileanas de Júpiter, uma das quais é a maior lua do nosso Sistema Solar, destruiriam muito rapidamente quaisquer grandes anéis que se pudessem formar", disse Kane. Como resultado, é improvável que Júpiter tivesse grandes anéis em qualquer ponto do seu passado.

"Os planetas gigantes formam luas massivas, o que os impede de ter anéis substanciais", disse Kane.

Todos os quatro planetas gigantes no nosso Sistema Solar - Saturno, Neptuno, Úrano e também Júpiter - têm, de facto, anéis. Contudo, tanto os anéis de Neptuno como de Júpiter são tão frágeis que são difíceis de ver com os instrumentos tradicionais de observação.

Coincidentemente, algumas das imagens recentes do novo Telescópio Espacial James Webb incluíram imagens de Júpiter, nas quais os anéis ténues são visíveis.

"Não sabíamos que estes anéis efémeros existiam até a nave espacial Voyager ter por lá passado, porque não os podíamos ver", disse Kane.

Úrano tem anéis que não são tão grandes, mas que são mais substanciais do que os de Saturno. Kane pretende fazer simulações das condições em Úrano para ver qual poderá ser a vida útil dos anéis daquele planeta.

Alguns astrónomos acreditam que Úrano está inclinado para o lado como resultado de uma colisão que o planeta teve com outro corpo celeste. Os seus anéis podem ser os remanescentes desse impacto.

Para além da sua beleza, os anéis ajudam os astrónomos a compreender a história de um planeta, porque oferecem evidências de colisões com luas ou cometas que podem ter acontecido no passado. A forma e tamanho dos anéis, bem como a composição do material, fornece uma indicação do tipo de evento que os formou. 

"Para nós astrónomos, eles são os 'salpicos de sangue' nas paredes de uma cena de um crime. Quando olhamos para os anéis dos planetas gigantes, é evidência de que algo catastrófico aconteceu para colocar ali esse material", disse Kane.

Fonte: Astronomia OnLine

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