Uma equipe de astrônomos teve uma grande surpresa enquanto usava os dados do telescópio espacial TESS, da NASA. Eles descobriram que a estrela Alpha Draconis e sua estrela companheira eclipsam-se entre si. A novidade foi anunciada na segunda-feira (6) durante a reunião da Sociedade Astronômica Americana em Honolulu, no Havaí.
A Alpha Draconis é uma estrela bem conhecida desde a época do antigo Egito, visível a olho nu e localizada a cerca de 270 anos-luz de distância, na constelação do norte Draco. Os astrônomos já sabiam que este era um sistema binário, mas os eclipses foram uma surpresa, e os pesquisadores também ficaram impressionados pelo fato de que ninguém havia percebido isso antes.
Angela Kochoska, pesquisadora de pós-doutorado da Universidade Villanova, explicou o que teria dificultado essa descoberta até agora. De acordo com ela, “os eclipses são breves, durando apenas seis horas; portanto, as observações terrestres podem facilmente ignorá-los”. Além disso, a estrela é tão brilhante que “teria rapidamente saturado detectores no observatório Kepler da NASA, o que também ocultaria os eclipses”.
Tudo começou com um relatório de 2004, sugerindo que a Alpha Draconis (também conhecida como Thuban) passava por pequenas mudanças de brilho que duravam cerca de uma hora. Isso apontava para a possibilidade de que ela estivesse pulsando e, por isso, uma equipe de cientistas foi atrás das informações coletadas pelo TESS. Em outubro, eles publicaram um artigo que revelava a descoberta dos eclipses das duas estrelas, descartando assim as pulsações por períodos inferiores a oito horas.
Agora, essa dupla de estrelas passa a compor o quadro dos sistemas binários eclipsantes mais brilhantes nos quais os dois corpos são amplamente separados e só interagem gravitacionalmente. Sistemas como este são importantes no trabalho de medir as massas e os tamanhos de ambas as estrelas com alta precisão.
Com isso, Kochoska está trabalhando com Daniel Hay, um dos membros da equipe que fez a descoberta, para entender o sistema com mais detalhes. "Eu tenho colaborado com Daniel para modelar os eclipses e aconselhado sobre como reunir mais dados para restringir melhor nosso modelo", explicou ela. "Nós dois adotamos abordagens diferentes para modelar o sistema e esperamos que nossos esforços resultem da completa descrição de suas características".
Para Padi Boyd, cientista do TESS, descobrir eclipses em uma estrela historicamente importante mostra o impacto do telescópio espacial na comunidade astronômica. "Nesse caso", disse ele, "os dados ininterruptos e de alta precisão do TESS podem ser usados para ajudar a restringir parâmetros estelares fundamentais em um nível que nunca alcançamos antes".
Fonte: Canaltech
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