Pousada
em um cometa, a sonda europeia Philae "cheirou" moléculas orgânicas
contendo o elemento carbono, a base da vida na Terra, antes de sua
bateria primária ficar sem energia e desligar, afirmaram cientistas
alemães. Eles disseram ainda não
estar claro se as moléculas incluem os compostos complexos que formam as
proteínas. Um dos principais objetivos da missão é descobrir se
compostos à base de carbono --e através deles, em última instância, a
vida-- foram trazidos à Terra por cometas. A
sonda Philae pousou no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko após uma
jornada de 10 anos no espaço a bordo do nave Rosetta em uma missão que
pretende desvendar detalhes sobre como os planetas, e talvez até a vida,
evoluíram.
A sonda encerrou sua missão de 57 horas na
superfície do cometa no sábado, depois de enviar os dados de uma série
de experimentos para a Terra por rádio até sua bateria acabar. Os cometas datam da formação de nossa sistema solar e preservaram moléculas orgânicas antigas, como uma cápsula do tempo. O
instrumento de análise de gás da Philae, conhecido como Cosac,
conseguiu "cheirar" a atmosfera e detectar as primeiras moléculas
orgânicas depois do pouso, informou o Centro Aeroespacial Alemão (DLR,
na sigla em alemão). A sonda também
perfurou a superfície do cometa em busca de moléculas orgânicas, embora
ainda não esteja claro se a Philae conseguiu uma amostra para ser
analisada pelo Cosac.
Também a bordo da sonda está a ferramenta
Mupus, que analisa a densidade e as propriedades térmicas e mecânicas da
superfície do cometa que não é tão macia quanto se pensava. Um
sensor térmico deveria penetrar a 40 centímetros da superfície, mas
isso não aconteceu, apesar de o martelo utilizado ter sido calibrado em
seu nível máximo. O DLR especula que,
depois de atravessar uma camada de pó de 10 a 20 centímetros de
espessura, o sensor atingiu uma camada de material que se estima ser tão
dura quanto gelo. É uma surpresa.
Não esperávamos um gelo tão duro no solo”, disse Tilman Spohn, que
lidera a equipe responsável pelo Mucus no DLR, em um comunicado nesta
terça-feira. Spohn afirmou que o
Mupus poderia ser usado novamente se houver luz solar suficiente para
recarregar as baterias da Philae, o que os cientistas esperam acontecer à
medida que o cometa se aproximar do sol.
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