Vamos deixar de lado todas as impossibilidades físicas e tecnológicas e mergulhar no fantástico mundo da imaginação. Não nos interessa como irá "escavar" essa esfera, apenas vamos analisar os fenômenos físicos que o nosso viajante irá experimentar.
Você irá fazer uma viagem ao centro da Terra, guardando alguma semelhança com o Professor Otto Lidenbrockc do Romance de Julio Verne "Viagem ao centro da Terra" (Voyage au Centre de la Terre).
Teremos que assumir algumas premissas:
- A esfera de 100 m de diâmetro deve possuir uma casca esférica constituída por material com resistência térmica absurdamente alta para impedir que o calor do centro do planeta, do lado de fora, flua para o seu interior e, consequentemente venha a "queimar" nosso viajante.
- O coeficiente de dilatação térmica superficial da casca precisa ser muito baixo e com ponto de fusão altíssimo, maior que 6.500°C.
- A casca deve ser constituída por um material extremamente resistente aos esforços de tensão de cisalhamento e de compressão causados pela gigantesca pressão interna do planeta, a fim de impedir sua implosão e colapso.
- O interior da esfera precisa ser preenchida com ar, nas mesmas condições de concentração de oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, na pressão atmosférica igual a 1 atmosfera e temperatura igual a 20°C, imediatamente antes da entrada de nosso viajante. Após a entrada, a esfera será totalmente isolada do exterior, perfeitamente hermética.
No ponto central da esfera, a resultante da força gravitacional é nula, tendo em vista que todas as componentes, sendo simétricas e diametralmente opostas, anular-se-ão.
Onde,
é a massa do nosso viajante (vamos assumir que seja 75 kg), são porções de massa do planeta terra (cunha esférica) que provocam forças de atração em nosso viajante, são as distâncias entre os centros de massa das porções do planeta e do viajante e, é a constante de gravitação universal.
Uma vez que nosso viajante, de alguma forma, é colocado no ponto central da casca oca, irá flutuar "quase" sem presenças de forças externas, com a "estranha" sensação como se estivesse em órbita dentro de alguma estação espacial. Porém, o nosso astro rei, o sol, irá provocar uma força de atração, que apesar de pequena, irá provocar o deslocamento do viajante para algum ponto da parede interna da casca.
Onde,
é a massa do sol, e é a distância entre os centros de massa do viajante e do sol. Após os cálculos, a força gravitacional exercida pelo sol sobre nosso viajante é:
Devido a conservação do estado de movimento, nosso viajante ficará praticamente na mesma velocidade de translação elíptica que a Terra faz em torno do sol.
A outra componente que seu corpo será submetido será devido a força centrípeta, em função da rotação da terra em torno do seu próprio eixo, que é muito pequena, menor inclusive que a força exercida pelo sol.
Também, há de convir a presença de aceleração centrípeta para dentro da trajetória em função do movimento de translação que a Terra faz em torno do sol, mas a ordem de grandeza é tão ínfima que pode ser desprezada.
A velocidade angular da Terra é expressa por:
Seu corpo irá ser submetido a uma força centrípeta igual a:
As duas forças aplicadas no corpo do viajante têm como resultante a força normal contra a parede interna da casca:
As forças externas aplicadas no corpo são tão pequenas que nosso viajante com leves impulsos das pernas conseguirá saltar contra as paredes internas, para lá e para cá, como uma criança que se diverte numa grande cama elástica.
É óbvio que como a casca é hermética, à medida que seus pulmões forem consumindo o oxigênio e expelindo gás carbônico, a concentração irá se tornar cada vez mais insalubre e tóxica. Após alguns minutos, o nosso viajante irá precisar dar um "adeus" a incrível jornada.
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