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terça-feira, 17 de março de 2020

Identificada nova partícula subatômica candidata à matéria escura



A matéria escura – um dos maiores enigmas sem resposta da Física – acaba de ganhar uma nova candidata. Trata-se de uma partícula subatômica chamada d-Estrela Hexaquark, que, segundo apontaram simulações e cálculos realizados por físicos da Universidade de York (Reino Unido), quando se condensa em grupos, parece se encaixar no modelo requerido para explicar a existência da misteriosa matéria escura.

Candidata

O conceito de matéria escura foi proposto há décadas, lá nos anos 1930, para a explicar a existência de algo no Universo que cria mais massa do que pode ser observado de forma direta – uma vez que esse “algo” não emite, absorve ou reflete qualquer tipo de radiação eletromagnética. No entanto, os cientistas sabem que essa “entidade” está lá porque os seus efeitos gravitacionais são bastante fortes e podem ser detectados. Tanto que, conforme estimativas, até 85% da matéria no Universo poderia ser composta com esse elemento misterioso.

Ao longo dos anos, várias partículas foram apontadas como possíveis candidatas à matéria escura; a última a ser apontada é a d-Estrela Hexaquark ou, simplesmente, d*(2380). Como o próprio nome sugere, trata-se de uma partícula subatômica composta de 6 quarks – partículas fundamentais que, normalmente, se combinam em grupos de 3 para formar prótons e nêutrons.

Voltando aos trios, as partículas constituídas por 3 quarks são chamadas de bárions e formam a maior parte da matéria que pode ser observada no Universo, como estrelas, planetas e você, caro leitor. Porém, os bárions podem se combinar dando origem aos dibárions, os quais, basicamente, são os tais hexaquarks de que estamos falando.

Matéria escura

As partículas d-Estrela Hexaquark foram descritas bem recentemente, em 2014, e observadas apenas poucas vezes. No entanto, estas também consistem em bósons – significando que elas pertencem a uma classe que se comporta conforme previsto no modelo Bose-Einstein –, e os cálculos apontam que, quando elas se condensam em grupos, podem formar a matéria escura.

Segundo explicaram os cientistas, esses aglomerados condensados se produzem quando uma nuvem de gás de baixa densidade composta de bósons é resfriada a quase zero absoluto, e os átomos param de se movimentar e ficam praticamente estáticos. Conforme mostram os modelos criados pelos pesquisadores, se um gás com essa composição se formou nos primórdios do Universo – quando o cosmos passou por uma fase de resfriamento intenso depois do Big-bang – então os condensados poderiam ter formado o que hoje se detecta como matéria escura.


Obviamente, para provar essa teoria, os cientistas ainda têm muito trabalho pela frente, e entre os planos está o de conduzir testes em laboratório com as d*(2380) para observar como elas interagem quando se encontram e entender melhor suas propriedades, além de tentar encontrar mais dessas partículas pelo cosmos. O lado positivo é que, de momento, os cálculos sugerem que a d-Estrela Hexaquark é realmente uma forte candidata e dispensa a necessidade de se criar novos conceitos físicos para explicá-la.

E por que tanto empenho em desvendar esse mistério do que é a matéria escura? Para determinar a sua origem e do que ela é composta. Isso poder responder às diversas questões relacionadas à formação do Universo que estão sem respostas na Cosmologia. Aliás, descobrir a não existência dela obrigaria, simplesmente, os físicos a reescrever o Modelo Padrão, que é o “manual” em uso atualmente para descrever o comportamento do Universo.

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