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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Milinovas

 


📷 Impressão artística de uma erupção de nova clássica. Crédito: Krzysztof Ulaczyk / Observatório Astronômico, Universidade de Varsóvia.

♦ Uma descoberta inovadora de uma equipe internacional de astrônomos revelou uma classe completamente nova de fontes cósmicas de raios-X.

Liderada por pesquisadores do Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia, esta descoberta, publicada no Astrophysical Journal Letters, está lançando luz sobre misteriosos fenômenos celestes.

🔹 FENÔMENOS CÓSMICOS DE RAIOS-X

A maioria das pessoas está familiarizada com raios-X de ambientes médicos, onde ajudam a produzir imagens de ossos ou diagnosticar condições como doenças pulmonares. Nesses casos, os raios-X são criados usando fontes artificiais.

O que muitos não percebem é que os objetos celestes também podem emitir radiação de raios-X. "Alguns fenômenos cósmicos produzem raios-X naturalmente", diz o Dr. Przemek Mróz, principal autor do estudo. "Por exemplo, os raios-X podem ser produzidos por um gás quente caindo sobre objetos compactos como anãs brancas, estrelas de nêutrons ou buracos negros. Os raios-X também podem ser gerados pela desaceleração de partículas carregadas, como elétrons.

🔹 DESCOBERTA DE OBJETOS CELESTES INCOMUNS

Uma equipe de pesquisadores descobriu 29 objetos incomuns nas Nuvens de Magalhães, duas galáxias satélites perto da Via Láctea. Esses objetos exibiram um comportamento surpreendente: durante explosões de longa duração, geralmente durando alguns meses, seu brilho aumentou de 10 a 20 vezes. Enquanto alguns desses objetos mostraram explosões recorrentes a cada poucos anos, outros explodiram apenas uma vez durante o período de observação.

A equipe descobriu esses objetos analisando mais de 20 anos de dados coletados pela pesquisa Optical Gravitational Lensing Experiment (OGLE), liderada por astrônomos da Universidade de Varsóvia.

🔹 CARACTERÍSTICAS E OBSERVAÇÕES DO OGLE-mNOVA-11
Um objeto detectado, chamado OGLE-mNOVA-11, iniciou uma explosão em novembro de 2023, proporcionando uma oportunidade única para um estudo detalhado.

"Observamos essa estrela com o Southern African Large Telescope (SALT), um dos maiores telescópios do mundo", diz o Dr. Mróz. "Seu espectro óptico revelou assinaturas de átomos ionizados de hélio, carbono e nitrogênio, indicando temperaturas extremamente altas."

A estrela também foi observada pelo Observatório Neil Gehrels Swift, que detectou raios-X correspondentes a uma temperatura de 600.000 graus Celsius. Dada a sua distância de mais de 160.000 anos-luz, OGLE-mNOVA-11 emitiu mais de 100 vezes a luminosidade do Sol.

🔹 A NATUREZA E O IMPACTO DAS MILINOVAS

As propriedades incomuns do objeto se assemelhavam muito a outro sistema, chamado ASASSN-16oh, descoberto em 2016 pelo All Sky Automated Survey for SuperNovae.

"Acreditamos que OGLE-mNOVA-11, ASASSN-16oh e os outros 27 objetos formam uma nova classe de fontes transitórias de raios-X", diz o Dr. Mróz. "Nós as chamamos de milinovas, pois seu brilho máximo é cerca de mil vezes menor do que o das novas clássicas."

Acredita-se que as milinovas sejam sistemas estelares binários que consistem em dois objetos orbitando um ao outro com um período de alguns dias. Uma anã branca - um remanescente denso de uma estrela outrora massiva - orbita de perto uma estrela subgigante que esgotou o hidrogênio em seu núcleo e se expandiu. A proximidade entre as duas estrelas permite que o material flua da subgigante para a anã branca.

🔹 EXPLICAÇÕES TEÓRICAS E IMPLICAÇÕES ASTROFÍSICAS

A fonte dos raios-X permanece um mistério, mas os cientistas propuseram duas explicações possíveis. De acordo com um cenário, os raios-X podem ser produzidos à medida que o material da subgigante cai na superfície da anã branca, liberando energia.

Alternativamente, os raios-X podem resultar de uma fuga termonuclear na superfície da anã branca. À medida que o material se acumula na anã branca, o hidrogênio se inflama, causando uma explosão termonuclear - mas não violenta o suficiente para ejetar material.

Se a última hipótese estiver correta, então as milinovas podem desempenhar um papel crucial na astrofísica. À medida que uma anã branca cresce em massa, ela pode eventualmente atingir um limite crítico (cerca de 1,4 massas solares), ponto em que pode explodir como uma supernova do Tipo Ia.

Os astrônomos usam supernovas do Tipo Ia como velas padrão para medir distâncias cósmicas. Em particular, as observações de supernovas do Tipo Ia levaram à descoberta da expansão acelerada do Universo, uma descoberta que ganhou o Prêmio Nobel de Física de 2011. No entanto, os progenitores exatos das supernovas do Tipo Ia permanecem desconhecidos.


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