O metano encontrado em Marte sempre foi um mistério para os cientistas, por que ele é um gás que dura pouco tempo na atmosfera marciana e, para haver nuvens de metano como as que já foram detectadas desde 1999, a substância teria que estar sendo criada por algum processo. A fonte deste metano, seja geológica, seja biológica, não havia sido encontrada.
Agora, uma equipe de cientistas mexicanos, trabalhando sob a direção do professor Arturo Robledo-Martinez, da Universidad Autónoma Metropolitana, de Azcapotzalco, México, propõe, em um trabalho publicado no Geophysical Research Letters, que o metano é produzido pelos redemoinhos de poeira e tempestades de poeira do planeta.
Os redemoinhos, ou “dust devils“, são produzidos quando uma bolsa de ar quente junto a superfície consegue atravessar uma camada de ar frio. À medida que o ar quente sobe, ele gira pela conservação do movimento angular. Mais ar quente acorre à região do redemoinho, alimentando-o, o que faz com que os redemoinhos durem bastante tempo.
A eletrificação do redemoinho é resultado do atrito entre as partículas, um fenômeno conhecido como triboeletricidade. O campo elétrico resultante pode chegar a 10.000 volts por metro, mas é bastante variável.
Segundo simulações em laboratório, descargas elétricas sobre amostras de gelo em uma atmosfera semelhante à marciana produziram metano. Este processo criou três vezes mais metanos que um outro experimento, a fotólise usando laser ultra violeta.
As descargas seriam produzidas pela eletrificação dos redemoinhos e tempestades de poeira, e ionizariam o CO2 da atmosfera, além de moléculas de água, e a combinação dos elementos resultantes produziria metano.
Ainda não estão descartadas outras origens para o metano, mas como os redemoinhos se formam rapidamente em Marte, eles também poderiam produzir metano rapidamente, gerando nuvens de metano.
Entretanto, a hipótese dos redemoinhos gerando metano tem a seu favor o fato de que o metano tem sido detectado nas estações quentes, que produzem bastante redemoinhos, em regiões onde há bastante gelo subterrâneo.
Agora é ficar de olho nos redemoinhos marcianos para ver se realmente nuvens de metano surgem dos locais onde eles passaram.
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