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sábado, 27 de junho de 2020

Poeira cósmica desce de pára-quedas para não se queimar



Fotos de uma partícula cósmica sobrevivente (esquerda) e da seção de outra partícula (direita), mostrando as bolhas em seu interior.[Imagem: Matthew Genge]

Poeira de pára-quedas

Recentemente, depois de vasculhar a Antártica em busca de fragmentos caídos do espaço, o professor Matthew Genge, do Imperial College de Londres, descobriu que não era preciso ir tão longe: as partículas cósmicas podem ser encontradas no telhado das casas de virtualmente qualquer parte do mundo.

Agora ele resolveu a outra parte intrigante desse enigma: Como é que essas partículas cósmicas, que são maiores do que se poderia esperar, chegam ao solo sem se queimar na atmosfera mesmo chegando a 40.000 km/h?
A resposta é que, nessas partículas que chegam intactas ao solo, o calor gerado pela entrada na atmosfera faz surgir pequenas bolhas no material. E essas bolhas funcionam como pára-quedas, diminuindo a velocidade das partículas e impedindo que elas se queimem e sejam vaporizadas.

Pipoca cósmica

Tudo ocorre porque as partículas contêm minerais de argila, que têm moléculas de água presas no interior.Genge descobriu que as partículas de poeira cósmica contendo minerais ricos em água sobrevivem à entrada atmosférica mais facilmente do que a poeira sem água - seus cálculos sugerem que a sobrevivência da poeira cósmica rica em água é aproximadamente o dobro da sobrevivência da poeira seca.

Durante a descida através da atmosfera da Terra, os grãos de poeira se transformam em pequenas gotas de rocha derretida, um magma, e a água dentro delas ferve. Isso transforma a poeira em uma bolha de espuma de magma, que se expande e se torna mais leve e mais fria, como se tivesse um pára-quedas - é mais ou menos como se o grão de poeira cósmica virasse uma pipoca, que tem menor densidade do que o grão de milho que a originou.

Viés nas teorias
Como duas vezes mais partículas de poeira cósmica ricas em água sobrevivem em sua descida para a Terra, em comparação com as partículas sem água, Genge afirma que os cientistas podem ter analisado muito mais amostras de eventos antigos envolvendo asteroides ricos em água do que eventos envolvendo asteroides sem água, o que pode estar distorcendo as teorias sobre a formação e a composição do Sistema Solar.

"A poeira cósmica nos fornece evidências diretas de eventos que podem ter acontecido em nosso Sistema Solar há bilhões de anos. Contudo, nosso estudo está nos mostrando que as partículas ricas em água são mais suscetíveis de sobreviver à entrada em comparação com as secas. Os cientistas agora precisam levar isso em consideração quando estiverem reconstruindo antigos eventos cósmicos ou tentando desenvolver uma imagem mais precisa da composição geológica do nosso Sistema Solar," disse Matthew Genge.

Fonte: Inovação Tecnológica

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