A ilustração de um artista do recém-descoberto exoplaneta GJ180 d, que é a super-Terra temperada mais próxima de nós que não está presa à sua estrela por maré, aumentando a probabilidade de ser capaz de hospedar a vida. (Imagem: © Robin Dienel, cortesia da Carnegie Institution for Science)
GJ229A c e GJ180 d orbitam anãs vermelhas a 19 e 39 a nos luz de distância de nós
Uma equipe de astrônomos liderada por Fabo Feng, da Carnegie Institution for Science em Washington, nos EUA, anunciou a descoberta de mais três exoplanetas dignos de nota: dois deles são “super Terras” potencialmente habitáveis, enquanto o outro é similar a Netuno, porém mais “gelado”.
Os planetas potencialmente habitáveis são chamados GJ229A c e GJ180 d. Eles orbitam anãs vermelhas, o tipo de estrela mais “amigável” ao desenvolvimento da vida, a 19 e 39 anos-luz de distância, o que em uma escala astronômica é “ali pertinho”.
Exoplanetas orbitando anãs vermelhas geralmente apresentam rotação sincronizada, ou seja, um lado é permanentemente voltado para a estrela (dia), enquanto o outro é mergulhado em uma noite eterna.
Mas GJ229A c e GJ180 d estão a uma distância de suas estrelas grande o bastante para escapar deste efeito. Isto torna GJ180 d um recordista: ele é “a super Terra temperada mais próxima de nós que não tem rotação sincronizada com sua estrela”. Isso, segundo Feng, aumenta as chances de que seja capaz de abrigar e sustentar vida.
GJ180 d tem 7,5 vezes a massa de nosso planeta e completa uma órbita ao redor de sua estrela, Gliese 180, a cada 106 dias terrestres. Ele é o terceiro planeta descoberto ao redor desta estrela: GJ 180 b e GJ 180 c foram descobertos em 2014.
Já GJ229 A c tem 7,9 vezes a massa de nosso planeta e completa uma órbita ao redor da estrela Gliese 229, na constelação da Lebre, a cada 122 dias e tem um companheiro conhecido como GJ 229 A b, descoberto em 2014.
Gliese 229 é um sistema binário, composto pela anã vermelha GJ229A e pela “anã marrom” GJ229B. Anãs marrons são objetos misteriosos, grandes demais para serem considerados planetas, mas pequenos demais para sustentar fusão nuclear, como as estrelas. Por isso, também são chamados de “estrelas fracassadas”.
A descoberta dos dois planetas é interessante, pois eles estão próximos o suficiente do sol para ser fotografados diretamente com a nova geração de telescópios espaciais, como o James Webb. "Nossa descoberta aumenta a lista de planetas que podem ser potencialmente fotografados diretamente pela próxima geração de telescópios", disse Feng. "Estamos trabalhando no objetivo de determinar se os planetas que orbitam estrelas próximas abrigam vida".
"Eventualmente, queremos construir um mapa de todos os planetas que orbitam as estrelas mais próximas de nosso próprio sistema solar, especialmente aqueles que são potencialmente habitáveis", disse Jeff Crane, também da Carnegie Institution e co-autor do mesmo estudo.
Além das super Terras, os cientistas descobriram GJ 433 d, um planeta gelado com 4,9 vezes a massa da Terra. Segundo Feng ele é o mais próximo, mais largo e mais frio planeta similar a Netuno já encontrado, e também poderá ser analisado diretamente pelos novos telescópios.
Os pesquisadores fizeram as descobertas reanalisando dados obtidos pelo instrumento Ultraviolet and Visual Echelle Spectrograph (UVES) do European Southern Observatory (ESO) coletados durante uma análise de 33 anãs vermelhas próximas, feita entre 2000 e 2007.
Os dados do UVES foram suplementados com medidas feitas por outros instrumentos como o Carnegie Planet Finder Spectrograph (PFS) no observatório Las Campanas, no Chile, o High Accuracy Radial velocity Planet Searcher (HARPS) no observatório La Silla , também no Chile e o High Resolution Echelle Spectrometer (HIRES) no observatório Keck, no Havaí.
No total o trabalho resultou na descoberta de cinco exoplanetas, e oito candidatos a exoplanetas ainda não confirmados.
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