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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O núcleo interno da Terra está desacelerando e mudando de forma

 O núcleo interno da Terra, há muito considerado uma esfera sólida e estável, pode ser bem diferente. Um estudo recente sugere que sua superfície está passando por transformações estruturais, questionando nosso conhecimento sobre essa região misteriosa.

Imagem: Argonne National Laboratory / Flickr / CC 2.0 

Ao analisar décadas de dados sísmicos, pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia descobriram que a superfície do núcleo interno parece se deformar sob a influência do núcleo externo. Essas mudanças, observadas pela primeira vez, poderiam explicar algumas variações na rotação do núcleo interno e até influenciar a duração dos dias na Terra.

Um núcleo interno em movimento

O núcleo interno, localizado a cerca de 5.000 quilômetros abaixo da superfície, é tradicionalmente descrito como uma bola sólida de ferro e níquel. No entanto, os novos dados mostram que sua camada externa pode ser mais maleável do que se pensava. Essa descoberta baseia-se na análise de ondas sísmicas provenientes de terremotos repetidos perto das Ilhas Sandwich do Sul.

Os pesquisadores usaram técnicas de resolução aprimoradas para estudar os sinais sísmicos. Eles observaram anomalias nas ondas, sugerindo deformações na superfície do núcleo interno. Essas deformações poderiam ser causadas por interações turbulentas com o núcleo externo em fusão.

A influência do núcleo externo

O núcleo externo, composto de ferro e níquel líquidos, é conhecido por seu papel na geração do campo magnético terrestre. Até agora, seu impacto sobre o núcleo interno era pouco compreendido. O estudo revela que os movimentos turbulentos do núcleo externo poderiam perturbar a superfície do núcleo interno, causando mudanças de forma.

Essas perturbações também poderiam explicar a desaceleração gradual da rotação do núcleo interno observada desde 2010. Embora essas mudanças sejam imperceptíveis na superfície, elas poderiam influenciar a rotação global da Terra e a duração dos dias.

Rumo a uma melhor compreensão do núcleo terrestre

Este estudo abre novas perspectivas para entender as dinâmicas profundas da Terra. Os pesquisadores esperam que essas descobertas permitam compreender melhor as interações entre o núcleo interno e externo, bem como seu impacto sobre o campo magnético terrestre e a geodinâmica.

Os resultados, publicados na Nature Geoscience, destacam a necessidade de continuar as pesquisas para explorar esses fenômenos. Dados adicionais poderiam revelar outros aspectos inesperados dessa região ainda amplamente desconhecida.

Para saber mais: Como se estuda o núcleo terrestre?

A observação direta do núcleo terrestre sendo impossível, os cientistas usam métodos indiretos. A análise das ondas sísmicas permite deduzir sua estrutura e composição. Ao atravessar diferentes camadas, essas ondas são desviadas ou interrompidas, fornecendo pistas sobre a natureza dos materiais encontrados.

Experimentos em laboratório complementam essas observações. Ao reproduzir as pressões e temperaturas extremas do núcleo, os pesquisadores estudam o comportamento das ligas de ferro-níquel. Instrumentos sofisticados, como células de bigorna de diamante, permitem explorar essas condições extremas.

Estudos sobre meteoritos também enriquecem nosso conhecimento. Algumas provêm de asteroides diferenciados com um núcleo metálico, semelhante ao da Terra. Sua composição química fornece pistas sobre os elementos presentes nas profundezas terrestres.

Modelos numéricos desempenham um papel essencial. Ao combinar dados sísmicos, experimentais e geoquímicos, eles simulam as dinâmicas internas do núcleo. Essas simulações permitem refinar nossa compreensão de seu papel na geração do campo magnético terrestre.

Techno-science.net

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