Lagos efêmeros existiram na bacia Hellas, indica estudo do Instituto SETI. Água esteve presente por mais tempo e mais recentemente do que se achava.
Hoje, a água em Marte está confinada em depósitos de gelo ou mantida em lagos subterrâneos profundos. Mas a água uma vez fluiu pela superfície do planeta e os pesquisadores encontraram mais evidências de sua presença no Planeta Vermelho.
Um novo estudo revela que a bacia de impacto Hellas já continha vários lagos efêmeros, que geralmente estão secos mas se enchem de água por breves períodos de tempo.
Segundo pesquisadores do Instituto SETI, a borda nordeste da bacia, localizada no hemisfério sul do planeta, teve muitos desses lagos ao longo da história de Marte. As depressões estavam cheias de água de várias fontes, incluindo água subterrânea, neve, rios e córregos.
Conhecido como paleolagos, esses antigos lagos marcianos estavam ativos quando o clima de Marte era drasticamente diferente do que é hoje. Um dos paleolagos está quase completamente cheio de sedimentos lisos, semelhantes ao que os cientistas viram nos lagos salinos nas montanhas dos Andes. Esta semelhança sugere que as condições em Marte, quando este paleolago formou-se, poderia ter sido como as nas montanhas dos Andes hoje – frio e árido.
Os paleolagos foram encontrados ao longo de sistemas de drenagem de água que levaram a depressões menores na superfície, ou “lagos”, na borda de Hellas Planitia, uma planície dentro da bacia. Os lagos também não eram todos iguais. Alguns podem ter servido como fonte de sistemas de canais com centenas de quilômetros de extensão, enquanto outros podem ter tido rios fluindo através deles. Outros ainda carregam as cicatrizes de possíveis inundações repentinas.
“Nas imagens de resolução mais alta, pudemos ver sedimentos, depósitos e o que pareciam ser margens em alguns casos nessas crateras e depressões nas quais os canais fluíam”, disse Virginia C. Gulick, cientista pesquisadora sênior do SETI e pesquisadora do estudo.
Comparação entre histórias marciana e terrestre mostrando quando paleolagos estavam ativos em Hellas (pontos azuis na linha de tempo marciana, acima) (Virginia C. Gulick)
A equipe ficou surpresa com as descobertas. “Estávamos descobrindo que esses canais estavam ativos periodicamente através da história de Marte e muito mais recentemente do que se pensava anteriormente. Eles eram ativos periodicamente desde o final do período Noachiano, pelo Hesperiano, até o final da Amazônia”, disse Gulick, referindo-se a um intervalo que iniciou-se há cerca de 4 bilhões de anos e se estendeu até cerca 540 milhões de anos atrás. Tais características hidrológicas eram comuns e de longa duração na superfície marciana.
A pesquisa pode ser importante na busca de vida, podendo fornecendo evidências para a vida microbiana do passado. “As áreas onde a água estava periodicamente disponível por longos períodos da história de Marte, especialmente se elas estivessem associadas a sistemas hidrotermais de magma vulcânico, poderiam ter fornecido os habitats adequados para a vida microbiana”, comentou.
O estudo, intitulado Paleolagos no Noroeste de Hellas: Lagos de Precipitação, de Fonte Subterrânea e Fluviais na Região Navua-Hadriacus-Ausonia, Marte, foi publicado em 30 de outubro na Astrobiology, Volume 18, número 11.
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