Pop up my Cbox

sábado, 12 de julho de 2014

O que você diria a um ET?

Ilustração da capa do guia da Nasa sobre comunicação extraterrestre

O volume foi editado por Douglas Vakoch, especialista em formulação de mensagens interestelares do Instituto SETI, organização que concentra suas atividades na busca por sinais de inteligência extraterrestre.

A premissa do livro é interessante. Ela transcende a famosa discussão “estamos sós no Universo?” e se concentra na pergunta seguinte: “e se descobrirmos que não estamos sós e estabelecermos contato com outra civilização no cosmos, como faremos para trocar informações com ela?”.

Daí o título “Arqueologia, Antropologia e Comunicação Interestelar”. O livro tenta emprestar dessas disciplinas voltadas para problemas mais “mundanos” — como a decifração de linguagens escritas antigas ou a compreensão do modo de pensar de povos que nunca tiveram contato direto conosco — possíveis lições aplicáveis ao futuro contato com alienígenas.

POLÊMICO

Naturalmente, com esse tema e a abordagem escolhida, o livro acabou instantaneamente envolvido em controvérsia. Uma citação pinçada de um dos capítulos e divulgada na internet fez parecer que a obra defende certas teorias conspiratórias segundo as quais sociedades humanas da antiguidade teriam recebido visitas de astronautas alienígenas, e que marcações em rochas seriam obras extraterrestres.

Veja a citação que circulou por aí: “Podemos dizer pouco, se é que podemos dizer alguma coisa, sobre o que esses padrões significam, por que foram cortados nas rochas e quem os criou. Para todos os efeitos e propósitos, eles poderiam ter sido feitos por alienígenas.”

O autor do capítulo em questão é William H. Edmondson, especialista em ciências cognitivas e inteligência artificial da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. Mas uma leitura atenta revela que ele jamais sugeriu que há sinais de visitas alienígenas no passado terrestre. Sua passagem se refere à dificuldade inerente na interpretação de mensagens produzidas por povos (no caso em questão, humanos) separados culturalmente de nós. É uma maneira de dizer que, se tentarmos compreender mensagens alienígenas, teremos dificuldade ainda maior.

Se lido pela perspectiva certa, o livro agrega muito valor à reflexão sobre vida inteligente no universo, ao tentar avançar numa questão pouco discutida: o que esperamos de um contato com outra civilização?

O saudoso astrônomo Carl Sagan defendeu que encontrarmos uma sociedade alienígena mais avançada nos ajudaria a superar nossa “adolescência tecnológica”. Ele sugeriu que esses extraterrestres poderiam estar transmitindo uma versão da “Enciclopédia Galáctica” para nós, por meio de sinais de rádio. Até agora, todos os esforços de detecção de transmissões interestelares obtiveram, na melhor das hipóteses, resultados duvidosos e inverificáveis. Mas, se um dia eles tiverem sucesso, a pergunta que vem a seguir é: conseguiremos interpretar o significado contido na transmissão alienígena? E outra: devemos responder? Se sim, o que devemos dizer a eles, e como?

Essas e outras interessantes questões são todas investigadas minuciosamente no livro, que também apresenta um bom histórico da pesquisa SETI na Nasa. Se você estiver com o inglês afiado, recomendo a leitura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário