Você aí, desanimado com os rumos do país, logo mais terá um planeta novo em folha para chamar de seu. A União Astronômica Internacional (IAU) decidiu dar a cada país do mundo a chance de batizar um exoplaneta, e o Brasil está nessa. A competição permitirá que cada país nomeie um planeta, juntamente com sua estrela hospedeira, e mais de 70 nações já aderiram. A iniciativa faz parte das comemorações do centenário da organização, uma espécie de Fifa da astronomia.
Milhares de planetas já foram descobertos fora do Sistema Solar, mas a maioria deles tem nomes de catálogo impossíveis de memorizar. Eu não culparia os astrônomos. Se eu tivesse trilhões de objetos para nomear, minha primeira ideia seria criar um esquema de letras e números que ajudasse a organizar a bagunça.
Por outro lado, recai na conta deles que existam vários esquemas diferentes de nomear uma estrela. O sistema Alfa Centauri (nome tradicional, a estrela mais brilhante, alfa, da constelação do Centauro) também é conhecido por aí como Gliese 559, FK5 538, CD-60°5483, CCDM J14396-6050 e GC 19728. Só que ele na verdade é composto por três estrelas, e aí cada estrela tem sua própria coleção de nomes. Para a maior delas, por exemplo, Alfa Centauri A é o mais comum, mas você pode trocar por Rigil KEntaurus, Rigil Kent, HR 5459, HD 128620, GCTP 3309.00, LHS 50, SAO 252838 e HIP 71683.
Cada grande catálogo produzido pelos astrônomos atribui uma designação diferente, conveniente naquele momento, mas inútil adiante. Faltam nomes honestos, pronunciáveis, populares. Os Romarinhos e Tupãzinhos da astronomia, se é que você me entende.
Aí entra o projeto IAU100 NameExoWorlds (aqui batizado de NomeieExoMundos), segunda ação da organização para colher (e oficializar) nomes para exoplanetas.
Desta vez, a opção foi atribuir uma estrela e um planeta para cada país participante. A do Brasil é a estrela HD 23079, localizada a 109 anos-luz daqui, na constelação do Retículo. Não é visível a olho nu, mas com binóculo já dá pé. Ao seu redor, há um planeta gigante com mais que o dobro da massa de Júpiter, que dá uma volta em torno dela a cada dois anos.
“Temos agora a oportunidade de batizar um sistema planetário com nomes genuinamente brasileiros”, diz Hélio Jaques Rocha-Pinto, astrônomo da UFRJ e coordenador nacional do concurso no Brasil. “Essa campanha nos leva a refletir sobre nosso papel como cidadão de um mundo sem fronteiras, que respeita e celebra a diversidade cultural.”
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