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domingo, 25 de agosto de 2013

"A Terra não precisa de nós. Nós precisamos da Terra"

Earth, blue marble, satellite image


20 de agosto de 2013 -  marcas de terra data estimada em que as pessoas na Terra têm usado até fornecimento anual do planeta de recursos naturais renováveis ​​e atingiu a sua capacidade de absorção de carbono. Após esse ponto, as pessoas estão usando mais do que o planeta pode sustentar. É um lembrete de um dia de um problema durante todo o ano - os seres humanos estão vivendo muito grande em um planeta finito.


Você provavelmente tem um sentido geral do porquê. A população humana continua a crescer. As pessoas estão consumindo mais e mais recursos. E ainda temos apenas um planeta. 


"A Terra não precisa de nós. Nós precisamos da Terra"

Três perguntas para:

Leonardo Boff, teólogo e escritor que, nesta quarta-feira, dia 30, às 20h, fará uma palestra na Casa do Saber, na Lagoa, falando sobre o futuro do planeta. Com o tema "A teologia do futuro sustentável", Boff espera responder a perguntas como: o que fazer quando uma crise mostra-se sistêmica, exibindo traços destrutivos da humanidade? E como mudar de rumo? Ele antecipa alguns tópicos nesta entrevista:

Eco Verde - O senhor acredita que o planeta sobreviverá à “fúria” do homem?

Leonardo Boff - O planeta seguramente sobreviverá a qualquer fúria humana. O problema não é o planeta, mas a nossa civilização. O planeta viveu por mais de quatro bilhões de anos sem nós e pode continuar a viver sem nós. A Terra não precisa de nós. Nós precisamos da Terra. Entretanto há mais de três séculos escolhemos um curso de alto risco, buscando riqueza e bem-estar que implicava dominação da natureza e exploração de todos os seus recursos. Elaboramos um projeto que pressupunha dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do progresso em direção ao futuro. Os dois infinitos são ilusórios. Os recursos são finitos porque a Terra é pequena, velha e com recursos escassos, muitos não renováveis. Um planeta finito não suporta um projeto infinito. E o progresso não poderá ser levado ao infinito porque a Terra não aguenta e não é suficiente. Se quiséssemos universalizar o bem estar que os países centrais desfrutam para toda a humanidade, precisaríamos, dizem os cientistas, de pelo menos duas Terras iguais a essa, o que é impossível. Ocorre que construímos uma máquina de morte, capaz de destruir a civilização por 25 formas diferentes com armas atômicas, químicas e biológicas. E se não cuidarmos em reduzir os gases de efeito estufa e deixarmos a Terra aquecer 4-5 graus Celsius, no final do século, talvez sobrarão somente algumas formas de vida como as conhecemos hoje e poucos representantes humanos, vivendo em oásis e ilhas de refúgio. Então respondendo: a civilização pode sucumbir à fúria das práticas humanas, hostis à vida e ao equilíbrio do Planeta Terra. A Terra continuará, mas sem nós. 


Eco Verde - Como conciliar a necessidade do crescimento econômico com a urgência de se criar padrões sustentáveis de desenvolvimento?

Leonardo Boff - Dentro do atual modelo de sociedade produtivista, consumista e esbanjadora não é possível conciliar crescimento econômico com o desenvolvimento humano. Eles se opõem frontalmente. O crescimento se baseia na exploração ilimitada de todos os recursos da Terra. Ai do país que não apresenta um índice mínimo de crescimento positivo por ano. Mas se continuarmos crescendo a nível mundial 3% ao ano, dificilmente chegaremos ao ano 2050. A Terra estará extenuada, o aquecimento deverá ter produzido entre 200-250 milhões de refugiados climáticos. Isso será politicamente inadministrável. Precisamos produzir para atender as necessidades humanas. Mas produzir respeitando os ritmos da natureza, os limites de cada ecossitema e optar por uma forma de consumo solidária, responsável, uma verdadeira simplicidade voluntária. Isso seria o desenvolvimento sustentável e humano. Caso contrário, não sobram recursos para as gerações de nossos filhos e netos. Não somos os únicos que usam a biosfera. Também os animais, as florestas e todos os seres vivos. Sem eles nós não sobreviveríamos. As populações andinas criaram há séculos uma alternativa que vem sob o nome de “bem viver”, “bien vivir” que entrou nas constituições da Bolívia e do Equador. O bem viver não é o nosso viver bem, consumindo como queremos. O bem viver supõe o senso de equilíbrio e harmonia com a Mãe Terra, harmonia entre homem e mulher, entre indivíduo e sociedade e especialmente harmonia e abertura às energias do universo, das montanhas, das águas, das florestas e dos animais, pois todos formamos uma grande comunidade de vida com a mesma origem e o mesmo destino. Esse bem viver guarda o segredo da sobrevivência da humanidade futura. Chegaremos a isso não porque queremos ou não, mas porque não teremos nenhuma outra alternativa. Não há uma arca de Noé que salva alguns e deixa perecer os demais. Ou nos salvamos todos ou perecemos todos. 


Eco Verde - Há mesmo possibilidade da reintegração entre a Terra e a humanidade? E onde entra a transcendência, fé, religião, filosofia e esperança neste processo?


Leonardo Boff - Ou conseguimos uma reintegração entre Terra e Humanidade ou não haverá futuro para ninguém. Precisamos incorporar a visão que os astronautas nos legaram. De suas naves espaciais diziam: daqui de cima, não há distinção entre Terra e Humanidade. Ambos formam um grande todo, uma misteriosa unidade. Nós somos Terra, a parte consciente, inteligente da Terra. Por isso homem vem de húmus, terra fértil. O problema é que nós nos exilamos da Terra. A tratamos como algo fora de nós, uma espécie de baú cheio de recursos, quando ela é, segundo a ciência mais moderna, um superorganismo vivo que se autoregula para estar sempre produzindo vida em suas múltiplas formas. A Terra é Mãe Terra dos antigos e a Gaia dos modernos, algo vivo e irradiante. Nós não devemos estar em cima da Terra, dominando-a mas junto dela cuidando-a como cuidamos da nossa mãe. Se não voltarmos do exílio e não fizermos uma nova aliança de convivência e sinergia com a Mãe Terra corremos o risco de conhecer o caminho já percorrido pelos dinossauros que há 65 milhões de anos desapareceram totalmente, depois de reinarem, soberanos, por mais de cem milhões de anos por todo o Planeta. Meu sentimento do mundo me diz que não estamos diante de uma tragédia cujo termo é desastroso, mas diante de uma crise que nos purifica e nos faz crescer. A vida tem mais força que a morte. Por isso, passaremos por muitas crises e bastante sofrimento, mas sobreviveremos junto com a nossa Casa Comum, a Terra, a única que temos para morar e sermos felizes. Vamos viver e irradiar.

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