O satélite Tess, mais novo caçador de planetas da Nasa, concluiu seu primeiro ano de observações, cobrindo a maior parte do céu do hemisfério Sul. O saldo: 21 planetas confirmados e mais de 850 candidatos, numa bolha de 300 anos-luz de distância da Terra.
Alguns desses planetas, em particular, ganharam destaque individual na semana que passou. Ao redor de uma anã vermelha (estrela menor que o Sol) designada apenas como TOI 270 (sigla inglesa para Objeto de Interesse do Tess), o satélite revelou a presença de três planetas, todos maiores que a Terra e menores que Netuno, um dos quais pende mais para a primeira (rochoso) e os outros dois, mais para o segundo (gasoso).
O achado é importante justamente por permitir estudar a variedade de planetas de tipos superterra e mininetuno, mundos sem igual no Sistema Solar. Já descobrimos um monte desses planetas por aí, mas os do Tess trazem uma vantagem decisiva: estão relativamente próximos e poderão ser estudados a fundo pela próxima geração de telescópios em solo e no espaço, esperada para a década de 2020.
Já no caso do também recém-anunciado sistema GJ 357, outra anã vermelha, o Tess foi responsável apenas pela descoberta de um planeta, GJ 357 b, com tamanho apenas 22% maior que o do nosso mundo, mas próximo demais de sua estrela para ser habitável. O acompanhamento em solo para validar a descoberta, contudo, encontrou outros dois mundos por lá, c e d, e esse último se encontra à distância certa para ser hospitaleiro à vida – isso se ele for rochoso, como a Terra, o que ainda não se sabe no momento.
A descoberta ajuda também a ilustrar o porquê de termos apenas 21 planetas confirmados, dentre mais de 850 candidatos. O Tess detecta potenciais planetas medindo uma redução temporária no brilho de sua estrela-mãe, conforme eles transitam à frente dela. Mais tarde, observações em solo ajudam a confirmar se o fenômeno de fato era um trânsito planetário ou algum falso positivo.
Enquanto esse trabalho de confirmação segue nos observatórios do hemisfério Sul, o Tess volta suas quatro câmeras para o céu do hemisfério Norte, repetindo o protocolo de coleta de dados realizado em seu primeiro ano de operação, ao observar 12 setores, um após o outro, ao longo de um ano, 27 dias de cada vez. Há de se esperar mais um punhado de planetas e uma tonelada de candidatos, à espera dos equipamentos que poderão finalmente revelar suas propriedades físicas e a composição de suas atmosferas. Apesar do sabor de déjà vu, daqui para a frente as coisas só vão ficar mais interessantes.
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