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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

AEB seleciona engenheiras para mestrado na China




Engenheiras são primeiras mulheres brasileiras no MASTA. Áreas escolhidas foram Direito e Política Espacial e Tecnologias em Microssatélites.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) selecionou as engenheiras brasilienses Ana Paula Castro Nunes, 26 anos, e Letícia Santos Lula Barros, 23, para cursar o Master Program on Space Technology Applications (MASTA), mestrado na área espacial, na Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Beihang (BUAA), em Pequim, na China. Ana e Letícia, engenheiras aeroespaciais pela Universidade de Brasília (UnB), são as primeiras mulheres brasileiras no MASTA.

A seleção acontece desde 2015 e elas fazem parte da quarta turma selecionada, este ano, para o MASTA do Centro Regional para Ciência Espacial e Educação Tecnológica na Ásia e no Pacífico (RCSSTEAP) – instituição educacional que busca promover o uso pacífico de tecnologias espaciais em benefício da humanidade, melhorar o nível de educação e formação de profissionais, assim como a aplicação de ciência e tecnologia espacial dos países membros do Centro, como a Argélia, Argentina, Bangladesh, Bolívia, Brasil, China, Indonésia, Paquistão, Peru e Venezuela. As aulas se iniciaram em setembro e a previsão é que o curso seja concluído no segundo semestre de 2020.

Para José Raimundo Braga Coelho, presidente da AEB, essa é uma oportunidade criada com a China, principalmente pela seriedade e relevância que a Universidade de Beihang trata os estudantes de todo o mundo. Experiência, segundo ele, que pode ser comprovada com outros jovens que já concluíram o curso.  E a expectativa é que o curso e o número de vagas sejam ampliados para que mais pessoas tenham essa oportunidade.

Sonho  “Segundo as estudantes, a ida para o país asiático foi um sonho”, noticiou a AEB em seu site. “Com o conhecimento e a experiência adquiridos, durante o curso, as jovens pretendem incentivar outras colegas a participar da seleção e no futuro contribuir com o Programa Espacial Brasileiro.”


Turmas do MASTA 2018 (Foto via AEB)
Formada em 2017 pela UnB, Ana participou de um intercâmbio durante a graduação na Universidade de Glasgow, na Escócia, e chegou a ser aprovada no mestrado do Instituto Tecnológico e Aeronáutica (ITA) para estudar propulsão hipersônica, mas quando soube da aprovação no MASTA não hesitou em escolher a oportunidade de estudar na China.

Para ela, a opção em estudar Direito e Política Espacial no MASTA aconteceu em razão de ser um dos poucos cursos no mundo nessa área. “Sempre tive curiosidade em saber como seriam aplicadas as leis em questões relacionadas ao espaço”, comentou.

“Quando escolhi o curso, pesquisei o cenário do Direito Espacial no Brasil e constatei que existem poucos profissionais. Acredito que a minha formação em Direito Espacial possa me proporcionar várias oportunidades, além de ser uma forma de contribuir com o desenvolvimento do setor espacial brasileiro,”

Quanto ao ensino na na Universidade de Beihang, ela ressalta que o nível do curso é elevado e que a estrutura da universidade está superando suas expectativas. “Estou confiante na qualidade do ensino. Antes de vir para cá, verifiquei em minhas pesquisas que a universidade possui uma excelente estrutura, assim como um corpo docente experiente e preparado.”

A experiência de Letícia na área espacial começou cedo. Na escola, ela participou da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), mas foi na graduação que passou por experiências marcantes e decisivas para o seu futuro profissional. No período da faculdade, em 2015, fez intercâmbio na Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, onde estudou uma matéria da área espacial e astronáutica, além de trabalhar em pesquisas com satélites, voltadas para o acoplamento de cubsats.

Letícia também participou de competições voltadas para o desenvolvimento de projetos aeronáuticos, construção e lançamento de foguetes. Para o mestrado na China, escolheu Tecnologias em Microssatélites por suas experiências acadêmicas e por ser um setor que está em ascensão tanto no Brasil como em outros países.


Letícia Barros discursando na abertura do MASTA 2018, na Universidade de Beihang (Foto: arquivo pessoal)
“Optei pelo curso de tecnologia de microssatélite por causa das atividades anteriores, ou seja, trabalhos e estudos que realizei durante a graduação. Outro ponto crucial que pesou na minha escolha foi pensando no futuro, pois hoje essa área é uma das que mais oferece oportunidades profissionais”, comentou. A engenheira foi a escolhida para representar os alunos estrangeiros e fazer o discurso de abertura do mestrado.

Questionada sobre o processo de adaptação na China, ela disse estar empolgada com a oportunidade de viver em outro país e que admira a cultura dos países asiáticos. “Tenho uma boa relação com a cultura chinesa, gosto da comida, da arquitetura e espero nesses dois anos conhecer o máximo de pessoas e do país, mas o maior desafio nessa nova jornada é aprender o mandarim, idioma oficial da China, já que na universidade também temos que estudar o idioma.”

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