Enquanto celebramos o cinquentenário da primeira visita do homem à superfície da Lua, os astrônomos seguem à caça de evidências da existência de luas fora do Sistema Solar. E um novo estudo relata a primeira observação de seu processo de formação.
O alvo foi o sistema planetário jovem conhecido como PDS 70, localizado a 370 anos-luz daqui. Usando o Alma, conjunto de radiotelescópios no deserto do Atacama, no Chile, os pesquisadores obtiveram imagens do disco de gás e poeira que circunda a estrela recém-nascida, que tem cerca de 75% da massa do Sol.
As imagens, colhidas em 2017, revelaram a presença de dois planetas ainda em processo de formação, PDS 70 b e c. Ambos têm tamanho 5 a 10 vezes maior que Júpiter; o mais próximo da estrela está mais ou menos na distância equivalente à de Urano no Sistema Solar. Já o PDS 70 c está onde, por aqui, encontraríamos UranoNetuno.*
Analisando especificamente as imediações do PDS 70 c, os pesquisadores encontraram evidências de um disco de poeira e gás orbitando ao redor dele. Acredita-se que seja por um processo similar a este que os planetas gigantes gasosos de nosso Sistema Solar tenham adquirido suas luas.
O resultado, obtido pela equipe do astrônomo Andrea Isella, da Universidade Rice, nos EUA, foi publicado no Astrophysical Journal Letters, e sugere que a formação de luas em sistemas exoplanetários pode ser comum.
É inesperado? Não. Desde que os cientistas começaram a decifrar os mecanismos de formação de planetas, imaginaram que satélites naturais surgiriam pelo mesmo caminho e deviam ser comuns. O drama é que, apesar disso, todos os esforços para encontrar exoluas formadas até agora fracassaram.
É muito mais difícil detectá-las do que seus respectivos planetas, é verdade, mas dados com os do satélite Kepler tinham potencial para revelar a presença de luas, se elas estivessem lá, e até agora a única coisa que se pareceu com uma lua foi um objeto do tamanho de Netuno orbitando um mundo bem maior que Júpiter — um achado tão bizarro que muitos cientistas ainda acham que pode não passar de um falso positivo.
A ausência de luas maduras contrasta então com a detecção de luas em formação feita agora. É fato que esses estudos ainda estão num estágio muito inicial – encontramos uma ou duas peças num enorme quebra-cabeça e ainda não dá para ver a figura que ele forma. Mas achados como este mostram que estamos no caminho certo para localizar e encaixar as peças que faltam.
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