O aumento na fluorescência verde, na imagem da direira, mostra
a síntere protéica nas sinapses, quando as memórias são criadas
Pela primeira vez, a imagem de uma memória sendo gerada em nível celular foi captada por cientistas. A imagem mostra que proteínas são criadas nas conexões entre as células cerebrais quando uma memória de longo prazo é formada. Neurocientistas suspeitavam disso, mas não tinham observado o fenômeno até agora.
O experimento também revela alguns aspectos surpreendentes da formação de memórias, que ainda é um processo misterioso. Kelsey Martin, bioquímico da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, investigou a formação de lembranças em lesmas marinhas da espécie Aplysia californica, que são um bom modelo de células cerebrais em outros organismos, inclusive em humanos.
Os pesquisadores expuseram os neurônios a serotonina química, que estimula a formação da memória, e conseguiram determinar se novas proteínas estavam sendo criadas quando a memória estava sendo feita. Para isso, os pesquisadores usaram uma proteína fluorescente que muda de verde para vermelho quando é exposta a luz ultravioleta. Eles colocaram as células sob esta luz, para que proteínas que já existissem ficassem vermelhas. Quando eles induziram as células a formar memórias, viram novas proteínas verdes sob o microscópio.
“Uma diferença entre a memória em curto prazo e em longo prazo é o requerimento da formação de novas proteínas”, afirma Wayne Sossin, neurocientista da Universidade McGill, em Montreal, Canadá. “Para fazer a lembrança durar, é preciso sintetizar proteínas”, diz. Embora não haja certeza sobre isso, cientistas acreditam que as novas proteínas ajudam a fortalecer as sinapses, que são as conexões entre os neurônios.
Sassin afirma que muitos neurocientistas acreditam que as lembranças são criadas quando é modificada a força nas conexões das sinapses. “Em termos do que realmente acontece quando você forma uma memória, existem vários modelos diferentes de como isso acontece”, diz.
Uma das revelações do novo estudo foi que mais regiões do RNA, um manual de formação de proteínas similar ao DNA, são necessárias para formar as novas proteínas do que se pensava. Também foi observado que os dois lados das sinapses se envolvem na formação de memórias, e não só um, como alguns cientistas acreditavam.
“Isso foi surpreendente”, disse Martin. “O que é diferente aqui é olhar para a formação da memória em um nível individual das sinapses”, completa. Cientistas ainda tentam entender mais sobre como o cérebro traduz lembranças em um armazenamento a longo prazo. Já que as sinapses são conexões entre células, estudiosos acreditam que fortalecer estas conexões, ou até criar novas, ajuda a mente a associar diferentes ideias e formar memórias de eventos conectados.
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