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domingo, 26 de março de 2017

IOTA ORIONIS:Farol pulsante de uma constelação




Iota Orionis é um sistema binário facilmente visível a olho nu - a estrela mais brilhante na espada de Orionte, o Caçador.Crédito: Danielle Futselaar

Astrónomos do projeto BRITE (BRight Target Explorer) e do Observatório Ritter descobriram um aumento repetitivo de 1% na luz de uma estrela muito massiva que poderá mudar a nossa compreensão de este tipo de estrelas. O sistema binário Iota Orionis é facilmente visível a olho nu, sendo a estrela mais brilhante na espada de Orionte, o Caçador. A sua variabilidade única, relatada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, foi descoberta usando os satélites astronómicos mais pequenos do mundo, chamados "nanosats". 

"Como a primeira missão, funcional, de astronomia nanosatélica, o projeto BRITE está na vanguarda desta revolução espacial," afirma Gregg Wade, investigador principal do projeto canadiano, do Colégio Militar Real do Canadá em Ontário. A luz de Iota Orionis é relativamente estável 90% do tempo, mas depois mergulha rapidamente seguida de um grande pico. "As variações são surpreendentemente semelhantes com um eletrocardiograma que mostra os ritmos do coração; sistemas do género são até conhecidos como sistemas de batimentos cardíacos," comenta Herbert Pablo, investigador principal do projeto, pós-doutorado da Universidade de Montréal e membro do Centro de Pesquisa em Astrofísica do Quebec. 

Esta variação invulgar é o resultado da interação de duas estrelas numa órbita altamente elíptica de 30 dias, uma em torno da outra. Apesar das duas estrelas passarem a maior parte do seu tempo muito afastadas uma da outra, a cada órbita e durante um curto período de tempo, diminuem de separação quase por um fator de 8. Nesse ponto, a força gravitacional entre as duas estrelas torna-se tão forte que rapidamente distorce as suas formas, como o puxar da extremidade de um balão, provocando as mudanças invulgares na luz. Iota Orionis representa a primeira vez que este efeito foi observado num sistema tão massivo (35 vezes a massa do Sol), uma ordem de magnitude maior do que qualquer sistema previamente conhecido, o que permitiu a determinação direta das massas e raios dos componentes.

Uma estrela "agitada" é como um livro aberto

Ainda mais interessante, estes sistemas permitem-nos olhar para o interior das próprias estrelas. "A intensa força gravitacional entre as estrelas, à medida que se aproximam uma da outra, despoleta sismos estelares, permitindo-nos estudar o funcionamento interna da estrela, assim como fazemos para o interior da Terra durante terramotos," comenta Pablo. O fenómeno dos sismos é, em geral, muito raro em estrelas massivas e esta é a primeira vez que foram observados sismos induzidos numa estrela assim tão massiva, muito menos numa cuja massa e raio são conhecidos. 

Estes sismos sem precedentes também levaram às primeiras pistas reais sobre como essas estrelas vão evoluir. Os astrónomos esperam que esta descoberta dê início à iniciativa de procurar por sistemas idênticos, criando uma mudança fundamental na forma como estudamos a evolução das estrelas gigantes. Isto é importante, dado que as estrelas massivas são laboratórios dos elementos essenciais à vida humana.

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