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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

De Mudança para Marte – A Corrida Para Explorar o Planeta Vermelho (Stephen L. Petranek, Ed. Alaúde)


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Até o século passado, Marte povoou nosso imaginário como sendo um possível lugar onde existiria vida extraterrestre, os famigerados marcianos, por causa de uma confusão iniciada na Itália em 1877. Essa história é contada aqui. Mas agora, no século XXI, o planeta vermelho nos fascina por outro motivo: a possibilidade de receber a visitas e de seres colonizado por seres humanos. Marte nos chama a atenção hoje por ser nosso próximo destino espacial, e esse interesse aparece retratado nos diversos filmes sobre viagens ao planeta, incluindo o excelente Perdido em Marte.

Mas qual a realidade disso? Como nasceram e em que estágio estão os projetos de viagem à Marte? Esse assunto é brilhantemente tratado no livro “De Mudança para Marte”, do jornalista Stephen L. Petranek.


Nesse livro, Petranek nos conta como a ideia de ir à Marte começou a ser considerada de forma séria, levando-se em conta a tecnologia necessária e os problemas a serem resolvidos. Para a surpresa de muitos,  o primeiro a propor uma viagem à Marte com todos os seus detalhes técnicos, foi Wernher von Braun, o ex-oficial alemão da segunda guerra mundial que foi fundamental no desenvolvimento do programa espacial norte-americano. O autor propõe que a opção pelo investimento no programa dos ônibus espaciais foi o erro crucial que atrasou em décadas nossa viagem à Marte.

Além da abordagem histórica da evolução dos planos da viagem à Marte, Petranek nos mostra que o cenário atual da exploração espacial mudou substancialmente desde o início dos primeiros lançamentos de foguetes. Até alguns anos atrás, apenas as agências espaciais, empresas públicas financiadas por governos de países ricos, podiam chegar ao espaço. Mas hoje, empresas privadas detém a tecnologia necessária para realizar viagens espaciais. Isso nos traz um cenário onde há concorrências e parcerias. Ou seja, a moderna corrida espacial não se dá mais no ambiente político governamental, mas se estende aos ambiente corporativo.

Mais que uma instigante aula de história, Stephen Petranek nos dá uma estimulante perspectiva de futuro. E um futuro que já começou!

Segundo o autor, a viagem à Marte não é uma opção, mas uma necessidade. Eu concordo plenamente com ele. Os motivos serão puramente econômicos, e Petranek compara a corrida para ir à Marte com a Corrida do Ouro, um importante capítulo da História dos Estados Unidos ocorrido em meados do século XIX. Pensando em algo mais próximo da nossa História, podemos pensar num paralelo semelhante com a era da Grandes Navegações, que levaram Portugal a conquistar e colonizar o Brasil.

O autor explora também, com muito rigor, as adequações necessárias para tornar Marte um planeta habitável. É muito interessante refletir sobre isso porque nos leva a uma etapa além de simplesmente pousar e voltar para casa, como fizemos com a Lua.

A expectativa de Stephen Petranek é de que as primeiras pegas sejam deixadas em Marte no ano de 2027. Me parece otimista demais, mas adoraria perder essa aposta e lhe pagar um chope em 2027.

Aqui estão alguns trechos que destaquei do livro (sem spolier  ):

Sobre a possibilidade da viagem e análise histórica:

“Na verdade, já faz mais de trinta anos que é possível chegar à Marte. Aproximadamente uma década depois da missão Apollo 11, que levou os primeiros seres humanos para a Lua, poderíamos ter levado terráqueos para o planeta vermelho. Quase toda a tecnologia necessária já está disponível faz tempo. Nós simplesmente escolhemos não ir atrás dessa oportunidade.”

Da preocupação de Von Braun sobre os efeitos da sensação de falta de gravidade:

“No manual [o livro de Von Braunn publicado em 1952, Das Marsprojekt], ele…planejava amarrar as naves umas às outras e girá-las como ioiôs para produzir um efeito artificial de gravidade.”

Sobre o conflito com a decisão de investir nos ônibus espaciais:

“Se os Estados Unidos tivessem escolhido a viagem para Marte em vez do ônibus espacial, provavelmente hoje já teríamos uma base permanente lá.”

Sobre a possibilidade de plantar:

“O solo rico em esmectita absorve bem a água e permite o cultivo de plantas.”

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