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sábado, 2 de agosto de 2014

A Partícula de Deus foi encontrada ?



O CERN (Laboratório Europeu para Física de Partículas), que abriga o famoso Grande Colisor de Hádrons (Large Hadron Collider – LHC), acelerador de partículas que fica na Suíça, convidou cinco grandes físicos teóricos – incluindo Peter Higgs, da Universidade de Edimburgo (Escócia), professor de física que deu nome a partícula de Deus – para uma conferência na próxima quarta-feira (4 de julho).

Isso gerou especulações de que o bóson de Higgs finalmente foi encontrado. Parece coisa certa que os cientistas de duas missões independentes – CMS e ATLAS – desenhadas para provar a existência da partícula vão anunciar que ela foi finalmente “descoberta”.

O bóson de Higgs

A partícula de Deus foi proposta pela primeira vez por Peter Higgs em 1964, 48 anos atrás.
O bóson de Higgs, como foi nomeado, é tido como a chave para entender todo o universo. Isso porque ela é, supostamente, a partícula que dá a todas as outras sua massa – por exemplo, aos átomos, que formam toda a matéria do mundo, inclusive nós.
Isso funciona da seguinte maneira: conforme as partículas viajam através do bóson de Higgs, elas adquirem massa, assim como nadadores atravessando uma piscina ficam molhados. Se não fosse assim, ou seja, sem essa massa, estas partículas viajariam pelo cosmos à velocidade da luz, incapazes de se unir para formar átomos.
O que está jogo na descoberta do bóson de Higgs, portanto, é nada mais, nada menos que todo o Modelo Padrão da Física, a teoria mais bem aceita de que como surgiu a matéria no universo.

Se o bóson não existir, os cientistas terão que repensar tudo que conhecem do universo, para explicar de outra forma – talvez com teorias menos aceitas da física – como a matéria ganha sua massa.

O caminho até aqui

Depois de quase meio século, em dezembro do ano passado, os cientistas das duas experiências separadas do LHC mencionadas acima (CMS e ATLAS) informaram que tiveram resultados parecidos, nos quais encontraram “picos” em seus dados em aproximadamente a mesma massa: 124 a 125 giga elétron-volts (GeV).
Os dados poderiam ser devidos a uma flutuação, mas também poderiam significar algo. Porém, essa significância estatística não era suficiente para concluir nada: poderia ser tanto a presença do bóson quanto uma falha.

A descoberta não estava muito acima do nível de certeza “dois sigma”. O nível “cinco sigma” é necessário para reivindicar uma descoberta, porque significa que há menos de uma chance em um milhão dos dados serem um acaso estatístico.
Mas, por terem diminuído a gama de energias em que o Higgs poderia ser detectado – abaixo de 124 GeV -, os cientistas informaram que deveriam ser capazes de anunciar sua descoberta em no máximo um ano.

“Nós agora temos mais do dobro dos dados que tínhamos no ano passado”, disse o diretor de Pesquisa e Informática do CERN, Sergio Bertolucci, em um comunicado. “Isso deve ser suficiente para ver se as tendências que vimos nos dados de 2011 ainda estão lá, ou se elas foram embora. É um momento muito emocionante”.
Ao mesmo tempo dessa declaração, o laboratório deixou bastante claro que ainda não sabe se o bóson de Higgs foi descoberto. Eles pediram para o público não acreditar nos rumores, insistindo que seus físicos ainda estão estudando os dados.

“Se e quando uma nova partícula for descoberta, ATLAS e CMS vão precisar de tempo para verificar se é o muito procurado bóson de Higgs, o ingrediente que faltava do Modelo Padrão da física de partículas, ou se é uma forma mais exótica do bóson que poderia abrir a porta para uma nova física”, disse o diretor-geral do CERN, Rolf Heuer.

As apostas de diversos especialistas, no entanto, é de que, com os novos dados, os cientistas do LHC anunciem um reforço dos resultados a um nível de “quatro sigma” – um estágio abaixo do nível necessário para reivindicar uma descoberta – e isso será, com certeza, um grande passo para não negar que o bóson existe.

“Nós olhamos os dados deste ano sozinhos, e agora temos que combiná-los estatisticamente com o que encontramos no ano passado para formar um novo conjunto de dados. Se o sinal tiver crescido em ambos os experimentos a um nível de certeza significativo, então, seria um forte indicador [de que a partícula existe]”, disse Claire Pastor-Themistocleous, chefe da equipe do detector CMS, no Reino Unido.

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