Novos horizontes do Cinturão de Kuiper
Depois de fazer as primeiras fotografias de Plutão, em Agosto de 2015, a sonda espacial New Horizons seguiu caminho rumo aos confins do Sistema Solar, eventualmente fazendo imagens de asteroides desconhecidos.
Colisões de objetos no Cinturão de Kuiper são uma importante fonte de poeira, juntamente com partículas expelidas de corpos celestes locais atingidos por impactores microscópicos de poeira vindos do espaço interestelar. [Imagem: Dan Durda/FIAAA]
Nessa jornada, seus instrumentos acabam de trazer uma informação importante: O Cinturão de Kuiper, uma vasta zona externa do nosso Sistema Solar, povoada por centenas de milhares de blocos de construção planetários rochosos e gelados, pode se estender muito mais longe do que os cientistas calculavam.
E ela fez esta descoberta usando o primeiro instrumento de ciência planetária a ser construído por estudantes, chamado SDC (Venetia Burney Student Dust Counter) - Venetia Burney foi a garota de 11 anos que, em 1930, sugeriu o nome de Plutão.
Acelerando pelas bordas externas do Cinturão de Kuiper, quase 60 vezes mais longe do Sol do que a Terra, o instrumento estudantil, essencialmente um contador de grãos de poeira que a sonda vai encontrando pelo espaço, está detectando níveis de poeira mais altos do que o esperado.
"A New Horizons está fazendo as primeiras medições diretas da poeira interplanetária muito além de Netuno e Plutão, por isso cada observação pode levar a uma descoberta," afirmou Alex Doner, da Universidade do Colorado em Boulder, líder dos estudantes que construíram o instrumento.
"A ideia de que podemos ter detectado um Cinturão de Kuiper alargado - com toda uma nova população de objetos colidindo e produzindo mais poeira - oferece outra pista para resolver os mistérios das regiões mais distantes do Sistema Solar."
Cinturão mais largo ou novo cinturão
Os resultados agora divulgados foram compilados ao longo de três anos, enquanto a New Horizons viajava de 45 a 55 unidades astronômicas (ua) do Sol - sendo uma ua a distância entre a Terra e o Sol, cerca de 140 milhões de quilômetros.
A poeira detectada consiste em minúsculos restos de colisões entre objetos maiores do Cinturão de Kuiper, além de partículas expelidas por outros objetos quando são eles próprios alvejados pelos grãos de poeira que chegam de fora do Sistema Solar. Assim, a contagem de grãos de poeira traz informações sobre as taxas de colisão de tais corpos no Sistema Solar exterior.
Enquanto os cálculos indicavam que o Cinturão de Kuiper se estenderia até cerca de 50 ua, os novos dados indicam que ele pode chegar até a 80 ua - ou que poderia haver um segundo cinturão além daquele que já conhecemos.
Outra possibilidade, considerada menos provável pela equipe, é que a pressão da radiação e outros fatores empurrariam a poeira criada no interior do Cinturão de Kuiper para além de 50 ua. A New Horizons também poderia ter encontrado partículas de gelo de vida mais curta, que não conseguem alcançar as partes internas do Sistema Solar e que ainda não foram contabilizadas nos modelos atuais do Cinturão de Kuiper.
Agora na sua segunda missão estendida, a New Horizons tem combustível para operar até a década de 2040, o que deverá levá-la a distâncias superiores a 100 ua do Sol, eventualmente traçando um mapa completo do Cinturão de Kuiper.
Fonte: Inovação Tecnológica
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