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domingo, 20 de setembro de 2015

Astrônomos descobrem enxame galáctico com "CORAÇÃO PALPITANTE"






Esta imagem, usando dados do Spitzer e do Hubble, mostram o enxame galáctico SpARCS1049.  Crédito: NASA/STScI/ESA/JPL-Caltech/McGill

Uma equipe internacional de astrónomos descobriu um enxame gigantesco de galáxias com um núcleo repleto de estrelas novas - uma descoberta incrivelmente rara. A descoberta, realizada com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, é a primeira a mostrar que as galáxias gigantes no centro de enxames colossais podem crescer significativamente ao alimentarem-se de gás "roubado" de outras galáxias. Os enxames galácticos são vastas famílias de galáxias ligadas pela gravidade. A nossa Galáxia, a Via Láctea, reside dentro de um pequeno grupo de galáxias conhecido como Grupo Local, ele próprio membro do massivo superenxame Laniakea.

As galáxias nos centros dos enxames são geralmente constituídas por fósseis estelares - estrelas velhas, vermelhas ou mortas. No entanto, os astrónomos descobriram agora uma galáxia gigante no centro de um enxame chamado SpARCS1049+56 que parece contrariar a tendência, ao invés formando estrelas novas a um ritmo incrível. Achamos que esta galáxia gigante no centro deste enxame está fabricando furiosamente estrelas novas depois da fusão com uma galáxia menor," explicou Tracy Webb da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, autora principal de um novo artigo aceite para publicação na revista The Astrophysical Journal.

A galáxia foi inicialmente descoberta com o Telescópio Espacial Spitzer da NASA e o Telescópio do Canadá-França-Hawaii, localizado em Mauna Kea, Hawaii, e confirmada usando o Observatório W. M. Keck, também em Mauna Kea. Observações posteriores, usando o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, permitiram com que os astrónomos explorassem a atividade da galáxia. O enxame SpARCS1049+56 está tão longe que a sua luz demora 9,8 mil milhões de anos a chegar à Terra. Abriga pelo menos 27 galáxias e tem uma massa total equivalente a 400 biliões de sóis. É um enxame verdadeiramente único num aspeto - o seu coração vibrante de estrelas novas. A galáxia mais brilhante do enxame é a mesma que está a fabricar estrelas novas - a um ritmo de 800 estrelas por ano. A Via Láctea, no máximo, forma duas estrelas por ano!



Esta imagem, usando dados do Spitzer e do Hubble, mostra a região central do enxame galáctico SpARCS1049. A galáxia mais brtilhante do enxame, no centro, está atualmente a sofrer uma fusão molhada que produz quantidades enormes de estrelas novas. É também visível a cauda de maré - indicativa da fusão.  Crédito: NASA/STScI/ESA/JPL-Caltech/McGill

"Os dados do Spitzer mostram uma enorme quantidade de formação estelar no coração deste enxame," algo raramente visto e certamente inédito num enxame tão distante," comenta o coautor Adam Muzzin da Universidade de Cambridge, Reino Unido. O Spitzer capta radiação infravermelha, por isso pode detetar o brilho quente de regiões escondidas e poeirentas de formação estelar. Os estudos de seguimento com o Hubble, no visível, ajudaram a identificar a causa da formação de novas estrelas. Parece que uma galáxia mais pequena fundiu-se recentemente com o monstro no centro do aglomerado, emprestando o seu gás e desencadeando um episódio furioso de nascimento estelar.

"Apoiámo-nos nas nossas outras observações e usámos o Hubble para explorar a galáxia em profundidade - e não ficámos desapontados," comenta Muzzin. "O Hubble descobriu uma fusão desenfreada no centro deste enxame. Nós detetámos características parecidas com 'contas num colar'. As "contas num colar" (heic1414) são sinais indicativos de algo conhecido como uma fusão molhada. As fusões molhadas ocorrem quando galáxias ricas em gás colidem - este gás é convertido rapidamente em estrelas novas. A nova descoberta é um dos primeiros casos conhecidos de uma fusão molhada no núcleo de um enxame galáctico.

O Hubble já tinha anteriormente observado outro enxame galáctico próximo contendo uma fusão molhada, mas não formava estrelas a este ritmo tão frenético. Outros enxames de galáxias crescem em massa através de fusões secas (fusões que envolvem duas galáxias pobres em gás - as duas misturam as suas estrelas, em vez de provocar o nascimento de estrelas novas), ou graças ao desvio de gás para os seus centros. Por exemplo, o mega enxame galáctico conhecido como o Enxame da Fénix cresce em tamanho absorvendo o gás que flui para o seu centro.

Os astrónomos agora têm como objetivo explorar quão comum é este tipo de mecanismo nos enxames galácticos. Será que existem outros "comedores sujos" semelhantes a SpARCS1049+56, que também devoram galáxias ricas em gás? SpARCS1049+56 pode ser um "outlier" - ou pode representar um tempo no Universo jovem em que a alimentação desenfreada era a norma.

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