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domingo, 14 de dezembro de 2014

New Horizons acorda para encontro com Plutão





Depois de uma viagem de quase nove anos e 4,8 mil milhões de quilómetros - a maior distância que qualquer missão espacial já teve que percorrer para atingir o seu objectivo principal - a sonda New Horizons da NASA saiu do modo de hibernação no Sábado passado, rumo ao muito aguardado encontro com o sistema de Plutão em 2015. Os operadores do Laboratório de Física Aplicada (APL) da Universidade Johns Hopkins em Laurel, no estado americano de Maryland, confirmaram às 09:53 p.m. EST de Sábado (02:53 já de Domingo, hora de Portugal) que a New Horizons, operando em comandos de computador pré-programados, tinha mudado do modo de hibernação para o modo "activo".

À velocidade da luz, o sinal de rádio da New Horizons - actualmente a mais de 4,6 mil milhões de quilómetros da Terra e a apenas pouco mais de 260 milhões de quilómetros de Plutão - precisou de quatro horas e 26 minutos para chegar à estação da Deep Space Network da NASA em Canberra, Austrália. Este é um evento marcante que assinala o final da travessia de um vasto oceano de espaço pela New Horizons, até à fronteira do nosso Sistema Solar, e o início do objectivo principal da missão: a exploração de Plutão e das suas luas em 2015," afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons e do Instituto de Pesquisa do Sudoeste em Boulder, Colorado, EUA.

Desde o lançamento a 19 de Janeiro de 2006, a New Horizons passou 1873 dias - cerca de dois-terços do seu tempo de voo - em estado de hibernação. Os seus 18 períodos separados de hibernação, entre meados de 2007 e o final de 2014, variaram entre 36 e 202 dias de duração. A equipa usou a hibernação para evitar o desgaste dos componentes da sonda espacial e para reduzir o risco de falhas no sistema. Tecnicamente, o acordar foi rotineiro, uma vez que é um procedimento que já tínhamos feito muitas vezes antes," afirma Glen Fountain, gestor do projecto New Horizons no APL. "No entanto, simbolicamente, é muito importante. Significa o começo das nossas operações de pré-encontro."

A sequência de despertar tinha sido programada no computador de bordo da New Horizons em Agosto, e começou na sonda às 3 p.m. EST (20 horas em Portugal) de dia 6 de Dezembro. Cerca de 90 minutos depois, a New Horizons começou a transmitir dados para a Terra sobre a sua condição, incluindo a indicação que tinha mudado para o modo "activo".

Durante o modo de hibernação, a maior parte da New Horizons estava desligada. O computador de voo monitorava a saúde do sistema e transmitia semanalmente um tom de estado de volta à Terra. As sequências de bordo enviadas previamente pelos controladores da missão acordavam a New Horizons duas ou três vezes por ano a fim de verificar os sistemas críticos, calibrar instrumentos, recolher alguns dados científicos, ensaiar as actividades do encontro com Plutão e realizar correcções de percurso. A New Horizons foi pioneira em hibernações rotineiras durante o voo para a NASA. Além de reduzir o desgaste dos componentes da sonda, o modo de hibernação também reduziu os custos de operação e libertou o rastreamento e recursos de comunicação da Deep Space Network para outras missões.

A equipa da New Horizons vai passar as próximas semanas a verificar a sonda, certificando-se de que os sistemas e instrumentos científicos estão a operar correctamente. Vão também continuar a construir e a testar as sequências de comandos informáticos que guiarão a New Horizons no seu voo até e durante o seu reconhecimento do sistema plutoniano.Com uma carga científica de sete instrumentos que inclui espectrómetros de imagem infravermelhos e ultravioletas, uma câmara compacta a cores, uma câmara telescópica de alta-resolução, dois poderosos espectrómetros de partículas e um detector de poeira espacial, a New Horizons começará a observar o sistema de Plutão em Janeiro de 2015.

A maior aproximação da New Horizons a Plutão terá lugar no dia 14 de Julho, mas até lá serão esperados ainda muitos destaques científicos, incluindo, em meados de Maio, imagens do sistema de Plutão superiores em qualidade à que o poderoso Hubble consegue proporcionar.

"A New Horizons está numa jornada até uma nova classe de planetas que nunca observámos de perto, num lugar onde nunca estivemos antes," comenta Hal Weaver, cientista do projecto New Horizons do APL. "Durante décadas pensámos que Plutão era este pequeno corpo estranho na periferia planetária; agora sabemos que é realmente uma porta de entrada para uma região inteira de novos mundos na Cintura de Kuiper, e a New Horizons vai fornecer o primeiro olhar detalhado desta região."


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