Em Novembro de 1915 Einstein apresentava ao mundo sua Teoria Geral da Relatividade. Seus insights sobre o Universo mudaram a física para sempre, mas levou um século para que uma de suas ideias fossem finalmente observada no mundo real.
A descoberta homérica deste ano fez exatamente isso: tirou Einstein do papel. O LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) confirmou, pela primeira vez na história, a existência de ondas gravitacionais.
A existência hipotética desse fenômeno tão procurado se baseada na ideia de que todas as forças que conhecemos se manifestam através de algum tipo de onda. É só pensar no eletromagnetismo, que tem ondas de vários tipos – inclusive a luz.
Suspeitava-se que grandes concentrações de massa se movimentando em alta velocidade resultariam em ondas gravitacionais, deformando a própria estrutura do espaço-tempo. Um cataclisma digno dessas condições era a colisão entre dois buracos negros – e foi assim que finalmente conseguimos encontrar essas ondas tão furtivas.
O encontro desses dois buracos negros teria acontecido a um bilhão de anos-luz daqui, mas só teria chegado à Terra em setembro de 2015. Bem a tempo inclusive: o LIGO tinha acabado de lançar um equipamento com um poder de detecção nunca visto antes. Seus dois laboratórios nos EUA tinham feixes de laser completamente isolados e uma série de equipamentos, calibrados segundo a Teoria da Relatividade para detectar qualquer interferência.
Como ondas gravitacionais deformam o espaço, seu efeito muda o comprimento do raio laser, alternando o padrão de interferência detectado pelos aparelhos. Os dois laboratórios do LIGO observaram, ao mesmo tempo, interferências de padrões idênticos nos seus lasers – e, só para garantir, ficaram 5 meses analisando os dados até anunciarem, em fevereiro deste ano, que as ondas gravitacionais são muito mais que ficção.
E parece que pegamos o jeito, porque, em junho, veio o anúncio de uma segunda detecção desse fenômeno, indicando que finalmente estamos aprendendo a “falar a língua” desse fenômeno. que pode nos ajudar a desvendar o Big Bang e um dos maiores mistérios do Universo, a matéria escura. O potencial das onda gravitacionais é tão grande que não é possível falar das maiores descobertas científicas em 2016 sem mencioná-las: muita coisa deu errado esse ano, mas a festa de aniversário dos 101 da Teoria da Relatividade não poderia ser mais animada.
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