Embora conheçamos a essa altura muitos exoplanetas com porte similar ao da Terra, a verdade é que os astrônomos não sabem ainda se eles de fato se assemelham ao nosso. Poderia sua composição ser inteiramente diferente? Dois estudos desconexos e recentes parecem apontar na direção da mesmice, aumentando a chance de encontrarmos mundos realmente análogos ao nosso em outros sistemas planetários.
O primeiro deles vem da observação do segundo objeto interestelar a ser detectado cruzando nosso Sistema Solar. Agora já oficialmente confirmado como um vagabundo vindo de fora, o objeto 2I/Borisov se comporta como um cometa solar convencional. A única coisa que o distingue é a imensa velocidade e trajetória, que indica sua origem interestelar. Fora isso, é um cometa como os que temos por aqui.
Observações feitas com vários telescópios, dentre eles o venerável Hubble, apontam seu comportamento e composição inusuais. E, como cometas e asteroides em geral são tidos como restos do processo de formação planetária, sabemos que os mesmos tipos de “tijolos” usados na construção dos planetas do Sol, dentre eles a Terra, também estão disponíveis ao redor de outras estrelas.
O segundo estudo, em vez de focar na formação, tem como seu alvo a morte de planetas. Atuando como astrolegistas, um grupo de pesquisadores liderados por Alexandra Doyle, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, investigou “poluição” na atmosfera de seis estrelas anãs brancas, os caroços cadavéricos que restam depois que estrelas como o Sol esgotam seu combustível e morrem, soprando suas camadas exteriores para longe.
A “poluição”, no caso, é a destruição de antigos planetas do sistema, conforme eles encontram seu fim caindo no cadáver estelar.
O estudo, envolvendo dados do Observatório Keck, no Havaí, e publicado na última edição da revista Science, mostrou que esses “restos planetários” contêm rochas cujo nível de oxidação, bem como sua composição, é similar ao de planetas como Vênus, Terra e Marte. Isso indica que, no passado remoto, esses exoplanetas hoje destroçados já foram, ao menos em termos geoquímicos, bem parecidos com os mundos rochosos do Sistema Solar.
O trabalho reforça a tese de que muitos dos exoplanetas que, em termos de massa e diâmetro, são similares à Terra podem de fato ser análogos do nosso mundo – com todas as consequências para potencial habitabilidade que isso traz.
São importantes corroborações do chamado princípio copernicano – a ideia revolucionária (e aparentemente correta), nascida com Copérnico no século 16, de que não ocupamos um lugar especial no Universo
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