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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

A fúria das estrelas anãs vermelhas

 



Bastaram 10 horas de observações do Telescópio Espacial Hubble para que astrônomos detectassem uma supererupção estelar, daquelas capazes de estragar a habitabilidade de um planeta, em uma estrela anã vermelha. Pois é, o Universo costuma ser bem mais hostil lá fora do que viver na Terra sugere.

resultado, aceito para publicação no Astrophysical Journal, faz parte de um estudo chamado Hazmat, voltado justamente para investigar as ameaças a que estão submetidos mundos potencialmente habitáveis ao redor de estrelas anãs vermelhas.

Menores que o nosso Sol, esses astros são extremamente comuns e compõem cerca de três quartos de todas as estrelas em nossa Via Láctea. Sabe-se também que, sobretudo em sua juventude, elas são muito mais ativas, com frequentes e imensas explosões de plasma e radiação. Mas os detalhes ainda carecem de investigação, e essa é uma das motivações do estudo Hazmat.

O projeto está voltado para a observação de estrelas anãs vermelhas jovens (40 milhões de anos), adolescentes (650 milhões de anos) e maduras (com bilhões de anos). A primeira fase contemplou 12 estrelas jovens, observadas em luz ultravioleta. Ao todo, foram observadas 18 explosões estelares, uma delas tão forte que pode ser classificada como uma “superexplosão”. Eles a apelidaram de Hazflare.

“Com o Sol, temos cem anos de boas observações e, nesse período, vimos uma ou duas explosões com energia comparável à da Hazflare”, disse Parke Loyd, pesquisador da Universidade Estadual do Arizona e primeiro autor da pesquisa. “Em menos de um dia dessas estrelas jovens, pegamos a Hazflare, o que significa que temos superexplosões acontecendo todos os dias ou talvez várias vezes ao dia.”

Uma explosão dessas, viajando na direção de um planeta como a Terra, seria capaz de varrer completamente sua atmosfera. O que, é claro, é uma péssima notícia para qualquer coisa que pretenda viver nele.

Os pesquisadores agora seguem trabalhando e passam a investigar estrelas com mais idade, sabidamente mais tranquilas. É possível que, com o passar de bilhões de anos, até as mais rebeldes anãs vermelhas se tornem menos inóspitas a planetas habitáveis. Resta contudo saber se há mecanismo que permita que eles restaurem sua atmosfera, varrida diversas vezes durante a evolução inicial do sistema.

A pergunta é premente, e a resposta, idem. Espera-se que, com a próxima geração de telescópios em terra e no espaço, seja possível estudar a atmosfera de planetas ao redor de anãs vermelhas próximas e assim caracterizar o ambiente que impera em suas superfícies.


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