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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Hubble analisa atmosfera de planeta rochoso fora do Sistema Solar


Graças ao glorioso Telescópio Espacial Hubble, ganhamos na semana passada uma boa olhada na composição da atmosfera de um planeta rochoso fora do Sistema Solar com tamanho e densidade similares aos da Terra. Ele está longe de ser um paraíso habitável, então não se anime demais, mas se trata de avanço notável e um prelúdio de resultados ainda mais interessantes por vir.

trabalho foi aceito para publicação no periódico Astronomical Journal e é resultado de uma colaboração entre pesquisadores americanos, britânicos e brasileiros. Pelo lado nacional, participaram Adriana Valio, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, e Raissa Estrela, atualmente em um pós-doutorado no JPL, o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, nos EUA.

O alvo foi o planeta GJ 1132 b, localizado a 41 anos-luz daqui. Ele orbita uma anã vermelha, estrela bem menor que o Sol, completando uma volta em apenas 38 horas. Ou seja, está coladinho ao seu astro-rei. Com isso, recebe 19 vezes mais radiação estelar que a Terra ganha do Sol. Ninguém espera encontrar vida lá.

Porém, há motivos para festa sobre a detecção, que prenuncia o que se pode esperar em planetas ao redor de anãs vermelhas. Houve por décadas uma desconfiança dos astrônomos de que o alto nível de turbulência dessas pequenas estrelas impedisse um mundo próximo de conservar uma atmosfera. Eis aqui um planeta que, desde 2017, sabemos ter um invólucro gasoso.

Com diâmetro 16% e massa 66% maiores que os terrestres, GJ 1132 b é claramente rochoso, um pouco mais denso que a Terra. Ao observar a luz emitida pela estrela que trafegou de raspão por sua atmosfera antes de chegar à Terra, o Hubble obteve um espectro (a decomposição da luz) que carregava consigo a assinatura dos gases que encontrou pelo caminho.

Agora sabemos que há hidrogênio, cianeto de hidrogênio e metano na atmosfera do planeta, além de aerossóis que lembram muito o que vemos no ar de Titã, a maior das luas de Saturno. A hipótese dos cientistas é que GJ 1132 b, em sua origem, fosse um mininetuno, com uma vasta atmosfera primordial de hidrogênio e hélio. Essa sim teria sido varrida pelo vento estelar, tempos atrás. Mas então, graças à atividade vulcânica, o planeta ganhou uma segunda atmosfera – a que vemos agora.

A detecção do Hubble está no limite dos instrumentos do telescópio espacial, mas os pesquisadores esperam que o Telescópio Espacial James Webb, a ser lançado em outubro próximo, possa confirmar os resultados com maior facilidade. E, para além disso, perscrutar as atmosferas de muitos outros exoplanetas rochosos, alguns deles localizados nas zonas habitáveis de seus sistemas – faixa nem muito quente, nem muito fria em torno da estrela, onde condições para a vida poderiam prevalecer na superfície de um mundo ali localizado. É para ficar ansioso com o que vem por aí.

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