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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Astrônomos ‘pesam’ exoplaneta gigante

 


Graças a dados de dois satélites europeus, uma dupla de astrônomos da Universidade de Leiden, na Holanda, conseguiu “pesar” o planeta gigante gasoso que orbita a estrela Beta Pictoris. O resultado é mais um passo importante na compreensão de como se formam os sistemas planetários e vem de uma estrela que tem sido há décadas uma mão na roda para esse tipo de estudo.

Beta Pictoris é jovem, com cerca de 20 milhões de anos, e próxima, localizada a 63 anos-luz de distância, na constelação do Pintor. Desde meados dos anos 1980 sabemos que há um disco de gás e poeira circundando essa estrela, indicando um processo de formação planetária em andamento, possivelmente já “nos finalmentes”.

Em 2008, astrônomos usando o VLT, no Chile, elevaram a desconfiança a certeza, ao obter uma imagem direta de um planeta orbitando a estrela mais ou menos na mesma distância que Saturno guarda do Sol.

O problema com imagens diretas é que elas não davam pistas da massa do planeta. É possível tentar inferir com base na luminosidade, mas, para planetas jovens, essa interpretação depende basicamente das premissas sobre como o planeta teria se formado, se num início “quente” (mais brilhante e rápido) ou “frio” (menos brilhante e mais lento).

Entra em cena o trabalho de Ignas Snellen e Anthony Brown, publicado na Nature Astronomy. Eles usaram observações de Beta Pictoris feitas pelo satélite Hipparcos entre 1990 e 1993 e pelo satélite Gaia entre 2014 e 2016 para determinar a sutil variação de posição da estrela no céu ao longo de três décadas.

Subtraindo os efeitos correspondentes aos movimentos do Sistema Solar e de Beta Pictoris no período, restou uma pequena oscilação, representativa do puxão gravitacional que o planeta exerce sobre sua estrela-mãe. Como essa oscilação é proporcional às massas, deu para calcular quanto “pesa” Beta Pictoris b: cerca de 11 vezes a massa de Júpiter.

O resultado se alinha com estimativas baseadas num nascimento “quente” para ele. Agora, o objetivo é expandir essa análise para outros exoplanetas recém-nascidos e finalmente decifrar as receitas (com suas variações) que a natureza segue ao cozinhar Jupíteres e Saturnos pelo Universo afora.

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