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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

A primeira vida no universo poderia ter se formado segundos após o Big Bang

 

Nosso planeta tem sido um refúgio para a vida por aproximadamente quatro bilhões de anos, o que representa uma parte significativa dos 13,77 bilhões de anos estimados de existência do universo. Isso leva à suposição de que a vida poderia surgir em outros lugares do universo. A ideia de vida, com suas múltiplas interpretações, poderia ter existido logo após o início do universo, conhecido como Big Bang.

Para entender as origens da vida, é necessário definir claramente o que é ‘vida’. Mais de 200 definições já foram propostas, destacando a complexidade desse conceito. O debate sobre se entidades como vírus, que se replicam mas necessitam de um hospedeiro, ou príons, estruturas proteicas causadoras de doenças, são considerados vivos, continua. No entanto, para nossa análise, adotamos uma definição ampla e prática: Vida engloba todas as entidades que passam por evolução darwiniana.

Essa definição abrangente é crucial ao investigarmos os começos da vida, onde a distinção entre entidades vivas e não-vivas se torna menos clara. Em algum momento distante no passado da Terra, o planeta passou de um estado sem vida para abrigar a vida, um processo que desafia os limites de qualquer definição de vida. À medida que exploramos a história primitiva da Terra e consideramos outras formas potenciais de vida no universo, uma definição abrangente é vantajosa.

Segundo essa definição, a vida na Terra surgiu há pelo menos 3,7 bilhões de anos, com organismos microscópicos suficientemente sofisticados para deixar evidências duradouras de sua existência. Essas primeiras formas de vida se assemelhavam aos organismos modernos, utilizando DNA para armazenamento de informações, RNA para transcrição e proteínas para interagir com o ambiente e replicar o DNA, passando assim pela evolução darwiniana.

Esses micróbios primitivos evoluíram de formas de vida mais simples. Se a evolução é uma característica da vida, então uma forma de vida mais rudimentar deve ter existido na Terra antes deles. Algumas teorias sugerem que as primeiras moléculas autoreplicantes, representando as formas de vida mais simples, podem ter surgido há mais de 4 bilhões de anos, após o resfriamento dos oceanos.

Além disso, a Terra pode não ter sido única em hospedar vida. Marte e Vênus tinham condições semelhantes durante essa era, sugerindo a possibilidade de vida também nesses planetas.

Explorando a primeira vida no cosmos, é importante notar que o Sol não foi a primeira estrela a realizar a fusão nuclear. A vida como a conhecemos requer elementos específicos: hidrogênio, oxigênio, carbono, nitrogênio e fósforo. Exceto pelo hidrogênio, que surgiu logo após o Big Bang, esses elementos são sintetizados nos núcleos das estrelas. Assim, com algumas gerações de estrelas se formando e morrendo, dispersando esses elementos pela galáxia, a vida semelhante à da Terra poderia ter aparecido no universo há mais de 13 bilhões de anos. Esse período, conhecido como alvorada cósmica, marcou a formação das primeiras estrelas, alguns milhões de anos após o Big Bang. O surgimento dessas estrelas iniciou a criação dos elementos necessários para a vida.

Consequentemente, a vida baseada em cadeias de carbono, utilizando oxigênio para transferência de energia e prosperando em água líquida, pode ser mais antiga que a Terra. Mesmo formas de vida alternativas com diferentes bioquímicas, como aquelas que usam silício em vez de carbono ou metano no lugar da água, dependem de elementos forjados nas estrelas.

No entanto, é concebível que a vida possa existir além das bases químicas. Se aderirmos à definição ampla de vida como qualquer coisa capaz de evolução, processos químicos não são obrigatórios. Com 95% do conteúdo energético do universo desconhecido pela física, abrangendo matéria escura e energia escura, há espaço para especulação. Talvez forças únicas atuem exclusivamente sobre matéria escura e energia escura, com potenciais variedades de ‘matéria escura’ e interações semelhantes a uma ‘tabela periódica da matéria escura’. Nestes vastos espaços interestelares, formas de vida ‘escuras’, regidas por forças desconhecidas, podem ter surgido cedo no universo, bem antes da formação das estrelas.

Ainda mais intrigantes são as hipóteses sobre a vida nos estágios iniciais do universo. Durante os primeiros momentos do Big Bang, quando as forças da natureza eram extraordinariamente intensas e incomuns, estruturas complexas como cordas cósmicas ou monopolos magnéticos poderiam ter se formado. Essas estruturas, capazes de armazenar informações e aproveitar energia abundante, poderiam ter se replicado, passando assim pela evolução darwiniana. Tais entidades teriam existido brevemente, sua existência inteira comprimida em menos de um segundo, mas para elas, teria constituído um ciclo de vida completo.

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