Cientistas do MIT e da Universidade de Birmingham (UB) afirmam ter desvendado um método para identificar planetas habitáveis usando tecnologia existente. Isso envolve avaliar as quantidades de dióxido de carbono e ozônio presentes em exoplanetas.
Embora as discussões frequentemente girem em torno de como os níveis crescentes de dióxido de carbono na Terra contribuem para o aquecimento global, vale ressaltar que a Terra possui níveis relativamente baixos de dióxido de carbono em comparação com mundos menos hospitaleiros, como Vênus, onde impressionantes 96,5% de sua atmosfera são compostos por esse gás. Marte também tem uma atmosfera com 95% de CO2. Em contraste, a atmosfera da Terra contém apenas 0,04% de dióxido de carbono, principalmente porque cerca de 80% do dióxido de carbono de nosso planeta é absorvido pelos oceanos.
Essa revelação levou os pesquisadores a desenvolver uma abordagem inovadora para identificar exoplanetas que poderiam potencialmente sustentar água líquida. Sua estratégia envolve examinar as atmosferas de exoplanetas em busca de concentrações mínimas de dióxido de carbono. Especificamente, os cientistas propõem utilizar nosso sistema solar como modelo e procurar grupos de planetas situados a distâncias de suas estrelas onde a água líquida possa existir. Se uma análise das atmosferas desses planetas revelar um com concentrações significativamente menores de dióxido de carbono do que os outros, isso levanta a possibilidade de que esse gás possa estar retido por corpos d’água substanciais.
Um aspecto particularmente promissor dessa abordagem é a capacidade do Telescópio Espacial James Webb de medir o dióxido de carbono nos planetas que ele observa, como recentemente fez com a lua de Júpiter, Europa.
Julien de Wit, professor assistente de ciências planetárias do MIT e coautor do estudo, demonstrou entusiasmo por esse método, afirmando: “O objetivo final na ciência de exoplanetas é identificar mundos habitáveis e sinais de vida. No entanto, métodos anteriores muitas vezes estavam além das capacidades dos observatórios mais recentes. Agora, temos um meio viável de determinar a presença de água líquida em outro planeta, e isso é possível nos próximos anos.”
No entanto, é crucial reconhecer que a presença de água líquida não garante a existência de vida, como os pesquisadores reconhecem. Para abordar isso, eles propõem outra estratégia, inspirando-se na própria Terra. Os cientistas destacam que várias formas de vida na Terra, incluindo plantas e certos micróbios, consomem dióxido de carbono e emitem oxigênio, que pode então ser transformado em ozônio quando exposto à luz solar. Assim como o dióxido de carbono, o ozônio possui uma assinatura distinta que o telescópio James Webb pode detectar. Os pesquisadores sugerem que, ao identificar um planeta dentro da zona habitável que apresenta baixos níveis de CO2 e altos níveis de ozônio, eles podem descobrir um planeta com sinais de vida.
Amaury Triaud, coautor do estudo da UB, explicou: “A presença de ozônio implicaria fortemente o consumo de dióxido de carbono pela vida. Se o ozônio for detectado, isso sugeriria a presença de uma vida abundante em escala planetária capaz de processar quantidades substanciais de carbono e interagir com ele.”
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