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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Como seria o planeta estudado ?



 A influência gravitacional pode dar pistas das características do planeta hipotético: em parte parecido à Terra em tamanho, porém um ambiente distinto na superfície por conta da distância para o Sol.

 — Seria uma espécie de Terra composta por rochas e gelos com temperaturas abaixo de -200ºC na superfície,  e um núcleo semelhante ao do nosso planeta, que seria o suficiente, por exemplo, para gerar oceanos abaixo da superfície, assim como achamos que existam em Europa (lua de Júpiter) — diz Patryk.

Se encontrado o novo planeta, a comunidade internacional discutiria se o objeto teria as características presentes nos outros oito. A última palavra para o assunto é da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês). Hoje, a entidade global diz que um corpo precisa ter três características para que seja definido como um planeta no Sistema Solar:

Orbitar o Sol

Ter massa suficiente para que a própria gravidade o torne esférico (ou quase esférico)

Ter uma trajetória livre, ou seja, ele deve “limpar” a própria órbita e não ter outros objetos “no caminho”

Plutão, por exemplo, foi redefinido como planeta-anão pois não tem uma trajetória livre, apesar de ser praticamente esférico e orbitar o Sol. O planeta teorizado pelo gaúcho receberia possivelmente um nome ligado à mitologia, como é o caso dos outros planetas do Sistema Solar.

— Como cientista, tenho que ser cético (sobre a existência do planeta). O resultado indica que provavelmente exista, mas, no momento, não dá pra afirmar com certeza. O estudo requer mais investigações, pois sempre queremos saber o porquê, qual o mecanismo, como uma coisa aconteceu: essa é uma característica da ciência.

Especialistas comentam o estudo

Othon Winter, astrônomo e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), define o trabalho do pesquisador gaúcho como “relevante, importante e de destaque”.

— Já existiram outros trabalhos que propuseram a existência de um planeta nove ou X. Mas esse trabalho é diferente: ele se baseia em dados que existem de corpos do Sistema Solar e consegue mostrar que provavelmente exista um planeta causando perturbação na órbita dos outros. É algo novo que pode trazer descobertas interessantes — pontua.

Winter argumenta que telescópios espaciais como Hubble e James Webb e outros presentes na Terra têm tecnologia para encontrar o planeta. A barreira maior é não existir uma indicação de onde apontar os dispositivos.

—  É uma área muito grande do céu que teríamos de ficar “varrendo”, pedacinho por pedacinho, para encontrá-lo. Muito provavelmente não vai ser concedido tempo de observação com esses telescópios para fazer essa procura de algo tão difícil de localizar. Se, por exemplo, alguém encontrar (o planeta), os telescópios poderiam ser usados para confirmar a detecção — explica.

Para José Dias do Nascimento Júnior, professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisador do Center for Astrophysics da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a publicação do estudo na The Astronomical Journal, uma revista especializada e conceituada na área, indica tratar-se de um material relevante. Além disso, o estudioso elogia a metodologia escolhida por Patryk.

— É um trabalho que não faz somente cálculos, mas tenta, através das observações, saber como é, de fato, a existência desse objeto. Não é tão teórico, nem tão observacional, mas joga com as predições dos modelos e as observações. Esses dois pontos, para mim, o qualificam como um trabalho sério — acrescenta.

Somado à busca por um novo planeta, para o professor da UFRN, o trabalho do brasileiro pode contribuir para ampliar o conhecimento dos corpos nas áreas mais distantes do Sistema Solar.

— Os objetos transnetunianos não são tão conhecidos. A maioria dos estudos é recente e não há muita observação porque são corpos que passam uma vez e não voltam mais. É difícil detectá-los pela observação direta. É, portanto, um mérito desse artigo prever a existência de populações (de objetos além de Netuno).



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