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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Missão Kepler






Em 15 de junho de 2010 a equipe da missão Kepler de busca por exoplanetas divulgou os resultados de 43 dias de análise sobre o comportamento de mais de 156.000 estrelas. Kepler mantém estas estrelas sobre vigilância rotineira a fim de detectar mudanças sutis na sua luminosidade. O programa Kepler tem como principal objetivo a pesquisa por planetas extrasolares similares a nossa Terra.


Os cientistas irão usar este banco de dados para determinar se há (ou não) exoplanetas em órbita, causando variações no brilho de 306 estrelas candidatas. Estas estrelas compõem uma gama completa de diversas temperaturas, tamanhos e idades. Há estrelas estáveis e outras pulsantes. Há estrelas manchadas, parecidas com as manchas solares e há outras que produzem explosões de plasma que poderiam esterilizar seus exoplanetas mais próximos.




156.097 estrelas monitoradas


O observatório espacial Kepler busca por assinaturas de exoplanetas nas informações das medições de pequenas variações no brilho de um grupo de 156.097 estrelas previamente selecionadas nas constelações de Cygnus e Lyra. As variações podem eventualmente ser causadas quando os seus exoplanetas passam na sua frente, isto é, quando transitam, mas existem outras causas possíveis, por exemplo, ruídos, explosões e manchas estelares podem causar variações no brilho e são descartados. O tamanho do exoplaneta pode ser deduzido a partir do exame preciso da curva característica de mudança de brilho na estrela hospedeira.


A equipe científica do Kepler, com 28 membros, não utiliza apenas o observatório espacial Kepler para o desenvolvimento do programa. A busca por exoplanetas do programa Kepler também conta com a ajuda de telescópios terrestres e dos telescópios espaciais Hubble e Spitzer da NASA para realizar observações posteriores para confirmação dos dados em outro conjunto específico de 400 objetos de interesse. O campo estelar observado pelo Kepler nas constelações de Cisne (Cygnus) e Lira (Lyra) pode apenas ser observado pelos observatórios terrestres do hemisfério norte entre a primavera e o início do outono (abril a setembro). Os dados complementados pelas outras observações vão determinar quais dos candidatos podem ser identificados como exoplanetas. Os dados com as análises do conjunto do conjunto dos outros  400 candidatos serão anunciados à comunidade astronômica em fevereiro de 2011.


Cuidado com os falsos alarmes


Sem informações adicionais dos telescópios de apoio, os candidatos que são verdadeiramente exoplanetas são indistinguíveis de falsos alarmes, tais como o trânsito de estrelas binárias. O tamanho dos candidatos exoplanetários só pode ser estimado quando o tamanho das estrelas que orbitam seja efetivamente determinado por observações espectroscópicas adicionais feitas por telescópios terrestres.


“Estou ansioso para que a comunidade científica analise os dados e anuncie a descoberta de novos exoplanetas nos próximos meses,” afirma Lia LaPiana, do programa Kepler na sede da NASA em Washington, EUA.


“Este é o conjunto de dados de fotometria estelar mais preciso, quase contínuo e mais longo”, afirmou o vice-investigador principal do Kepler, David Koch do Centro de Pesquisa AMES da NASA em Moffett Field, Califórnia, EUA. “Os resultados só vão ser melhores com a maior duração do conjunto de dados.”


O Kepler vai continuar a desempenhar operações científicas até pelo menos novembro de 2012, na busca por exoplanetas do tamanho da Terra, visando encontrar aqueles que orbitam estrelas na zona habitável de sua estrela, região onde pode existir água no estado líquido disponível na superfície do exoplaneta. Tendo em vista que os trânsitos de exoplanetas na zona habitável de estrelas tipo-Sol ocorrem em torno de uma vez por ano e há necessidade de se detectar pelo menos três trânsitos para verificação, espera-se que tenhamos que aguardar pelo menos três anos para localizar e a confirmar os exoplanetas tipo-Terra em zonas habitáveis.


“As observações do Kepler vão nos dizer se existem muitas estrelas com planetas que possam ter condições para a vida, ou se estamos sozinhos na nossa Galáxia,” disse o cientista William Borucki, também do Centro AMES.






Críticas a política de divulgação dos dados do programa Kepler


Paul Gilster (Centauri Dreams) comentou: vamos pensar isto, o número de candidatos a exoplanetas aqui citados (706) é efetivamente maior que o número atual de todos os exoplanetas já descobertos nos últimos 15 anos (462 exoplanetas, até 21 de junho de 2010). Conceitualmente nós (do Kepler) já poderíamos dobrar a lista de exoplanetas conhecidos com apenas estes dados de 43 dias de pesquisa. E, obviamente, Kepler continua em operação…


No entanto, a contenção dos dados das 400 estrelas candidatas até fevereiro de 2011, embora temporária, irritou profundamente outros astrônomos que não estão ligados diretamente ao programa Kepler. A comunidade julga que trata-se de uma atitude antiética e contrária ao ideal da abertura de acesso as informações científicas.


Dennis Overbye questionou severamente a política de liberação de dados do programa Kepler (um tema já examinado anteriormente em Centauri Dreams), em um artigo para o New York Times, onde podemos ler:


… a procura pelos tesouros atrelados ao fim de nossa solidão cósmica continua. “O público quer saber se há vida em outros planetas”, disse Borucki, mas não quer esperar décadas pelas respostas. O esforço de conseguir uma resposta, disse Borucki, lembra o esforço na construção de grandes catedrais na Europa, nos quais cada geração de trabalhadores tinham que dizer para si mesmos “algum dias as catedrais estarão prontas…”

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