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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

O cometa 12P/Pons-Brooks, o “cometa do Diabo”

 



No dia 21 de julho de 1812, um astrônomo francês chamado Jean Louis Pons observava uma região remota do céu noturno quando encontrou, na fronteira de duas constelações bastante escuras, Camelopardalis e Lynx, um cometa de magnitude 6,5 (a magnitude indica o grau de brilho de um objeto celeste: quanto menor o valor da magnitude, mais brilhante ele é).

Pons descreveu sua descoberta em seu diário de anotações como um objeto sem forma e sem cauda. Porém, pouco mais de três semanas depois, o cometa alcançou visibilidade a olho nu e, no final de agosto, ele possuía uma magnitude 4,5 e uma cauda de extensão significativa. As observações seguiram até o mês de setembro, quando o cometa mergulhou rumo ao céu do hemisfério sul, ficando fora da vista da maioria dos observadores do norte.

Diversos astrônomos tentaram calcular a órbita do cometa e todos os resultados indicavam que se tratava de um cometa periódico que viajava em torno do Sol num ciclo altamente elíptico com um período entre aproximadamente 65 a 75 anos.

De fato, 71 anos depois, o mesmo cometa foi avistado novamente na noite do dia 2 de setembro de 1883, quando o observador de cometas estadunidense William R. Brooks o encontrou acidentalmente. Inicialmente, o cometa estava bastante fraco – com magnitude 10,0 – e foi pensado se tratar de um novo cometa até que os primeiros cálculos orbitais mostraram que era idêntico ao cometa Pons. O cometa logo se tornou visível a olho nu em 20 de novembro e brilhou até uma magnitude de 3,0.

Após esta nova aparição do cometa, outros cálculos orbitais foram feitos e mostraram que o cometa possui um período de aproximadamente 71,3 anos e retornaria em 1953-1954, o que de fato aconteceu.

Hoje, sabe-se que este cometa, chamado de 12P/Pons-Brooks, é um cometa do tipo Halley que durante a sua maior aproximação ao Sol, ou periélio, chega a cerca de 0,78 unidades astronômicas (116 milhões de quilômetros), enquanto no seu ponto mais distante, ou afélio, atinge uma distância de cerca de 17,2 unidades astronômicas (2,5 bilhões de quilômetros).


Se você fez as contas mentalmente desde a última vez que ele foi observado, em 1953, já entendeu que o 12P/Pons-Brooks retornará em 2024 e poderá ser visto de ambos hemisférios do planeta com auxílio de pequenos telescópios e/ou binóculos.

Nesta passagem, espera-se que atinja seu brilho máximo durante o mês de abril.

Sua aproximação máxima da Terra está prevista para ocorrer no início de abril, momento que apresentará uma oportunidade única para os astrônomos amadores e entusiastas o observarem no céu noturno. No entanto, como o brilho do cometa costuma ser imprevisível, não há garantia de que será visível sem o uso de instrumentos.


Até agora, o 12P/Pons-Brooks está sob acompanhamento desde junho de 2020 pelo Lowell Discovery Telescope, no Arizona. Quando avistado pela primeira vez, o cometa tinha magnitude 23,0 e desde então aumentou seu brilho para cerca de magnitude 10,0, tornando-se um alvo para telescópios moderadamente grandes.

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Em 20 de julho de 2020, uma explosão inesperada de brilho fez novamente com que ele se tornasse brevemente cerca de 100 vezes mais brilhante e, de forma semelhante ao que foi visto em 1884, sua coma se expandiu para se assemelhar o que alguns consideram ser os chifres de um demônio, razão pelo qual ficou conhecido como “o Cometa do Diabo”.

A causa exata da explosão é desconhecida, mas especula-se que tenha sido causada por uma fissura no núcleo do cometa, devido à acumulação de gás – monóxido e dióxido de carbono – no seu interior.

O cometa 12P/Pons-Brooks está atualmente na constelação de Cygnus, a uma distância aproximada de 280 milhões de quilômetros da Terra e no final de fevereiro espera-se que ele esteja com uma magnitude 7,0.

Nas noites de 30 e 31 de março, 12P/Pons-Brooks passará muito perto da estrela mais brilhante de Áries, Hamal. Essa estrela será útil como referência para encontrá-lo o cometa. Depois disso, o cometa desaparecerá no brilho do pôr do sol durante o mês de abril e chegará ao periélio em 21 de abril, iniciando o melhor momento para os observadores do hemisfério sul. Seu brilho ficará gradualmente mais fraco nos meses de maio e junho.


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