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quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

À procura de vida nos espectros de exoplanetas


Esta impressão artística mostra uma vista da superfície do planeta Proxima b, o qual orbita a estrela anã vermelha Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sistema Solar. A estrela dupla Alfa Centauri AB também pode ser vista na imagem por cima e à direita de Proxima Centauri. Proxima b é um pouco mais massivo que a Terra e orbita na zona habitável de Proxima Centauri, zona onde a temperatura permite a existência de água líquida à superfície do planeta. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Um cientista de Cornell criou uma maneira de discernir vida em exoplanetas que deambulam em torno de outras vizinhanças cósmicas: uma espécie de guia de campo espectral. 

Zifan Lin desenvolveu modelos espectrais de alta resolução e cenários para dois exoplanetas que podem abrigar vida: Proxima b, na zona habitável da nossa vizinha estelar mais próxima, Proxima Centauri, e TRAPPIST-1e, um dos três possíveis candidatos a exoplanetas semelhantes à Terra no sistema TRAPPIST-1.

O artigo, em coautoria com Lisa Kaltenegger, professora associada de astronomia e diretora do Instituto Carl Sagan de Cornell, foi publicado no dia 18 de novembro na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

"Para investigar se existem sinais de vida noutros mundos, é muito importante entender os sinais de vida que aparecem nas leves impressões digitais de um planeta," disse Lin. "A vida nos exoplanetas pode produzir uma combinação característica de moléculas na sua atmosfera - e elas tornam-se sinais reveladores nos espectros de tais planetas."

"Num futuro próximo, veremos a atmosfera destes mundos com novos e sofisticados telescópios terrestres, que nos permitirão explorar o clima do exoplaneta e descobrir a sua biota", disse.

Na busca por mundos habitáveis, as anãs M chamam a atenção dos astrónomos, já que o Universo local está repleto destes sóis que, segundo Lin, representam 75% do cosmos próximo.

Por toda a Via Láctea, a nossa Galáxia, os astrónomos descobriram mais de 4000 exoplanetas, alguns na zona habitável da sua estrela - uma área que fornece condições adequadas para a vida.

Para explorar a atmosfera destes lugares, os cientistas precisam de grandes telescópios de próxima geração, como o ELT (Extremely Large Telescope), atualmente em construção no Deserto de Atacama no Chile; espera-se que fique operacional em 2025. Os cientistas podem apontar o instrumento - com um impecável espelho primário com cerca de metade do tamanho de um campo de futebol - para Proxima b e TRAPPIST-1e. O telescópio terá mais de 250 vezes o poder de captação de luz do Telescópio Espacial Hubble.

Lin e Kaltenegger disseram que os espectrógrafos de alta resolução do ELT podem discernir água, metano e oxigénio tanto para Proxima b como para TRAPPIST-1e, caso estes planetas sejam como o nosso próprio ponto azul pálido.

A cerca de 4 anos-luz da Terra, Proxima b pode ser resolvido por novos telescópios terrestres, dando aos astrónomos uma vantagem em observar este mundo próximo.

"Assumindo que estes mundos possam ser como uma Terra jovem ou moderna, com atmosferas semelhantes ou empobrecidas," realçou Kaltenegger. "Zifan criou uma base de dados de impressões digitais leves para estes mundos, um guia para permitir que os observadores aprendam a encontrar sinais de vida, caso exista.

Kaltenegger disse: "Estamos a fornecer um modelo de como encontrar vida nestes mundos."

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