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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

O VLT do ESO trabalha pela primeira vez como um único telescópio enorme



Primeira luz do instrumento ESPRESSO com os quatro Telescópios Principais do VLT

O instrumento ESPRESSO montado no Very Large Telescope do ESO no Chile usou pela primeira vez a luz coletada pelos quatro Telescópios Principais de 8,2 metros. Ao combinar deste modo a luz coletada por estes telescópios, o VLT torna-se o maior telescópio óptico do mundo, em termos de área coletora.

Um dos objetivos do design original do Very Large Telescope do ESO (VLT) era que os seus quatro Telescópios Principais trabalhassem em conjunto para formar um único telescópio gigante. Com a primeira luz do espectrógrafo ESPRESSO, instrumento que utiliza os quatro Telescópios Principais em conjunto, este marco foi agora alcançado.

Após um período de preparações intensas por parte do consórcio ESPRESSO (liderado pelo Observatório Astronômico da Universidade de Genebra, na Suíça, com a participação de centros de pesquisa em Portugal, Itália, Espanha e Suíça) e do pessoal do ESO, o Diretor Geral do ESO, Xavier Barcons, deu início a esta observação astronômica histórica, ao apertar um botão na sala de controle.

O cientista do instrumento ESPRESSO no ESO, Gaspare Lo Curto, explica a importância histórica deste evento: “O ESO acaba de concretizar um sonho que data da érpoca em que o VLT foi concebido, nos anos 1980: combinar a luz coletada pelos quatro Telescópios Principais colocados no Cerro Paranal para ser usada por um único instrumento Quando a luz coletada pelos quatro telescópios de 8,2 metros é combinada para alimentar um único instrumento, o VLT torna-se o maior telescópio óptico do mundo em termos de área coletora, comparável a um único telescópio de 16 metros.

Dois dos objetivos científicos do ESPRESSO são a descoberta e caracterização de planetas do tipo terrestre e a procura de variações possíveis das constantes fundamentais da física. Este último objetivo em particular, requer a observação de quasares fracos e distantes, sendo por isso o que beneficiará mais da combinação da luz dos quatro Telescópios Principais do VLT no ESPRESSO. Ambos estes objetivos requerem uma estabilidade ultra elevada do instrumento e uma fonte de luz de referência extremamente estável.

Devido à complexidade envolvida, a combinação da luz coletada por todos os Telescópios Principais, à qual se dá o nome de “foco incoerente”, ainda não tinha sido implementada. No entanto, foi construído, desde o início, espaço nos telescópios e na estrutura subterrânea da montanha para este fim.

Um sistema de espelhos, prismas e lentes transmite a luz coletada por cada Telescópio Principal do VLT ao espectrógrafo ESPRESSO colocado a 69 metros de distância. Graças a esta óptica complexa, o ESPRESSO pode coletar a luz que vem de todos os Telescópios Principais em conjunto, aumentando assim o seu poder coletor, ou, alternativamente, receber luz de qualquer um destes telescópios de forma independente, permitindo assim um uso mais flexível do tempo de observação. O ESPRESSO foi especialmente desenvolvido para explorar esta infraestrutura.

A luz coletada pelos quatro Telescópios Principais é normalmente combinada no Interferômetro do VLT, estudando-se assim com muito detalhe objetos comparativamente brilhantes. O Cientista de Projeto Paolo Molaro comenta: “Este importante marco assinala o culminar do trabalho de uma grande equipe de cientistas e engenheiros ao longo de muitos anos. É maravilhoso ver o ESPRESSO operar com os quatro Telescópios Principais. Mal posso esperar pelos resultados científicos que aí virão.”

Injetar a luz combinada dos telescópios num único instrumento dará aos astrônomos acesso a informação nunca antes disponível. Esta nova infraestrutura, que irá mudar a astronomia dos espectrógrafos de alta resolução, faz uso de conceitos inovadores, tais como calibração de comprimentos de onda auxiliada por um pente de frequências laser, fornecendo precisão e repetitividade sem precedentes, e a capacidade de unir o poder coletor dos quatro Telescópios Principais individuais.

Ao trabalhar com os quatro Telescópios Principais, o ESPRESSO dá-nos uma pequena amostra do que a próxima geração de telescópios, tais como o Extremely Large Telescope do ESO, tem para nos oferecer dentro de poucos anos,” conclui o Diretor Geral do ESO, Xavier Barcons.

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